Foto captura de tela - Radio Bandeirante
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou guerra após o Hamas lançar um ataque surpresa e de grande escala neste sábado (7), em ação que já é considerada uma das maiores ofensivas contra o país nos últimos anos. Ao menos 40 pessoas morreram, e autoridades dizem que o número de vítimas pode aumentar.
Em
mensagem de vídeo, Netanyahu disse que o grupo extremista islâmico que controla
a Faixa de Gaza pagará "um preço sem precedentes" pela ofensiva, que
teria usado mais de 5.000 foguetes. "Estamos em guerra. Esta não é uma
operação simples", afirmou Netanyahu. O último grande conflito entre
Israel e Hamas foi uma guerra de 10 dias em 2021.
A
ofensiva surpresa combinou a infiltração de homens armados em cidades
israelenses com uma saraivada de foguetes, disparados da Faixa de Gaza. Segundo
as Forças Armadas de Israel, dezenas de militantes se infiltraram por terra,
mar e ar, alguns dos quais com a ajuda de parapentes.
Pelo
menos 40 israelenses foram mortos nos ataques, e outras 740 pessoas ficaram
feridas, segundo a imprensa de Israel, com a ressalva de que os números devem aumentar.
Trata-se
de uma infiltração sem precedentes de um número desconhecido de homens armados
do Hamas em Israel a partir de Gaza, e uma das mais graves escaladas no
conflito israelo-palestino em anos.
A
imprensa israelense relatou tiroteios entre bandos de combatentes palestinos e
forças de segurança em cidades do sul de Israel. O chefe da polícia de Israel
disse que houve "21 cenas ativas" no sul de Israel, indicando a
extensão do ataque.
Em
Gaza, o barulho dos lançamentos de foguetes pôde ser ouvido e os moradores
relataram confrontos armados ao longo da cerca de separação com Israel, perto
da cidade de Khan Younis, no sul, e disseram ter visto um movimento
significativo de combatentes armados.
Também
em Gaza, as pessoas correram para comprar mantimentos, antecipando os dias de
conflito que se avizinham. Alguns deixaram suas casas e foram para abrigos.
O
comandante militar do Hamas, Mohammad Deif, anunciou o início da operação numa
transmissão nos meios de comunicação do Hamas, apelando aos palestinos de todo
o mundo para que lutassem. "Este é o dia da maior batalha para acabar com
a última ocupação na Terra", disse ele.
O
ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que "Israel vai ganhar
esta guerra" e que as tropas do país estão lutando contra o inimigo em
todos os locais. Ele autorizou a convocação de reservistas. Segundo o Exército,
soldados israelenses já estão operando dentro de Gaza.
A
imprensa de Israel informou que homens armados abriram fogo contra pedestres em
Sderot, e imagens nas redes sociais pareciam mostrar confrontos nas ruas da
cidade, bem como homens armados em jipes vagando pelo campo. "Fomos
informados de que há terroristas dentro dos kibutz, podemos ouvir tiros",
disse uma jovem chamada Dvir, do Kibutz Beeri, à Rádio do Exército Israelense,
de seu abrigo antiaéreo.
A
imprensa do Hamas exibiu vídeos do que disse serem corpos de soldados
israelenses trazidos para Gaza por combatentes, e homens armados palestinos
dentro de casas israelenses e percorrendo uma cidade israelense em jipes
supostamente levados a Israel pelos agressores. Também informou que vários
israelenses foram feitos prisioneiros.
Daniela
Kresch, jornalista brasileira radicada em Israel, relata que a ofensiva deste
sábado é diferente de todas as anteriores. "É o primeiro ataque que
acontece simultaneamente por ar e por terra. O Hamas lançou milhares de
foguetes não apenas ao sul, mas também ao norte e ao centro do país, incluindo
Jerusalém."
Ainda
de acordo com Kresch, o Hamas invadiu comunidades israelenses que ficam na
fronteira com Gaza, em Kibutzim, "onde entraram pelas ruas, batendo nas
portas e sequestrando cidadãos, incendiando casas e ocupando a região com
brutal violência".
Segundo
diplomatas, nenhum dos cerca de 30 brasileiros que moram na Faixa de Gaza foi
afetado.
Líderes
internacionais reagiram. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que
condena os ataques contra Israel. "Expresso a minha total solidariedade às
vítimas, às suas famílias e às pessoas próximas delas", escreveu Macron na
rede social X, o antigo Twitter.
Ursula
von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, afirmou no X que o ataque do
Hamas contra Israel "é o terrorismo na sua forma mais desprezível" e
que o país tem o direito de se defender. Josep Borrell, chefe da diplomacia da
União Europeia, disse que "esta violência horrível deve parar
imediatamente".
O
alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Tuerk,
afirmou que o ataque está tendo um impacto "horrível" sobre os civis
israelenses. "Os civis nunca devem ser alvo de ataques. Apelo ao fim
imediato da violência e apelo a todas as partes e aos principais países da
região para que reduzam a escalada para evitar mais derramamento de sangue",
acrescentou.
Um
porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse que os EUA
"condenam inequivocamente" os ataques do grupo islâmico Hamas e estão
firmemente ao lado do governo e do povo de Israel.
A
Rússia expressou preocupação. "Apelamos aos lados palestino e israelita
para que implementem um cessar-fogo imediato, renunciem à violência, exerçam a
contenção necessária e estabeleçam, com a assistência da comunidade
internacional, um processo de negociação destinado a estabelecer uma paz
abrangente, duradoura e há muito esperada no Oriente Médio", disse a
porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.
A
escalada de violência surge num contexto de hostilidade crescente entre Israel
e militantes palestinos na Cisjordânia, que, juntamente com a Faixa de Gaza,
faz parte dos territórios onde os palestinos há muito procuram estabelecer um
Estado. Também acontece num momento de convulsão política em Israel, que tem
sido afetado por profundas divisões sobre as medidas para reformar o Poder Judiciário.
Fonte: Folha de São Paulo
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