Candidato derrotado Massa ameaça renunciar ao ministério da Economia - foto Luis Robayo /AFP
No
dia seguinte à vitória na eleição presidencial, o ultraliberal Javier Milei
voltou a atacar as políticas econômicas de seu adversário na disputa, o
peronista Sergio Massa, atual ministro da Economia. Mas, segundo o presidente
eleito, uma renúncia do governista à pasta, como vem sendo ventilado pela
imprensa argentina, seria uma atitude "extremamente irresponsável".
"Ele
[Massa] deveria assumir o controle do desastre que causou a nível fiscal e
monetário", afirmou Milei nesta segunda (20) à rádio argentina
Continental, segundo o jornal La Nación. O libertário disse que o país está
mergulhado em uma "situação macroeconômica delicada", consequência em
parte de "absurdos" cometidos pelo atual ministro. "Ele deixou a
bomba e foi embora."
De
acordo com a imprensa local, Massa deve renunciar ao cargo após reunião entre o
vencedor da eleição, Milei, e o atual presidente, Alberto Fernández, que deve
ocorrer ainda nesta segunda para iniciar o processo de transição. O presidente
eleito assume o cargo no dia 10 de dezembro.
A
equipe econômica que participará da transição terá o presidente do Banco
Central, Miguel Pesce, e o secretário da Fazenda, Raúl Rigo. Até a manhã desta
segunda, Massa não havia se pronunciado sobre o assunto.
Alberto
Fernández, atual chefe de Massa, se despede do cargo reprovado por oito em cada
dez argentinos e levando a fama de presidente ausente. O resultado mostra que o
descontentamento da população com a situação do país superou a capitalizada
máquina peronista e o medo do extremismo, explorado pela campanha governista
com a ajuda de uma equipe de publicitários brasileiros ligados ao PT.
A
Argentina enfrenta a terceira grande crise econômica em 40 anos de democracia.
A face mais palpável dessa instabilidade é a inflação, que passa dos três dígitos
desde fevereiro e faz os preços subirem quase toda semana. O índice acumulado
em 12 meses na Argentina alcançou 142,7% em outubro. É o maior número desde
1991.
Em relação ao contato que teve com Fernández após a definição do pleito, Milei disse que recebeu felicitações do atual presidente e que o convidou para um encontro ainda nesta segunda para que a transição ocorra da forma mais tranquila possível. "E assim, minimizar os danos à população devido ao que pode acontecer nos mercados [financeiros]", disse o ultraliberal.
Ao
ser questionado se acredita ter obtido o apoio majoritário da sociedade, Milei
disse que há um "verdadeiro despertar para as ideias de liberdade e que os
argentinos se conscientizaram do valor da liberdade". "Felizmente, a
esperança, de cor violeta, venceu o medo", disse, acrescentando ter sido
vítima da "campanha mais suja da humanidade".
Fonte: Folha de São Paulo
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