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O Ministério dos Direitos Humanos (MDH) pagou passagens e diárias para Luciane Barbosa Farias, apontada como integrante do Comando Vermelho, participar de um evento da pasta em Brasília. O Estadão revelou na segunda-feira, 13, que ela se reuniu com autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública e do MDH na capital federal. A última viagem dela foi bancada com dinheiro público. O Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura foi realizado nos dias 6 e 7 de novembro, e Luciane foi convidada a participar como representante do Amazonas.
Em
nota, o Ministério dos Direitos Humanos confirmou os pagamentos e destacou que os
Comitês de Prevenção e Combate à Tortura possuem autonomia orçamentária e
administrativa.
“O
custeio de passagens e diárias foi realizado com recursos de rubrica
orçamentária destinado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania ao
Comitê, que observou as indicações dos comitês estaduais para a participação no
encontro”, disse a pasta, sem responder o valor dos gastos com a integrante do
Comando Vermelho. O nome dela não aparece no Portal da Transparência.
O
pagamento de passagens e diárias foi feito a todos os participantes do evento.
Após a publicação desta reportagem, o MDH afirmou ainda que Luciane foi
indicada pelo Comitê Estadual do Amazonas. “Nem o ministro nem a secretária nem
qualquer pessoa do gabinete do ministro teve contato com a indicada ou mesmo
interferiu na organização do evento que, insistimos, contou com mais de 70
pessoas do Brasil todo e que franqueou aos comitês estaduais a livre indicação
de seus representantes.”
Para
o encontro no Ministério dos Direitos Humanos, Luciane esteve em Brasília pela
terceira vez neste ano. Como revelou o Estadão, antes disso, a “dama do tráfico amazonense”, como é conhecida, teve reuniões
com autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública em março e maio.
Luciane
foi recebida por quatro assessores do ministro Flávio
Dino. Ela conversou com Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos do
ministério; Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de
Políticas Penais (Senappen); Paula Cristina da Silva Godoy, da Ouvidoria
Nacional de Serviços Penais (Onasp); e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de
Inteligência Penitenciária. O nome de Luciane não consta nas agendas oficiais
das autoridades.
Desde
abril de 2022, Luciane se apresenta como presidente da Associação Liberdade do
Amazonas (ILA). Segundo o site da ONG, a entidade atua em favor dos direitos
humanos e fundamentais de presos e familiares de presos. Para a Polícia Civil do Amazoas, contudo, a organização é
financiada pelo Comando Vermelho e trabalha para os interesses da facção.
Condenada
a dez anos de prisão por lavagem de dinheiro, organização criminosa e
associação para o tráfico, Luciane é acusada de ser o braço financeiro do
Comando Vermelho em Manaus, responsável por lavar o dinheiro do tráfico. Ela é
casada com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, um dos líderes da
facção no Estado.
Ao
participar do encontro no Ministério dos Direitos Humanos em Brasília no início
deste mês, Luciane publicou fotos em suas redes sociais. “Seja luz onde Deus te
colocar”, escreveu em uma das publicações.
Em
maio, ela já havia sido recebida na sede do Ministério dos Direitos Humanos
pela coordenadora de gabinete da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos
Direitos Humanos (SNDH), Érica Meireles. O encontro foi registrado por Luciane
nas redes sociais. “Gratidão pelo acolhimento a nossa pauta, doutora”, disse.
Fonte: O Estadão
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