No
Brasil, mais de 70 mil casos e 5 mil mortes são registradas por ano; segundo a
OMS, no mundo cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose a cada ano
O
dia 17 de novembro é lembrado como Dia Nacional de Combate à Tuberculose, uma
das doenças mais antigas do mundo, sendo identificada em múmias do Egito de
3000 anos A.C., em civilizações pré-colombianas do Peru e com grande
disseminação na Europa por volta do século XVIII durante a revolução
industrial.
Apesar
de conhecida há muito tempo, apenas em 1882 foi descoberto o agente causador da
doença pelo médico alemão Robert Koch, sendo identificado como Bacilo de Koch
ou Mycobacterium tuberculosis, nome pelo qual é conhecido atualmente.
“A
forma mais comum da tuberculose é a pulmonar, embora seja importante salientar
que é uma doença que pode também acometer outros órgãos, como linfonodos, ossos
e meninges. Essas manifestações atípicas ocorrem mais frequentemente em
pacientes com comprometimento imunológico, seja ele adquirido ou congênito”,
explica o pneumologista e docente do IDOMED, Daniel Messias Martins Alves
Neiva.
Segundo
o Ministério da Saúde, no Brasil são notificados aproximadamente 70 mil novos
casos e ocorrem cerca de 5 mil mortes em decorrência da tuberculose. Com isso,
o país ocupa a 20ª posição no ranking. E, segundo a OMS, no mundo cerca
de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose a cada ano.
Os
sintomas são tosse persistente (durando pelo menos 3 semanas), febre
vespertina, sudorese noturna e emagrecimento, sendo a tosse o principal
diagnóstico, seca ou produtiva. “Caso a pessoa apresente esses sintomas, é
muito importante que seja investigado para tuberculose com o médico de família,
clínico geral ou pneumologista de referência. Além disso, é preciso que o
serviço de saúde pública tenha conhecimento do indivíduo doente para que sejam
realizadas buscas ativas de outros doentes e contatos”, alerta o médico.
A
tuberculose tem cura e seu tratamento dura, no mínimo, 6 meses e é oferecido
gratuitamente pelo SUS. De maneira geral, são utilizados 4 medicamentos para o
tratamento. “Uma das estratégias para potencializar essa cura é a adesão dos
pacientes ao Tratamento Diretamente Observado, que consiste na observação da
tomada da medicação por um profissional capacitado. Já com 15 dias de
tratamento, a transmissão se encerra e o paciente começa a se sentir bem
melhor. No entanto, não podemos interromper o tratamento neste período”,
sinaliza o professor de Medicina.
Mesmo
após o tratamento para a Tuberculose, pode haver algum grau de sequela, como o
comprometimento da estrutura do pulmão e maior probabilidade de desenvolvimento
de sintomas respiratórios e infecções pulmonares, por exemplo. Por isso é
mandatório que o paciente, após o tratamento para Tuberculose, mantenha o
acompanhamento com profissional de saúde.
“A
Tuberculose é uma doença tratável e prevenível. Temos que buscar identificar
precocemente
as pessoas com a doença para que iniciem o tratamento o mais rápido possível
para reduzir a transmissão. Além disso, políticas públicas em âmbito municipal,
estadual e federal devem ser implementadas globalmente e aperfeiçoadas buscando
uma melhora da saúde e bem estar da população”, explica Neiva.
Contágio
O
pneumologista explica que a tuberculose é considerada uma doença muito
prevalente no mundo e, apesar disso, é negligenciada. É uma doença infecciosa
transmissível, principalmente pela via respiratória, através da eliminação de
aerossóis pela tosse, espirros ou até mesmo pela fala. “O que preocupa muito os
médicos e outros profissionais da saúde é que, em média, uma pessoa não tratada
pode contaminar, em um ano, cerca de 10 a 15 outras pessoas”, alerta.
A
tuberculose não é transmitida compartilhando copos, roupa de cama, assento
sanitário ou outros objetos. O bacilo é sensível à luz e à circulação de ar.
Por isso, se o ambiente tem iluminação direta do sol e é bem ventilado, as
chances de contaminação são reduzidas. “Outro fator que ajuda a reduzir a
contaminação é a etiqueta ao tossir, algo que aprendemos bem durante a
pandemia: tapar a boca e nariz ao tossir, de preferência com o antebraço”,
explica Daniel.
Têm
maior risco de adoecimento por Tuberculose os grupos com baixa imunidade e os
que vivem em condições precárias. Por exemplo: populações indígenas têm até
três vezes mais chances de adoecer; pessoas que vivem com HIV/AIDS têm chances
19 vezes maior de adoecer; já na população carcerária, onde as condições de
saúde e higiene são extremamente precárias, as chances são cerca de 23 vezes
maiores; em populações de rua, por fim, as chances são 54 vezes maiores.
Programas
Nacionais de prevenção
O
Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Sistema Único de Saúde (SUS) oferece
uma vacina que ajuda a proteger contra os quadros graves de Tuberculose, como a
tuberculose meníngea e miliar. Ela é dada por volta do 5º dia de vida da
criança, mas pode ser administrada até 11 meses e 29 dias de vida.
No
Brasil existe um programa público chamado “Plano Brasil livre da tuberculose”,
que através do Ministério da Saúde implementou três pilares para combater a
doença: Prevenção e cuidado integrado e centrado na pessoa, Políticas arrojadas
e sistema de apoio e Intensificação da pesquisa e inovação. O objetivo é que em
2035 aconteça uma redução de 95% das mortes causadas pela Tuberculose no
Brasil, quando comparado com 2015.
Diversas
pesquisas têm sido realizadas buscando tratamentos mais eficazes, com menos
efeitos colaterais e de mais fácil administração. Um exemplo importante é de
uma pesquisa da FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) que busca uma nova medicação
para o tratamento da Tuberculose.
Texto e foto: Ascom/ Voz Atendimento Juazeiro
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