Para
Lula, meta dificilmente será alcançada porque não quer contingenciar obras e
investimentos.| Foto: reprodução/Canal Gov
(*) JR Guzzo
O
déficit nas contas do governo, resultado direto de um poder público que tem
como prioridade máxima, ou como única razão de vida, gastar cada vez mais com
si próprio, é um câncer. É a maior causa da concentração de renda no país –
pela transferência bruta dos recursos da imensa maioria do povo brasileiro para
a minoria que se alimenta do aparelho estatal. Faz os governos aumentarem os
impostos o tempo todo, porque seu único “projeto de país” é gastar mais.
Só
nos dez primeiros meses desse ano, que se completam agora, já arrecadaram mais
de 2,5 trilhões de reais, nos níveis federal, estadual e municipal. Como, ainda
assim, conseguem gastar mais do que arrecadam, vão buscar dinheiro no mercado
de crédito, o que obriga o Banco Central a manter juros altos – e enriquecer
cada vez mais, é óbvio, os milionários que emprestam essa dinheirama toda.
Não
é do interesse político e pessoal de Lula, e nem das forças que o apoiam,
manter as finanças do país numa situação de equilíbrio.
O
déficit impede que o Estado avance um centímetro na melhoria do ensino público,
a única estratégia realmente séria para combater o subdesenvolvimento. Joga
para dentro da máquina pública os recursos que teriam de ser usados na
prestação de serviços à população. Em suma: nada produz mais desigualdade,
pobreza e injustiça social do que o déficit.
Ao
mesmo tempo, nada é mais rentável para os que mandam no Estado e se beneficiam
com o estouro permanente nas contas oficiais. É por isso, justamente, que os
gatos gordos do poder público mantêm há décadas a situação como ela está – e
travam uma luta de vida ou morte pela manutenção e pelo aumento ininterrupto do
déficit. O campeão absoluto dessa filosofia de governo é o próprio presidente
da República – o que dá uma ideia do buraco em que o Brasil está enfiado. Seu
dever mais elementar é manter a integridade das contas do governo, algo
indispensável para o crescimento econômico sadio e qualquer melhora efetiva na
situação dos brasileiros mais pobres. Ele faz exatamente o contrário – não
porque esteja cometendo algum erro técnico, mas por má intenção deliberada. Não
é do seu interesse político e pessoal, e nem das forças que o apoiam, manter as
finanças do país numa situação de equilíbrio. O que quer é licença para
continuar gastando cada vez mais.
É
por isso que Lula acaba de anunciar que não vai cumprir, como é sua obrigação,
a meta fiscal de 2024 – ou seja, já deu por perdidos os dois primeiros anos de
seu governo, e não passou nenhum sinal de que alguma coisa vai mudar para
melhor em 2025. O presidente não expôs uma situação de dificuldade, que o seu
governo vai combater. Ao contrário: disse, com a cara de indignação permanente
que deu para usar, que faz questão de romper a meta.
Ao
lado da sua primeira-ministra Janja da Silva, como tem acontecido em quase
todas as suas aparições em público, afirmou que um rombo de “0,5%”, ou “0,25%”
não significa “absolutamente nada”. Meio por cento de quê, ou de quanto? É um
disparate gratuito. Também disse que não admite cortar “investimentos e obras”
para respeitar a meta fiscal. Sério? Que investimentos? Que obras? Seu governo
não foi capaz de montar, em dez meses, o projeto para construir uma única bica
d’água. Mas quem está interessado na obra? Só há interesse na verba.
A
recepção das declarações de Lula na mídia foi muito ruim – como se já estivesse
começando a haver alguma impaciência com a sua fixação, cada vez mais
esquisita, em espalhar divagações cretinas pelo Brasil e pelo mundo. Uma parte
julgou que o presidente foi irresponsável. Outra parte acha que ele exibiu mais
uma vez sua ignorância sem limites. A tendência é que continue assim. Não há
ninguém, no seu ministério e nas pessoas de sua confiança, com coragem para lhe
dizer que o rei está nu – mesmo porque a maioria tem certeza de que ele não
está nu.
Fonte: Gazeta
do Povo / O Boletim
(*) José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.
Para
ler a matéria na íntegra acesse nosso link na página principal do Instagram.
www: professsortaciano medrado.com e Ajude a aumentar a
nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso. Guarda Municipal de Juazeiro participa de palestra sobre a Lei Maria da Penha e combate à violência doméstica.
Postar um comentário