O que é relativismo moral? É uma filosofia ou a negação dela?


“Cuando soy débil os reclamo la libertad en nombre de vuestros principios; cuando soy fuerte os la niego en nombre de los míos”.

A frase acima é de Montalembert, polemista francês, e resume o que é o relativismo moral.

Em situação de fraqueza, pede-se liberdade, apoiada nos princípios de quem pode concedê-la. No entanto, uma vez alcançado o poder, é possível negar a liberdade por causa dos próprios princípios.

Pensiero debole, em italiano, é pensamento fraco. Esta é a categoria do pensamento que se opõe ao que é forte, representado pela tradição filosófica clássica que reconhece o absoluto, busca o verdadeiro e distingue o falso.

O relativismo moral é a ausência de definições sobre valores objetivos e universais, é a negação de que existe uma verdade para todos. O certo e o errado tornam-se conceitos vagos que variam de pessoa para pessoa, de acordo com sua cultura e criação. Tudo se torna uma questão de ponto de vista e circunstância.

Ninguém está errado. A verdade depende do que cada um considera verdadeiro. O critério se torna subjetivo.

O que é verdade para um, pode não ser verdade para o outro. As pessoas fazem o que sentem que é certo. Assim, o relativismo moral não exige o mesmo padrão de comportamento das pessoas, mesmo que estejam em situações semelhantes.

O fim do bem, do belo e do verdadeiro

A tendência contemporânea vive o relativismo moral. As noções do que é bom, verdadeiro e belo foram desconstruídas.

Ser um relativista moral é pensar que os valores morais dependem do lugar, do tempo, da cultura e das sensibilidades individuais. Por outro lado, não existem valores morais e éticos absolutos, fundamentados no universal.

Os padrões comuns são negados.

Naturalmente, as pessoas têm divergências, o que não significa que não exista uma realidade objetiva. Sem uma experiência comum da realidade, não é possível conversar com o outro.

O relativismo moral é um obstáculo ao diálogo entre os divergentes?

Uma das consequências do relativismo moral é a de não trazer mais o diálogo. A verdadeira tendência que causa é o isolamento das pessoas, além de poder causar mais agressividade.

Quando se tenta mostrar que a percepção de uma pessoa está dissociada da realidade, ela se sente ofendida. Ela se sentirá forçada a um padrão.

Contudo, há espaço para a multiplicidade, mesmo dentro da ordem. Coisas distintas e completamente diferentes podem ser belas, o que não torna tudo belo.

A partir da experiência da realidade, podemos chegar a certezas. É possível ter conhecimento sobre acontecimentos objetivos, que os relativistas negam. O relativismo põe um fim ao juízo de objetividade sobre as coisas.

Alguns exemplos de relativismo moral são atuais e podem esclarecer melhor esta explicação.

A negação da realidade

Basta usar a razão para constatar que comer em excesso é ruim para a saúde. É evidente que o exagero é perigoso e todos podem senti-lo em si mesmos. Há excesso e a razão evidencia que é perigoso. Da mesma forma, não há exceção à regra de que a soma dos ângulos internos de um triângulo é de 180°.

Diante dos fatos da realidade, é possível investigá-los e chegar a conclusões objetivas. Ninguém gostaria de um médico relativista no tratamento de uma doença, por exemplo.

Mesmo em relação à diversidade de fatos repletos de valores diferentes, pode-se aferir se a coisa é verdadeira, se está inserida dentro de uma estrutura lógica. Ela segue o princípio de identidade e de não-contradição?

É possível aferir hábitos que melhoram ou pioram a vida. Se não fosse possível, a medicina, a nutrição, a psicologia e a fisioterapia, por exemplo, não teriam razão de existir. Afinal de contas, a saúde sendo relativa não admite um tratamento objetivo. Nem mesmo haverá uma melhora objetiva, pois as noções de melhor ou pior são abolidas no relativismo moral.

O relativismo é a negação de que a razão pode conhecer a realidade e afirmar algo com segurança.

O que se verifica é que a defesa deste pensamento está mais presente em questões menos relacionadas às coisas práticas da vida.

O debate típico sobre a música

Comparando músicas, é possível aferir obras que foram mais trabalhadas do que outras e que permitem uma experiência humana mais profunda.

É completamente possível divergir sobre a qualidade de diferentes composições. Incoerente é afirmar que todos os tipos de música são bons. Assim, a razão foi excluída do debate.

A diferença está entre tolerar uma opinião diferente e aceitar o erro de forma irrestrita, como se tivesse o mesmo status que a verdade. 

O relativismo causa o indiferentismo nas pessoas, negando que haja uma verdade a ser descoberta.

Esta posição é contrária ao típico espírito de investigador científico, que busca a verdade, a certeza. Muitos cientistas se tornaram relativistas, distorcendo suas pesquisas em favor da conclusão a que queriam chegar.

Para aqueles que adotam esta posição, o que é conveniente tem prioridade sobre o que é verdadeiro.

Ética da conveniência

Estudando o que é o relativismo moral, rapidamente se percebe o tema da ética da conveniência. O pensamento é articulado não em tudo o que é verdadeiro e seguro, mas em conformidade com os fins desejados.

Isto está perfeitamente alinhado com a máxima de Lênin:

“Chame-os do que você é, acuse-os do que você faz”.

Gilbert Harman, um dos principais defensores do relativismo moral, comparou a moralidade aos fenômenos físicos. Como determinar o que está em repouso e o que está em movimento? Depende, isto é relativo ao ponto de vista.

Ele usou esta analogia para explicar como pensa a moral.

Segundo ele:

“Algo só pode ser certo ou bom ou justo apenas em relação a uma estrutura moral e errado ou mau ou injusto em relação a outra. Nada é simplesmente certo ou bom ou justo ou virtuoso”.

Para este autor, e tantos outros que concordam com ele, a explicação relativista é a única que pode oferecer uma explicação mais plausível para uma realidade moral tão complexa.

Pensam que, como não podem conhecer algo universal e seguro, resta-lhes medir todas as coisas de acordo com o que for mais conveniente, mais agradável para si mesmos. Mas não sem problemas.

Quais são os problemas gerados pelo relativismo moral?

Ao aceitar o relativismo moral, esta é a realidade que se apresenta:

Não se busca o bem para vida, porque não há um bem. Deixa-se de buscar os hábitos que elevam a alma, que fazem bem ao ser humano;

Não se busca a verdade para o aprendizado, não se busca o que fundamenta as coisas, distintivo do homem e dos animais, porque nada é verdade, cada um acredita no que quer;

Não se busca a beleza para a contemplação, porque está é uma imposição. No final, quem pensa assim acaba se rodeando do que é feio.

O relativismo traz a perda do diálogo, justamente porque os valores comuns são perdidos. 

A razão é diluída no relativismo. É o reducionismo da inteligência, porque afirma que o ser humano não pode conhecer nada com certeza. Afinal, nada além do campo científico positivo.

O problema de usar a ciência como critério definitivo é que não existe uma ciência única, unânime e incontestável. Nem mesmo se pode dizer que alguém, por ser um cientista, é idôneo, imparcial e justo.

Não é uma tarefa difícil encontrar pesquisas manipuladas. E eis que, em um debate, alguém diz um argumento “científico” e isto deve ser imediatamente aceito, restando apenas revoltar-se contra quem discordar.

Em última instância, o pensamento cristão tem sido hostilizado, porque para os relativistas este é um dos principais grupos que representam a instituição de critérios objetivos de moralidade.

Facilmente, em um debate, surgem os adjetivos “nazista” e “fascista” para demonizar o oponente, mesmo que estas palavras não representem nada do que ele está defendendo.

Exemplos atuais de relativismo moral

Um exemplo impactante envolve os cristãos em cenas da mídia contemporânea. Quando Neymar usou uma faixa na cabeça com a inscrição “100% Jesus”, na Champions League, este gesto foi considerado ofensivo. Feriu os relativistas que consideram a religião como algo fadado ao ambiente privado.

A mera menção religiosa que seja pública é considerada uma imposição de um valor imutável.

Nas Olimpíadas de 2012, as meninas do vôlei brasileiro agradeceram a Deus pela vitória, rezando um Pai-Nosso. Isto foi considerado uma ofensa ao Estado laico. Entretanto, no encerramento da mesma competição, a cantora Marisa Monte vestiu-se de iemanjá e não foi acusada de nada.

Por que estes são exemplos?

Porque os relativistas estão posicionando-se contra a religião e também a seu favor. Contra algumas e a favor de outras. Eles sequer percebem a incoerência da atitude, não raciocinaram sobre elas.

Apenas são guiados pela vontade, sentimento e conveniência.

Na sociedade brasileira atual, a iconografia religiosa, que faz parte da história do país e da vida do povo em sua maioria, é considerada ofensiva e deveria – dizem – ser relegada apenas ao ambiente privado.

Quando, no entanto, imagens sacras são vilipendiadas na parada gay, não há problema algum. Trata-se apenas de uma manifestação e todos devem ser livres para fazer isso.

É assim que funciona o relativismo, não há parâmetro de coerência. O que hoje é verdade, amanhã pode não ser. O que hoje é bom, amanhã pode ser ruim. O que foi defendido, pode ser atacado ainda no mesmo dia.

E o relativismo moral não se reduz apenas a isso. A educação também é afetada.

O problema do relativismo na educação moral

Ao estudar a história do Brasil é comum aprender que os jesuítas oprimiram os índios impondo uma cultura europeia.

Estude mais sobre a história do Brasil. Assista agora mesmo à série A Última Cruzada, com sete episódios gratuitos. O episódio 2 aborda especificamente a situação dos jesuítas.

Para os relativistas, a moralidade ensinada aos índios foi prejudicial e eles não podiam ser civilizados. Aliás, para eles, não se pode sequer falar de civilização; afinal, civilização sob que parâmetro?

Nada fala-se da cultura canibalesca em que os índios viviam, ou sobre as constantes batalhas tribais. Os relativistas negam que os índios perceberam um jeito melhor de viver e que se aliaram aos portugueses.

Por outro lado, Paulo Freire é aclamado. Ao estabelecer um sistema de ensino que não busca a verdade, mas o debate crítico, as pessoas se desacostumaram a buscar a verdade.

Se formadas em direito, por exemplo, o critério das leis passa a ser a vontade e não o estudo do que é bom para todo o gênero humano. Mas a pergunta que fica é: a vontade de quem?

O relativismo moral penetra na legislação, principalmente em matéria de bioética e de família. Elas chegam lá através do relativismo e, quando se instalam, deixam de ser relativistas, pois já se consideram inquestionáveis.

E é isto o que retoma a frase do início deste artigo:

“Cuando soy débil os reclamo la libertad en nombre de vuestros principios; cuando soy fuerte os la niego en nombre de los míos”.

Quando este tipo de relativista se instala no poder, surge um critério definitivo do que é bom e do que é mau com o qual ele mede os outros.

A própria atividade filosófica, que por sua própria natureza busca a verdade, é negada no relativismo.

Qual é a origem do relativismo moral?

Na Grécia, o sofista Protágoras já dizia em sua filosofia que “o homem é a medida de todas as coisas”. Sendo o homem o ponto de referência, as coisas se tornaram relativas à sua vontade.

Conheça as principais ideias de Sócrates. Ao contrário dos relativistas, ele buscou a verdade até a morte.

Mas não havia um sistema sobre o que é o relativismo moral estruturado como o que vemos hoje.

A redução da inteligência humana à aceitação de coisas relativas e não-permanentes teve origem no século XIV. Naquela época, o pensamento nominalista foi propagado e ensinava que a razão humana não podia conhecer a verdade das coisas.

Antes desta tendência, os homens confiavam no senso comum para conhecer a realidade. Acreditavam que a razão podia conhecer a essência das coisas.

O nominalismo aumentou o ceticismo, levando as pessoas a duvidar da própria verdade.

Hoje em dia, a realidade que qualquer um poderia notar apenas usando os sentidos e as abstrações mais imediatas é negada diante da opinião de especialistas, políticos, jornalistas, youtubers e influenciadores em geral.

Não acreditando na verdade, as pessoas aderem à moda e não veem sequer um problema em se comportar sem o mínimo de humanidade.

As proibições relativistas

Não se pode dizer que é melhor ser magro do que gordo, ou que uma mulher não é um homem, ou que algo é melhor do que outro, que a grama é verde ou que o céu é azul.

Os exemplos mais drásticos chegam às afirmações de que um vaso sanitário é uma obra de arte e que homens engravidam. Este é o resultado da luta do relativismo moral contra a verdade.

Aqueles que discordarem são, na melhor das hipóteses, intolerantes, misóginos e homofóbicos.

Neste caso, opor-se ao relativismo é não seguir a onda da moda e da última novidade sem refletir e voltar à busca da verdade com muito afinco e estudo.

Isto não acontece sem complicações, pois é possível notar características autoritárias estudando o que é o relativismo moral.

Em que consiste a ditadura do relativismo?

Nada é reconhecido como definitivo e a última medida não é a verdade objetiva, mas a própria vontade.

A ditadura do relativismo converte qualquer opinião, fundamentada ou não, verdadeira ou falsa, em algo digno de ser vivido e acreditado. No final das contas, serve a um projeto de governo, porque elimina normas comuns e naturais.

A consequência é que o único critério para determinar o que é bom e o que é ruim passa a ser o uso da força. Pode ser a força dos votos, da propaganda ou de outras armas de coerção.

Relativistas usam o relativismo para se elegerem. Eleitos, atacam o relativismo para evitar a perda do poder. Com a mesma intensidade, propagam as próprias ideias como se fossem inquestionáveis.

Atualmente, verdades óbvias são negadas por uma geração apegada a chavões ideológicos, propagandas midiáticas, opiniões mais agradáveis, inclusivas e científicas.

Mesmo sem saber o que realmente significa ser científico, as ideias religiosas, por exemplo, são abolidas da sociedade. São tratadas como indignas de debate ou de qualquer consideração séria.

A defesa sentimental das ideias esconde a insegurança e a falta de referências à falta de um esforço racional genuíno.

A sociedade acaba sendo manipulada sem saber contra quem ou contra o que luta. Portanto, algumas contradições precisam ser esclarecidas.

Os relativistas morais podem acusar os outros de má conduta?

Em última análise, não existe uma má conduta. O que é um agir ruim para alguém pode não ser para o outro. Quando a moralidade se torna fluida e subjetiva, abandona-se a possibilidade de fazer juízos morais.

Um relativista não pode, em última instância, se opor a nada. Ele aboliu a verdade e, em tese, não deveria opor-se ao roubo ou ao assassinato, por exemplo. Afinal de contas, o certo e o errado são questões de escolha.

Quando se está certo de que algo é certo ou errado, não se está sendo relativista.

Os relativistas podem reclamar sobre o problema do mal?

É incoerente defender que o verdadeiro mal existe. Não há um padrão moral, então como reconhecer o mal?

Esta deveria ser uma conclusão transparente e simples. Na prática, os relativistas consideram os discursos dos outros como relativos, não os seus próprios. O que é mal está no outro e não em si mesmos.

Somente o que o outro defende é relativo, o que eles defendem é sólido e deve ser aceito.

Os relativistas podem acusar os outros de intolerantes?

Ora, se alguém discorda é porque possui outra verdade na qual acredita e não aceita todas as outras que sejam diferentes. Por que um relativista se incomodaria com isso? É o relativismo moral aplicado, cada um com o seu.

Porém, quando eles se veem afrontados, acusam os outros de serem intolerantes, mesmo que eles próprios não tenham o hábito de ser tolerantes.

Nestas questões é possível perceber incoerências que poderiam ser resolvidas por meio do trabalho da consciência.

Qual é o papel da consciência frente ao relativismo moral?

A moralidade não pode ser reduzida à uma lista de condutas virtuosas ou viciosas, boas ou más, louváveis ou condenáveis. Não é entregue pronta a um cidadão para ser obedecida com automatismo.

É preciso desenvolver a consciência e ter discernimento pessoal. Cada um, em meio à complexidade da vida, gradativamente alcança a moralidade enquanto busca a perfeição.

Ter consciência moral é conhecer a regra abstrata e fazer a ponte entre a unidade desta regra e a vida concreta, em suas inumeráveis situações nunca antes vividas. Cada pessoa vive uma confluência de contradições e ambiguidades entre seus deveres, intenções, desejos, meios e resultados.

Sem uma consciência treinada na busca da perfeição e da verdade, não é possível viver apenas obedecendo a uma lista de regras. Mesmo a história bíblica está repleta de conflitos angustiantes.

O caminho do bem é uma linha reta, impassível de dúvida, somente do ângulo divino, não do humano. Viver na história é passar por constantes tentativas e erros. Sem a experiência, a névoa das aparências não se dissipa.

A consciência moral não é um objeto que se possui. Adquire-se através da busca da unidade em meio ao caos do dia a dia, resolvendo os conflitos que se apresentam a cada um de uma maneira única.

Um exemplo pode ilustrar bem esta realidade sobre o que é o relativismo moral.

O desenho do edifício

Os códigos sociais de conduta não solucionam o problema moral apenas por existirem e serem conhecidos. São para a consciência de cada um o que o desenho do edifício é para o construtor. Sabe-se como deve ser a obra final, não quais são as etapas para alcançá-la, já que não são únicas.

O problema do relativismo moral é que, precisamente, ele nega que exista uma obra final.

Relativistas não possuem um código de conduta para guiá-los. Seguem valores contraditórios e a forma final é irreconhecível, uma vez que não há nem certo nem errado. A partir disto, derivam problemas insolúveis.

Portanto, não vale a pena lutar por um princípio moral específico diante de um relativista. Ele não está apegado a nenhum valor, nem a um projeto de moralidade final.

O relativismo moral conduz à própria destruição da consciência moral.

Antes de iniciar uma luta entre o bem e o mal, é preciso certificar-se de que não se está contribuindo para isso. Ao debater contra temas específicos, a armadilha pode ser fomentar a confusão, que será descartada depois pelo relativista, e outro debate, sobre outro tema, terá início.

Primeiramente é preciso ser contrário à confusão que eles geram, justamente por causa da ausência de um parâmetro. Sem um estilo de vida intelectual, isto não é possível.

A importância do estilo de vida intelectual na luta contra o relativismo

Para compreender realmente o que é o relativismo moral, é preciso perceber como a consciência moral decaiu. No Brasil, por exemplo, a atividade intelectual se deteriorou. O jornalismo, a comunicação acadêmica e a literatura foram as portas para esta decadência.

O relativismo introduziu na cultura a vontade de simular bons sentimentos e a cultura de demonizar o inimigo. Como consequência, a reflexão séria sobre as ideias encontrou seu fim.

Quando uma pessoa não se esforça para formar sua opinião, não sabe como raciocinar até chegar à conclusão que defende. Por isso, se outro diz o contrário, imediatamente é rejeitado e estereotipado. Não há reflexão sobre o que se ouviu, nem autorreflexão sobre o que se defende.

O relativismo moral afastou as pessoas da vida intelectual e as aproximou das impressões do momento, de modo que não poucos leram o que escreveram no passado sem perceberem que no presente estão dizendo o contrário.

As opiniões relativistas, em geral, são formadas emocionalmente e não através do estudo dos fatos.

Quando alguém cuja opinião foi formada desta forma, debate com outro que estudou, encontra explicações racionais para a defesa de um ponto. Para o relativista, esta explicação pode parecer apenas um pretexto inventado para vencer o debate.

Desta forma, o relativista moral ouve o caminho percorrido em um estudo, que levou à uma sólida conclusão, e se fecha porque pensa estar diante de alguém que quer vencê-lo e humilhá-lo.

Neste caso, como debater?

É possível debater com um relativista?

O relativismo cumpre um papel: diminuir a resistência às ideias não-relativistas, que são, ao contrário, bem absolutas e intransigentes.

Fomentar o relativismo nos princípios e valores não leva necessariamente as pessoas a endossar o relativismo doutrinal, mas as leva a praticar doses de relativismo em discussões.

Com a frequência deste modelo, a tendência dos debatedores não será a de vencer o debate pela verdade. A maior preocupação será a de se mostrar tolerante.

O problema é que o relativista que consegue a tolerância de seu adversário, em regra, não é ele próprio tolerante. Exige abertura para suas ideias, sem estar igualmente aberto para as ideias dos outros.

Há melhores alternativas do que discutir o relativismo. O Professor Olavo de Carvalho recomenda exigir do relativista as provas de que ele adere à doutrina relativista com sinceridade e de que concede a ambas as partes os atenuantes relativistas.

Esta é uma forma de se defender contra os relativistas cheios de ideias absolutas e intolerantes, imunizados contra o próprio ideal fluído.

Por exemplo, gayzistasfeministas e abortistas não estão abertos ao relativismo que conteste as ideias que defendem. Em uma sociedade livre na qual eles tiveram voz, não querem mais que a sociedade se pronuncie contra eles.

Eles precisaram do relativismo para se estabelecerem. Tendo feito isso, lutam para que seja um crime relativizar a autoridade de suas exigências.

É difícil encontrar um relativista que continue assim, mesmo quando já não é mais conveniente para sua política. É mais difícil encontrar um que conceda ao adversário a mesma salvaguarda que ele possui.

Fonte: Artigo publicado, originalmente, pelo Brasil Paralelo em, 26 de abril de 2023.



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