Lula sancionou o reajuste salarial para policiais do DF com vetos a trechos que previam, por exemplo, o aumento do auxílio-moradia.| Foto: EFE/Andre Borges.
(*)
JR Guzzo
Quando
o rei está nu, e só tem em volta de si gente que prefere cair morto a dizer que
ele está nu, é inevitável que vá se transformando numa figura cada vez mais
ridícula. É o caso do presidente da República nos dias de hoje. Uma basbaquice
se soma à outra, e mais outra, e mais outra – até que um dia o casal
presidencial publica, sem ter a menor noção do que está fazendo, um edital para
a compra de 31 colchas destinadas ao seu quarto de dormir.
É
dinheiro deles? Não: os 90 mil reais que Lula e Janja vão gastar com o novo
enxoval saem direto dos impostos que você paga a cada vez que fala no seu
celular, vai a um posto de gasolina ou acende a luz de casa. Além das colchas, vão
comprar lençóis de algodão egípcio (“de 300 fios”), vinte roupões de banho
(“canelados na parte externa e atoalhados na parte interna”), fronhas (também
egípcias, ao que se supõe), e tapetes “felpudos, macios e confortáveis”.
Chegam, até mesmo, a dar o nome de duas lojas onde podem ser comprados os
artigos de sua preferência.
O
Brasil tem imensos problemas, mas não se vê como vai resolver qualquer um deles
se o presidente da República está interessado em colchas, tapetes felpudos e
algodão egípcio.
Em matéria de rei nu, não é fácil ficar muito mais nu do que isso – mas aí é que está, Lula deixou há muito tempo de perceber o papel de palhaço que faz com essas coisas. Vai, então, dobrando a aposta. Agora está nas colchas, nas fronhas e nos lençóis de algodão egípcio; já esteve nos sofás de 60 mil reais.
Onde estará amanhã?
Ninguém fala nada. Ao contrário, qualquer observação quanto à maciça falta de propósito de um negócio desses atrai acusações iradas de “fascismo”, “golpismo” e “inveja com o protagonismo internacional” do presidente – cujo último feito foi se meter na eleição da Argentina e levar uma surra humilhante. Desaparece, então, qualquer contato entre o raciocínio lógico e aquilo que Lula vem fazendo.
Como
é possível alguém precisar de 31 colchas diferentes, ou iguais umas às outras?
Qual o nexo de comprar vinte roupões “canelados” numa hora dessas, quando o
governo só sabe dizer que não tem um tostão no caixa? Quem pode ter redigido um
edital público com essa linguagem – “ótimo acabamento”, “primeira linha”,
“confortáveis”? Não é apenas conversa de novo rico embasbacado. É amador,
impróprio e simplesmente tolo.
A
esquerda em estado permanente de cólera vai dizer que é um crime de lesa-pátria
mencionar essas coisas todas, diante dos imensos problemas do Brasil. Sem
dúvida: o Brasil tem imensos problemas, mas não se vê como vai resolver
qualquer um deles se o presidente da República está interessado em colchas,
tapetes felpudos e algodão egípcio de 300 fios. Lula denunciou a classe média
por querer “mais de uma televisão”. Diz que “33 milhões” de pessoas estão
“passando fome”. Coloca nos “ricos” a culpa por tudo que há de errado neste
país – e daí faz uma licitação dessas. Na vida real, está andando sem roupa no
meio da rua. É esse o seu “protagonismo”.
Fonte: Gazeta
do Povo
(*)
José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro,
colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste,
publicação da qual integra também o conselho editorial.
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