Após
o Tribunal Superior do Trabalho (TST) rejeitar a proposta apresentada pela
CNSaúde na última negociação, os enfermeiros, técnicos em enfermagem,
auxiliares de enfermagem e parteiras de todo o país seguem na tentativa de
encontrar uma solução definitiva para o assunto. Diante de um cenário
conturbado, o Tribunal Superior do Trabalho marcou uma nova reunião na proxima
sexta-feira (17) para mais uma vez tentar um acordo entre a categoria e os
representantes do setor privado.
O
TST não aceitou a proposta apresentada pela entidade patronal na última
negociação unilateral com a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde). Por ter
sido rejeitada a proposição, o documento não foi levado à categoria dos
trabalhadores.
A
CNSaúde propôs o parcelamento dos reajustes por um prazo de até 3 anos. Mas o
vice-presidente do Tribunal, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, considerou a
ideia incapaz de atender aos interesses da Enfermagem e, portanto, foi
descartada.
Em
alguns estados, os profissionais ameçam paralisar as atividades caso o
pagamento não seja efetuado pelas instituições.
Em
Campinas e Atibaia, municípios do interior de São Paulo, por exemplo, o
Sinsaúde informou que os trabalhadores ainda esperam pelo reajuste salarial e
pelo pagamento do Piso Nacional da Enfermagem. No dia 24 de novembro, a
categoria deve ser reunir com os responsáveis pela rede privada e, caso não
cheguem a um acordo, pretendem fazer greve a partir do dia 27 de novembro.
O
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) se manifestou e disse que defende a
aplicação integral do piso salarial em todo o território nacional, conforme
amplamente pactuado e votado no Congresso Nacional. Na opinião do
vice-presidente da instituição, Antônio Marcos, é preciso resolver esse impasse
o quanto antes.
“Se
coloca uma série de dificuldades, inclusive para exercício profissional, quando
demite técnico, quando demite enfermeiro, indo na contramão daquilo que a gente
imagina que é o reconhecimento do profissional com piso, mas é revertido isso
tudo numa melhoria da qualidade da assistência à população brasileira. Os
principais entraves se encontram aí”, analisa.
Repasse
para os municípios
A
Confederação Nacional de Municípios (CNM) demonstra preocupação com relação ao
repasse dos recursos da assistência financeira complementar da União para o
piso da enfermagem referente ao mês de novembro. A entidade esclarece que será
feito o repasse de duas parcelas apenas este mês para garantir a complementação
do 13º salário dos profissionais de enfermagem.
Inicialmente,
a complementação seria em dezembro. Após a alteração das datas, a CNM informa
que os gestores ainda não estão recebendo os repasses da União referentes ao
piso salarial.
Para
a CNM, ainda existe a questão da não-inclusão do recolhimento de encargos
patronais que pode gerar ainda mais desequilíbrio nos municípios, em especial
nas localidades mais pobres. Segundo as estimativas da entidade, realizadas em
setembro de 2022, do impacto global de R$ 10,5 bilhões, ao menos 24% (R$ 2,5
bilhões) seriam pagamentos das prefeituras a título de encargos patronais.
Preocupação
com as prefeituras
O
professor de Direito Tributário do Ibmec Brasilia, Phelippe Toledo traz
uma outra preocupação. O tributarista observa que os gestores municipais correm
o risco de serem responsabilizados, caso não prestem atenção sobre um dado
relevante:
“Com
o aumento do piso, os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, que
estavam numa determinada faixa, podem passar para uma faixa superior, que tem
uma retenção maior do que tinha anteriormente. Em abril de 2024, esses
profissionais terão que declarar os valores recebidos em suas respectivas
declarações de Imposto de Renda, a chamada declaração de ajuste anual. É
importante que os municípios façam a retenção, sob pena de responsabilização
tributária”, alerta.
No
entanto, a CNM lembra que já foi definido pelo STF que o conceito de piso da
enfermagem ‘é a remuneração e não o vencimento’. Portanto, de acordo com a
entidade, as verbas fixas decorrentes do repasse em seus valores brutos
comporão a remuneração do servidor — e, por isso, devem sofrer as
retenções, resultando em um valor líquido a receber pelo servidor menor que o
piso estipulado em norma.
Em
21 de agosto, o Ministério da Saúde fez o primeiro repasse adicional aos
estados e municípios do piso nacional da enfermagem. Até o fim de 2023, foi
definido o pagamento de nove parcelas, incluindo o 13º salário. Os valores
praticados são: enfermeiros: R$ 4.750, técnicos de enfermagem: R$ 3.325 e
auxiliares e parteiras: R$ 2.235.
Fonte: Brasil 61
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