Mais de 100 policiais civis e militares realizaram nesta terça-feira (14) uma operação integrada na região de Valéria, bairro na periferia de Salvador. Segundo a Polícia Civil, o alvo da operação são grupos de criminosos responsáveis pelo tráfico de drogas e homicídios no bairro. Durante a operação, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diversos pontos e ações preventivas ampliadas na região.
Segundo
a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), durante a
operação policiais civis da Coordenação Operações e Recursos Especiais
(CORE) desmontaram três acampamentos utilizados por integrantes de facção na
região. Itens como colchões, roupas, marmitas e calçados foram destruídos.
De
acordo com a SSP-BA, os locais estavam montados em regiões de mata fechada e
eram “utilizados em fugas ou durante ataques contra traficantes rivais por
disputa de ponto de venda de entorpecentes”.
Conforme
a Polícia Civil, essas ações são desenvolvidas em conjunto com o Comando de
Operações Policiais Militares (COPPM), o Batalhão de Operações Policiais
Especiais (Bope), do Batalhão de Patrulhamento Tático Móvel (BPatamo),
Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer), Batalhão de Polícia de Choque
(BPChoque), Rondesp/Central e Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto).
Devido
a operação, o serviço de transporte público no bairro e as aulas nas escolas
municipais foram suspensos. Mais de 300 alunos ficaram sem aula.
Violência
na Bahia
Conforme
o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, estudo realizado pelo Fórum Brasileiro
de Segurança Pública (FBSP), a Bahia é o segundo estado mais violento do
Brasil. Segundo o levantamento, a taxa de mortes violentas intencionais (MVI)
no estado é de 47,1 por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 23,3
por 100 mil.
O
estudo ainda indica que a Bahia possui atualmente o maior número de cidades
violentas do país. Dos 50 municípios elencados na lista, 12 estão na Bahia. São
eles: Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho, Camaçari, Feira de Santana,
Juazeiro, Teixeira de Freitas, Salvador, Ilhéus, Luís Eduardo Magalhães,
Eunápolis e Alagoinhas.
Segundo
o Instituto Fogo Cruzado, em outubro forma registrados 158 tiroteios que
deixaram 123 pessoas mortas e 34 feridas. Entre alguns locais afetados estavam
barbearias, bares, restaurantes, shoppings e residências. Dos 13 municípios que
compõem a Grande Salvador, 11 deles foram atingidos pela violência armada em
outubro.
Para
o especialista em segurança pública e membro do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, Cássio Thyone, esses números refletem o aumento de registros de ondas
de violência que vêm ocorrendo em regiões da capital baiana e em municípios do
interior do estado.
“O
estado da Bahia não tem feito a lição de casa no que diz respeito a tratar a
segurança pública com a prioridade e com as ações assertivas que a gente espera
que o estado viesse a fazer. Os índices de criminalidade na Bahia estão
realmente ruins. São vários índices, não só de crimes letais, como homicídios.
Tem a questão da letalidade da polícia também, feminicídio e outros — além
também de crimes contra o patrimônio, que têm crescido bastante no estado”,
diz.
Segundo
o especialista, além de implementar políticas públicas de segurança eficazes e
a longo prazo, é necessário investir de forma mais inteligente os recursos.
“As
medidas que podem ajudar a reverter essa situação passam necessariamente por
questões como: implantação de políticas públicas de segurança. Além disso, a
atuação empregando inteligência buscando, por exemplo, combater as facções
através de prisões de lideranças, trabalhos que possam minar a questão dos
recursos financeiros dessas facções. A gente tem percebido também, por exemplo,
que a polícia judiciária, a polícia civil, tem passado por um sucateamento
muito grande. Então, falta investimento — em especial nas forças
policiais e a questão de se investir, mas se investir de uma forma mais
inteligente”, explica.
Fonte: Brasil 61
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