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A medida foi aprovada, na véspera, por 52 votos a 18. Sob a condição de anonimato, magistrados da Corte disseram aos colunistas da mídia conservadora que consideraram o apoio de Wagner à proposta é uma “traição rasteira” depois da resistência feita pelo Supremo ao que definiram como “golpe bolsonarista”.
O
voto favorável do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), repercutiu
na manhã desta quinta-feira entre os ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF). Nos bastidores, vários deles protestaram contra o posicionamento de
Wagner, favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os
poderes da Corte.
A
medida foi aprovada, na véspera, por 52 votos a 18. Sob a condição de
anonimato, magistrados da Corte disseram aos colunistas da mídia conservadora
que consideraram o apoio de Wagner à proposta é uma “traição rasteira” depois
da resistência feita pelo Supremo ao que definiram como “golpe bolsonarista”.
O
senador alegou motivos pessoais para concordar com a medida apoiada pela ampla
maioria da oposição bolsonarista, mas sua decisão mina a permanência no cargo
de extrema confiança do presidente Lula, que se encontra diante de um dilema
após ouvir de ministros da Suprema Corte que condicionaram o bom relacionamento
com o Poder Legislativo à permanência de Wagner no posto de representante do
governo, no Senado.
‘Lua
de mel’
o
único senador petista a votar contra o próprio partido, que orientou pelo voto
“não”. A PEC teve três votos a mais do que os 49 necessários à aprovação.
—
Acabou a ‘lua de mel’ com o governo. Traição rasteira. União com bolsonaristas
contra o STF depois de tudo que aconteceu. Jaques Wagner precisa renunciar à
liderança, senão acabou a interlocução com o STF — afirmou um ministro ao
diário conservador carioca O Globo, nesta manhã.
Segundo
os magistrados, Wagner teria apelado para um “truque barato” para conseguir a
votação necessária sem precisar comprometer a bancada do PT que votou em peso
contra a PEC. Em vez de contar com os senadores petistas, Wagner — que é da
Bahia e já chegou a governar o Estado — teria dado os votos dos senadores da
bancada baiana: Otto Alencar e Ângelo Coronel, que são do PSD, partido de base
do governo. “Acham que somos bobos com esse truque barato do PT votar de uma lado
e os aliados da Bahia de outro”, disse um ministro.
Bancada
Os
ministros ainda questionaram a participação do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na manobra.
—
Jaques iria fazer sem o Lula saber? questionou um integrante da Corte.
Na
véspera, Wagner liberou a bancada do PT para votar como quisesse na proposta
que fez com que a votação ficasse para o dia seguinte. Caso a PEC tivesse sido
votada na terça-feira, a oposição teria dificuldades para garantir sua
aprovação. Na ocasião, toda a bancada do PT votou contra o adiamento, com
exceção do líder do governo, que se absteve.
Ainda
antes da votação da noite passada, o ministro da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, afirmou que o tema “não é assunto
do governo”. De acordo com o ministro, discussões como essa, que envolvem
disputas entre os Poderes, não “são temas em que o governo tem posição”.
—
Não é uma questão do governo, por isso o líder do governo em questões como essa
acaba liberando a bancada. Eu fui líder da bancada do partido durante muito
tempo. Você tem que reunir a bancada e tirar uma posição. O governo não pode
ter uma opinião ou orientação sobre um voto num tema em que ele não tratou e
não tratará — esquivou-se.
Com informações do Correio do Brasil
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