Javier Millei em sua posse (foto: Reprodução - Youtube)
O recém-empossado presidente da Argentina, Javier Milei, assinou neste domingo (10.dez.2023) seu 1º decreto como chefe de Estado. No texto, ele oficializou a redução dos ministérios do seu governo. Serão 9. A gestão de Alberto Fernández (2019-2023) tinha 18 pastas.
O enxugamento do 1º escalão havia sido uma promessa de campanha de Milei. Ele criticava o número de ministérios do governo anterior. Na ocasião, afirmou que seriam 8 ministros em seu mandato. Posteriormente, decidiu manter o da Saúde, elevando o total para 9.
Os nomes já eram conhecidos antes da posse deste domingo (10.dez). Foram anunciados progressivamente desde o fim do 2º turno, em 19 de novembro. O último nome oficializado foi o de Mario Russo, justamente para a Saúde.
Milei confirmou que, dos 9 ministérios, 2 serão caracterizados como “superministérios”. Os “superministros” combinarão as funções de vários órgãos: o da Infraestrutura unificará Transporte, Obras Públicas, Mineração, Energia e Comunicações. O de Capital Humano contemplará Desenvolvimento Social, Trabalho e Educação.
Conheça os ministros do governo de Javier Milei:
Luis Caputo – Economia
Luis Caputo é economista formado pela Universidade de Buenos Aires. Tem 58 anos e é conhecido como “Messi da economia”, por causa do retorno da Argentina aos mercados internacionais e financiamento externo.
Começou sua carreira política em 2015, quando ocupava o cargo de secretário de Finanças no governo de Mauricio Macri. Caputo foi nomeado ministro da Economia em 2017 e ficou até 2018, quando foi nomeado presidente do Banco Central da Argentina e ficou 3 meses no cargo.
Além da carreira política, Luis Caputo atuou em duas instituições financeiras do setor privado: o JP Morgan, onde foi chefe de operações no mercado financeiro, e no Deutsche Bank, onde comandou o braço argentino do banco alemão.
O economista, apelidado de “Toto”, estudou no colégio de elite Cardenal Newman, em Buenos Aires, e virou amigo de Mauricio Macri. É também primo de Nicolás Caputo, empresário de construção civil e um dos melhores amigos de Macri.
Patricia Bullrich – Segurança
Patricia Bullrich, de 67 anos, é formada em Humanidades e Ciências Sociais com foco em Comunicação pela Universidade de Palermo. Tem mestrado e doutorado em Ciência Política pela Universidade de San Martín.
Conhecida como a dama de ferro argentina, ela nasceu em 11 de junho de 1956 em Buenos Aires. Concorreu às eleições argentinas no 1º turno pela coalizão de direita Juntos por el Cambio (em português, Juntos pela Mudança), ficando em 3º lugar no pleito com 23,83% dos votos. Declarou apoio a Javier Milei no 2º turno.
Bullrich foi deputada pela cidade autônoma de Buenos Aires de 1993 a 1997 e de 2007 a 2015. Foi ministra da Segurança (2015-2019) do governo de Mauricio Macri. Também já atuou como ministra do Trabalho (2000- 2001) e ministra de Segurança Social (2001).
Embora suas raízes políticas estejam ligadas à esquerda, a candidata à Presidência se apresenta como uma política de centro-direita. Atualmente, ela é presidente do Propuesta Republicana, que integra a coligação Juntos por el Cambio.
Cúneo Libarona – Justiça
Mariano Cúneo Libarona faz
parte do escritório jurídico Estudio Cúneo Libarona, juntamente com seus irmãos Rafael,
Matías e Cristián. Tornou-se conhecido na década de 1990 ao representar Guillermo
Coppola, ex-empresário de Diego Maradona, e em outros casos relevantes,
incluindo a investigação do atentado à Amia (Associação Mutual Israelita
Argentina) em 1994.
Graduou-se em Direito pela
Faculdade de Ciências Políticas, Jurídicas e Econômicas da UMSA (Universidade
do Museu Social Argentino). Obteve o Doutorado em Direito Penal na Universidade
de Salvador, Argentina, em 1985, e posteriormente na Universidade de Salamanca,
Espanha, em 2004. Atualmente, é decano na UMSA, onde também leciona Direito Penal.
Ingressou no Poder Judiciário
Nacional em julho de 1981, no Juizado Nacional de Primeira Instância em Matéria
Criminal, sendo promovido a auxiliar superior na Secretaria nº 139 do mesmo
tribunal em novembro de 1982. Além disso, participou como conselheiro em
programas criminais de televisão, como Kaos en la Ciudad (2003), Policía
Bonaerense (2003) e Código Penal (2004), transmitidos
semanalmente na América TV.
O advogado de 62 anos conheceu
o presidente eleito na empresa Corporación América, em que Milei ocupou o cargo
de economista-chefe até sua posse como deputado em 2021. Cúneo Libarona define
o libertário como alguém com “uma cabeça diferente”.
Ele exerceu a função de
advogado e conselheiro em diversos times de futebol, incluindo o San Lorenzo e
o Newell’s Old Boys. Atualmente, mantém sua atuação como advogado e conselheiro
em outros clubes, como o River Plate e o Racing.
Conforme anunciado por Milei,
o novo ministro da Justiça contará com o apoio de Juan Manuel Berón, analista
financeiro especializado em assuntos previdenciários.
Guillermo Ferraro –
Infraestrutura
Nas eleições de 2023, Ferraro
coordenou a fiscalização nacional da coalizão “La Libertad Avanza”, de Javier
Milei. Anteriormente, em 2009, ele contribuiu nas equipes técnicas do
Ministério da Fazenda do Governo da Cidade Autônoma de Buenos Aires. Seu
currículo inclui também a direção do Banco Bisel de 2003 a 2007.
Além disso, o futuro ministro ocupou a posição de subsecretário de
Indústria de 2002 a 2003, durante a presidência de Eduardo Duhalde, e foi
vice-presidente da Nación Servicios de 2005 a 2007, sob a administração de
Néstor Kirchner. Ele também foi chefe de assessores do peronista Antonio
Cafiero, no Senado. Na década de 1990, participou da Convenção Constituinte
responsável pela reforma constitucional de 1994, que permitiu a reeleição de
Carlos Menem.
Nos últimos 13 anos, o doutor
em ciências econômicas trabalhou como diretor na KPMG Argentina, uma empresa
global especializada em fornecer serviços de auditoria e consultoria.
Em entrevista à rádio argentina Mitre, Ferraro afirmou que seu objetivo à frente do ministério será estimular a participação do setor privado e diminuir a interferência do Estado na área.
Diano Mondino – Relações
Exteriores
A economista foi confirmada
como a nova chanceler argentina a partir de 10 de dezembro, sucedendo a
Santiago Cafiero. É formada em Economia pela Universidade Nacional de Córdoba e
possui mestrado em Economia e Gestão de Empresas pela Universidade de Navarra.
Além disso, completou cursos de finanças e gestão na Columbia Business School e
na Universidade Yale.
Antes da campanha eleitoral de
2023, trabalhou no setor privado e ocupou, no início deste ano, o cargo de
diretora de Relações Institucionais e professora de Finanças no programa de
Mestrado em Administração de Empresas da Universidade Cema, em Buenos Aires.
Também foi Diretora regional
da América Latina na Standard & Poor’s, com base em Nova York, e trabalhou
para empresas como a holding elétrica argentina Pampa Energía, o Banco
Supervielle e a empresa de cimento Loma Negra.
A próxima chanceler argentina
defendeu várias vezes a ideia de criar um “mercado de órgãos” e
propôs alterações na Lei Justina. Essa lei considera doador qualquer pessoa
maior de 18 anos, a menos que haja uma declaração expressa em contrário. A
sugestão é implementar um sistema de doação cruzada, já respaldado na
legislação argentina.
Mondino também já comparou o
casamento homoafetivo a ter piolhos. Em uma entrevista no início de novembro,
afirmou que “filosoficamente”, como liberal, está de acordo com o
projeto de vida de cada um, mas que a questão é “muito mais ampla que o
matrimônio igualitário”.
“Deixe-me exagerar: se você
prefere não tomar banho e ficar cheio de piolhos, e essa é a sua escolha,
pronto. Depois não reclame se há alguém que não gosta de você porque você tem
piolhos”, afirmou.
Sandra Pettovello – Capital
Humano
A jornalista de 55 anos
assumirá o Ministério de Capital Humano, que possuirá o maior orçamento do
governo de Milei. A pasta contemplará as áreas Desenvolvimento Social, Saúde,
Trabalho e Educação.
Sandra Pettovello é formada em
Jornalismo pela Universidade de Belgrano e em Ciências da Família pela
Universidade Austral. Também possui pós-graduação em Políticas Familiares pela
Universidade Internacional da Catalunha, na Espanha.
A jornalista não possui
atuação na maioria das áreas em que chefiará. Em 2022, foi nomeada como vice-presidente
da União do Centro Democrático (Ucede) de Buenos Aires. Nos últimos 10 anos,
trabalhou em um escritório privado de psicologia como consultora laboral e
vocacional.
Pettovello também foi
colunista na Rádio El Mundo e produtora jornalística no La Cornisa de 2001 a
2004.
Guillermo Francos – Interior
Dentre os ministros escolhidos
por Milei até o momento, Guillermo Francos é o que possui mais tempo na
política. O advogado de 73 anos, que assumirá o Ministério do Interior em
dezembro, foi representante da Argentina no BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) de 2019 a 2023, quando renunciou ao cargo para se juntar a
equipe do libertário na campanha.
Formado em Direito pela
Universidade de Salvador, Francos foi vereador de Buenos Aires de 1985 a 1993.
Em 1997, tornou-se deputado nacional pela Cidade de Buenos Aires, cargo no qual
permaneceu até 2000.
O advogado, que conheceu Milei
nos anos 2000, também foi presidente do Banco da Província de Buenos Aires de
2007 a 2011.
Luis Petri – Defesa
O Ministério da Defesa foi o
último definido por Javier Milei. O escolhido foi o advogado Luis Petri, de 46
anos. Ele nasceu em San Martín, cidade na província de Mendoza. É formado em
direito pela Universidad Nacional del Litoral.
Ele foi deputado provincial de
2006 a 2013 e deputado nacional de 2013 a 2021. Nas eleições de 2023, concorreu
nas primárias como pré-candidato para o governo de Mendoza, mas foi derrotado
por Alfredo Cornejo. Depois, concorreu como vice de Bullrich à presidência. A
chapa ficou em 3º lugar no 1º turno.
Segundo a mídia argentina, o nome de Petri foi sugerido por Bullrich. A nomeação de ambos para os ministérios de Defesa e Segurança da Argentina representou uma perda de influência de Victoria Villarruel, vice-presidente eleita. Isso porque, durante as eleições, Milei afirmou que sua companheira de chapa seria a responsável por indicar os nomes de quem comandaria os órgãos.
Mario Russo – Saúde
Russo é formado em medicina
pela Universidade Nacional de Buenos Aires. Foi secretário de Saúde do
município de San Miguel de 2009 a 2025. Assumiu a Secretaria de Governo em
2017.
Em 2021, tornou-se chefe da
unidade coronária da Fleni, uma organização sem fins lucrativos criada para
contribuir para a prevenção e combate contra doenças neurológicas infantis. Ele
também atuou como subsecretário de Coordenação de Políticas e Planejamento de
Saúde no ministério da Saúde da província de Buenos Aires.
Apesar de ter declarado que seu governo teria apenas 8 ministérios, a equipe de trabalho de Milei defende a criação do 9º ministério. Já o libertário quer cumprir sua promessa de campanha de ter apenas 8 ministérios, e transformar a Saúde em secretaria.
Fonte: Poder 360
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