As
condições das rodovias brasileiras podem aumentar o custo do transporte de
cargas e o preço dos produtos. A análise é da Confederação Nacional de
Transportes (CNT), que realizou a 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias. O
levantamento concluiu que 67,5% das rodovias não estão em bom estado. A
pesquisa analisou 111.502 km de malha pavimentada das rodovias federais e dos
principais trechos estaduais e avaliou 67,5% das estradas brasileiras como regular, ruim ou péssima.
Segundo
o estudo, o estado do pavimento é decisivo na estrutura de custos operacionais.
Em rodovias com pavimento péssimo, os custos podem aumentar até 91,5% em
relação a rodovias com pavimento ótimo. Já em rodovias com pavimento ruim, o
aumento é de 65,6%. Para regular, 41,0%, e para bom, 18,8%.
A
pesquisa apontou que 69,5% do pavimento analisado no país possui algum tipo de
defeito, não sendo classificado como ótimo. Considerando a extensão
classificada em bom, regular, ruim ou péssimo, estima-se um incremento médio de
32,7% no custo operacional do transporte rodoviário no Brasil relativo à
qualidade do pavimento.
Na
região Norte, o transporte rodoviário de cargas gasta 42,5% a mais em termos de
custos operacionais do que no caso em que as faixas de rodagem das rodovias
estivessem em estado ótimo. Essa porcentagem é de 28,3% para o Centro-Oeste;
31,7% para o Nordeste; 33,1% para o Sul e 31,7% para o Sudeste.
Foram
encontrados pontos críticos: 207 quedas de barreiras, 5 pontes caídas, 504
erosões nas pistas, 1.803 unidades de coleta com buracos grandes, 67 pontes
estreitas e 62 outros tipos de problemas que atrapalham a fluidez da via.
Entre
os gastos operacionais do transporte rodoviário, o de combustível se destaca,
representando entre 30% e 35% do custo total do transportador, variando
conforme a distância percorrida.
A
condição do pavimento das rodovias impacta o consumo de combustível. Para este
ano, a CNT estima que 1,139 bilhão de litros de diesel serão desperdiçados pela
modalidade rodoviária do transporte nacional.
Entidades
avaliam também que a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca
de alguns pontos da Lei do Motorista deve afetar diretamente a produtividade do
setor e o custo das mercadorias transportadas. O Supremo considerou
inconstitucional a divisão do período de descanso dos motoristas e a
coincidência desse descanso com a parada obrigatória na condução do veículo.
Agora, é exigido um intervalo de 11 horas consecutivas dentro de um período de
24 horas de trabalho.
A
Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística)
estima que a decisão deve aumentar em até 20% o tempo de viagem de cargas no
Brasil. Isso porque os motoristas terão que esperar mais tempo para o
carregamento e fiscalização das mercadorias.
Narciso
Figueroa, assessor jurídico da NTC&Logística, diz que a decisão levará as
empresas a rever os controles de jornada, reorganizar as operações, recalcular
os custos, renegociar contratos com os clientes e, inevitavelmente, aumentar o
preço dos fretes.
"Por
fim, o repasse do custo para o consumidor final, porque o setor transportador
não pode assumir sozinho esse aumento de custo. Ele tem que repassar para o
cliente e o cliente para o consumidor final, porque trata-se de uma cadeia
produtiva", ressalta.
A
entidade também afirma que a decisão deve gerar um aumento nos custos do
transporte de cargas, o que poderá ser repassado aos consumidores.
Outro
impacto da decisão é que ela pode dificultar a contratação de motoristas de
carga. Isso porque os motoristas terão que estar dispostos a trabalhar mais
horas, o que pode reduzir o interesse pela profissão.
Fonte:
Brasil 61
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