Crônica sem título





(*) Carlos Eduardo Leão


A força de um click fotográfico recheia a história de fatos marcantes para povos e nações.


A inspiração para esse texto é a imagem que o ilustra. À medida que desenvolvo meu raciocínio para o discorrer das ideias que tenho a respeito, um detalhe me preocupa. Que título darei a esta crônica?


Por conceito, “título” é o nome ou expressão que se coloca no começo de um livro, artigo, crônica, numa publicação jornalística ou numa peça teatral, filme, música, que pode indicar o assunto ou simplesmente identificar, individualizar a obra ou o trabalho.


Pensei inicialmente em “A VERGONHA”. Vergonha é um sentimento penoso que acomete alguém por alguma falta ou ato indecoroso, vexatório ou despudorado.


Pensei também em “O ACINTE”. Acinte é qualquer gesto, fala, texto, comportamento, expressão, atitude que, de forma intencional, insulte uma pessoa, uma comunidade, um povo ou uma nação.


Aí lembrei-me de “O ESCÁRNIO”. Escárnio é a zombaria, o deboche, o desdém, a troça ou mesmo a ridicularização realizada com o objetivo de envergonhar ou humilhar uma pessoa, uma comunidade, um povo ou uma nação.


“A ABERRAÇÃO” também não me sai da cabeça. Aberração é uma alteração excessiva e perversa de caráter em relação a um modelo, a um padrão ou às regras de comportamento contra uma pessoa, uma comunidade, um povo ou uma nação.


Talvez “A OBSCENIDADE” resuma definitivamente a absurdez desse click histórico. Obscenidade é qualquer ato que caracteriza total degradação dos costumes, que vai do imoral ao ilegal com o tácito objetivo de ferir uma pessoa, uma comunidade, um povo ou uma nação.


Confesso minha total indecisão. Pelo sim pelo não, segue esse texto sem qualquer titulo. Mesmo porque não tenho certeza absoluta de que essas palavras estejam à altura do insigne momento ou não haja na “última flor do Lácio” algo que inspire a força para o título.


A chance do Brasil é que o ignóbil abraço transforme-se em milagre que, por sua vez, traduz-se na materialização do impossível e está firmemente ancorado na fé que os verdadeiros patriotas, não perdemos jamais. A fé é a esperança que nos move meio a essa estranheza que ora vivemos. Paira no ar uma nítida sensação de “déjà vu”, onde desacertos, injustiças, desesperança, abraços e ameaças de todo tipo também campearam outrora.


A simbologia de um abraço pode ser, de repente, o decisivo para a reedição de milagres.


De volta ao título, perdoem-me pela minha abissal decepção em relação à referida imagem que me custou o rótulo desse texto.


Taí! “A DECEPÇÃO”! Poderia ser esse!


(*) Cirurgião Plástico em BH e Cronista do Blog do Leão


Fonte: O Boletim




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