Por Bianca Andrade /Bahia Notícias
Qual
o cenário do forró na Bahia dois anos após o gênero ser reconhecido como
Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan)?
O
título, que foi dado pelo Iphan após doze anos de caminhada independente da
Associação Cultural Balaio do Nordeste e do Fórum Forró de Raiz, trouxe uma luz
para a data 13 de dezembro, que celebra o 'Dia do Forró', em uma referência ao
aniversário de Luiz Gonzaga, mas há quem diga que o holofote para as lutas
dos forrozeiros na Bahia têm perdido força.
Em
entrevista ao Bahia Notícias, Alessandra Gramacho, coordenadora estadual do
Fórum Forró de Raiz na Bahia, informou que desde a data do reconhecimento do
Iphan até os dias de hoje, a luta é constante para que o forró seja protegido
como o patrimônio ao qual ele recebeu o título.
Segundo
a forrozeira, os Detentores da Comunidade Forrozeira, organizada através do
Fórum Nacional do Forró de Raiz e de vários fóruns estaduais na Região Nordeste
e Sudeste, aguardam o Iphan iniciar os encontros de salvaguarda com o núcleo da
Bahia, baseado nas propostas entregues pela classe, já que em outros estados o
pontapé foi dado no início do ano.
"Seguimos
lutando por Políticas Estruturantes para o Forró: política de estado baseada em
leis, cuja execução é realizada permanentemente, apesar do interesse dos
governantes em exercício em vez de Políticas de Governo", afirmou.
Um
dos pleitos dos forrozeiros é a revisão da Lei da Zabumba, projeto do deputado
Zé Neto (PT), aprovado pela Assembleia Legislativa em 2015, que previa uma cota
de 60% do total dos recursos destinados a artistas para aqueles que valorizam a
cultura regional em festas como o São João e o Carnaval.
"Solicitamos
do governo a revisão e a sanção da Lei da Zabumba para fortalecer a inclusão do
Forró nos palcos juninos do interior da Bahia e uma lei de fomento ao Forró
como a de São Paulo, com edital que contemple as diversas matrizes do forró
para além do período junino e julino."
Em
junho deste ano, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou em regime de
urgência a lei Luiz Gonzaga 3083/2023, que prevê destinar 80% de recursos
públicos para festividades juninas em too território nacional, visando a valorização
do forró.
A
lei, que se assemelha a proposta feita em 2015, foi aprovada a poucos dias do
São João. O projeto de autoria do cantor Armandinho, da banda Fulô de
Mandacaru, foi apresentado pelo deputado pernambucano Fernando Rodolfo (PL). Na
PL, a ideia é que os 20% restantes da verba direcionada para a festa popular,
seja destinada a contratação de atrações de outros ritmos musicais, para
mostrar a pluralidade da cultura junina.
Para
Alessandra, a lei aprovada em junho deste ano é uma forma de reparaãção aos
anos que artistas do gênero perderam espaço nas festas. "É mais um
instrumento para salvaguardar o bem, que também pode se classificar como lei
para reparação, já que perdemos palcos, poder de produção e difusão, e o
público também, que perdeu o direito de ouvir e disfrutar de sua cultura",
afirma.
A
luta pelo reconhecimento estadual passa ainda por um processo inédito
apresentado em 2022, durante uma sessão extraordinária realizada em Cachoeira,
no recôncavo baiano, para tornar o estado como o primeiro a obter o Registro de
Patrimonizalização das Matrizes Tradicionais do Forró.
O
processo, que teve a frente o conselheiro e presidente da CPHAAN, do Conselho
Estadual de Cultura da Bahia (CEC-BA), Táta Ricardo Tavares, foi aberto junto
ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e segue em
andamento até que tenha uma definição para retornar a Assembleia.
Ao Bahia Notícias, Táta, que está em viagem pela África, explicou brevemente quais serão os próximos passos para o reconhecimento. "Foi solicitado a abertura do registro especial pelo presidente da Câmara de Patrimônio do Estado da Bahia. Agora a gente está aguardando o Ipac concluir o processo para devolver a Câmara de Patrimônio, para que a gente emita o parecer e vote no Conselho Estadual de Cultura a aprovação. Uma vez aprovado no Conselho, ele segue para o gabinete do governador para sancionar."
Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR
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