Um
dos setores industriais que menos contribui para a geração de gases de efeito
estufa (GEE) é a mineração. Hoje, no Brasil, ela é responsável por apenas 0,5%
das emissões. Ainda assim, o setor se preocupa com o assunto. O Instituto
Brasileiro de Mineração (Ibram), em parceria com representantes nacionais e
internacionais, criou o Mining Hub — o primeiro eixo de inovação do setor que
busca estimular e analisar a criação de soluções sustentáveis dentro das
atividades tradicionais de mineração.
Em
debate no estande da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Dubai, durante
a COP28, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, o diretor-presidente
do Ibram, Raul Jungmann, explicou a iniciativa. “Temos um cluster de
desenvolvimento aberto de tecnologia da informação (TI) que analisa o
inventário da nossa pegada de carbono e, a partir daí, estabelecemos quais
serão nossas metas para os próximos anos.”
Os
investimentos das empresas vão de pesquisa até a transformação de modelos de
produção e extração de minérios, mas, principalmente, a substituição da matriz
energética.Um exemplo disso é o que vem fazendo a mineradora
Vale. Preocupada com a meta de não deixar o aquecimento na temperatura
global passar de 1,5ºC até 2030, proposta pelo Acordo de Paris, a
empresa e seus parceiros definiram metas.
Segundo
a gerente geral de Mudanças Climáticas da Vale, Vivian Mac Knight, houve um
movimento para tentar entender o que é necessário fazer para reduzir essa
emissão. Isso fez com que as empresas se preparassem em termos de governança.
“Hoje todas as áreas discutem o assunto e as empresas já sabem o que é preciso
fazer para que essa meta seja cumprida. O ponto que paira no ar é: isso precisa
ser economicamente viável.”
O
que já está sendo feito com sucesso
Na
prática, a gerente explica que a empresa já vem fazendo substituições
sustentáveis por recursos existentes no mercado. “Já estamos trocando o
antracito por biocombustível, pelo biocarbono — que é uma tecnologia que já
testamos e já funcionou. Neste momento o foco é trocar os combustíveis fósseis
por combustíveis renováveis.”
Segundo
a gerente, a conclusão é que no Brasil dá pra consumir energia elétrica de
fontes renováveis, sim. “A gente se comprometeu em eliminar as emissões de
escopo dois, ou seja, consumir energia elétrica apenas de fontes renováveis até
2023 globalmente e até 2025 no Brasil. A boa notícia é que a gente conseguiu já
quase que resolver o escopo 2 Brasil. E apesar da meta estar para 2025, a gente
já conseguiu em 2021 consumir 99% de fontes renováveis, mirando atingir os 100%
ainda este ano.”
Internacionalmente
ainda existem desafios, já que muitos países usam combustíveis para gerar
eletricidade. Para ela, a vantagem da definição de metas é justamente gerar as
discussões e criar estratégias para se atingi-las.
Adaptação
das empresas às mudanças climáticas
Maior
empresa do país na produção de alumínio, a Hydro se preocupa não só com as
ações dentro da companhia, mas também nas localidades onde atua. Para isso, a
integração entre os setores público e privado é fundamental, como explica o
diretor de Sustentabilidade da empresa, Eduardo Figueiredo.
“A
importância de fazer o planejamento para a adaptação de mudanças climáticas das
cidades onde a gente atua, porque ali os riscos, mesmo que não sejam
diretamente ao impacto na nossa produção, vão cair no nosso colo, se o
município não tiver capacidade ou resiliência, isso vai acabar impactando na
empresa. Por isso, a gente trabalha em parceria com os governos, que têm uma
capacidade crescente de atuação, mas a empresa precisa fazer parte
disso.”
Fonte: Brasil 61
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