CAIRO/GAZA (Reuters) - Dezenas de milhares de famílias palestinas já desalojadas voltaram a fugir, nesta quinta-feira, em um novo êxodo em massa no centro de Gaza, onde as forças israelenses, que estão montando um grande avanço, bombardearam áreas repletas de pessoas expulsas do norte. As informações são dos jornalistas Nidal al-Mughrabi e Bassam Masoud.
Mais
ao sul, as forças israelenses atingiram a área em torno de um hospital no
coração de Khan Younis, a principal cidade do sul da Faixa de Gaza, onde os
moradores temiam um novo avanço terrestre em território lotado de famílias que
ficaram desabrigadas em 12 semanas de guerra.
Israel
intensificou sua guerra terrestre em Gaza de forma acentuada desde pouco antes
do Natal, apesar dos apelos públicos de seu aliado mais próximo, os Estados
Unidos, para que a campanha fosse reduzida nas últimas semanas do ano.
O
foco principal dos combates está agora nas áreas centrais ao sul dos pântanos
que dividem a Faixa, onde as forças israelenses ordenaram que os civis saíssem
enquanto seus tanques avançavam.
Dezenas
de milhares de pessoas que fugiram dos enormes distritos de Nusseirat, Bureij e
Maghazi, na região central de Gaza, estavam indo para o sul ou para oeste na
quinta-feira, para a já sobrecarregada cidade de Deir al-Balah, ao longo da
costa do Mediterrâneo, aglomerando-se em acampamentos de tendas improvisadas
construídas às pressas.
"Mais
de 150.000 pessoas - crianças pequenas, mulheres carregando bebês, pessoas com
deficiência e idosos - não têm para onde ir", disse a principal
organização da ONU que opera em Gaza, a UNRWA, em uma postagem na mídia social,
condenando o que chamou de "deslocamento forçado" sob as ordens de
retirada israelenses.
A
parte oriental de Bureij foi palco de combates pesados na manhã de
quinta-feira, com tanques israelenses avançando pelo norte e pelo leste,
disseram moradores e militantes.
"Esse
momento chegou, eu queria que isso nunca acontecesse, mas parece que o
deslocamento é obrigatório", afirmou Omar, de 60 anos, contando ter sido
forçado a se mudar com pelo menos 35 membros da família.
"Estamos
agora em uma tenda em Deir al-Balah por causa dessa brutal guerra
israelense", disse ele à Reuters por telefone, recusando-se a dar um
segundo nome por medo de represálias. "Israel está matando médicos,
influenciadores de mídia social, jornalistas e civis."
Yamen
Hamad, que vive em uma escola em Deir al-Balah desde que fugiu do norte, disse
que os novos refugiados que chegavam de Bureij e Nusseirat estavam montando
barracas onde quer que houvesse terreno aberto. Alguns fugiram de áreas para as
quais Israel os havia alertado, outros vieram sem esperar por um aviso.
Com
a comida acabando, ele disse que fez uma viagem perigosa até Rafah, perto da
fronteira egípcia, para comprar um saco de 25 kg de farinha para sua família.
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