Fernando Haddad tem sofrido
críticas do PT por insistir na defesa do chamado “déficit zero”.| Foto: André
Borges/EFE
(*) JR Guzzo
O
PT está vivendo mais um dos seus grandes momentos como PT – o partido
eternamente fascinado em examinar os erros que cometeu no passado para repetir
cada um deles no presente, em edição revista e piorada. A palavra “erro”,
naturalmente, se aplica aos interesses da população brasileira, a quem o
partido de Lula sempre escala para o papel do “mané” que perdeu e tem de
sustentar, com seu trabalho e com seus impostos, a prosperidade dos gatos
gordos da máquina estatal.
Para
o PT, cada erro é uma alegria: o brasileiro quebra a perna, mas eles enchem o
bucho. Está acontecendo mais uma vez agora, com a guerra que as lideranças do
partido declararam ao projeto de déficit zero para o orçamento de 2024 – meta,
pelo menos nos discursos, do próprio governo e do ministro da Economia,
Fernando Haddad.
Na
vida real o dinheiro da dívida vai direto para o bolso dos condes, barões e
marqueses da máquina estatal – esses que ganham a partir de 30 mil reais por
mês.
O
Brasil já sofreu, no delírio do governo de Dilma Rousseff, os efeitos da
hostilidade ao equilíbrio fiscal: recorde de desemprego, recorde de retrocesso
e recorde de recessão – a pior da história econômica do Brasil. O PT, com seu
ataque ao projeto Haddad, acha que está na hora de começar tudo outra vez. O
lema que inventaram, agora, é: “Déficit é vida”. Vida para eles. Para o cidadão
é suicídio.
Rombo
fiscal, para quem está na fila do ônibus às 5 horas da manhã, significa só mais
desemprego, mais inflação, mais recessão, juro mais alto, menos consumo. Não se
pode esperar resultado diferente, porque a ideia do atual comando partidário se
baseia numa mentira dupla – é mais uma dessas coisas que não dão certo porque
não podem dar certo.
Antes
mesmo de começar seu governo, Lula arrancou do Congresso e do STF uma permissão
fraudulenta para gastar 170 bilhões a mais do que poderia em 2023.
A
primeira mentira é que o déficit vai se traduzir “em obras” para a população –
o governo, segundo dizem, fica devendo, e com o dinheiro da dívida constrói
casas para os pobres etc. etc. etc. Mas não se faz “obra nenhuma”, nunca.
Anunciam que vão gastar com o “PAC” e outras miragens. Na vida real o dinheiro
da dívida vai direto para o bolso dos condes, barões e marqueses da máquina
estatal – esses que ganham a partir de 30 mil reais por mês e acham uma
miséria.
A
segunda mentira é que a redução do déficit público só interessa ao “mercado
financeiro”. É exatamente o oposto. Desordem fiscal é juro alto, direto na
veia; quanto mais o governo deve, mais caro os detentores de dinheiro vão cobrar
para “rolar” suas dívidas. Por acaso algum banqueiro já reclamou, por uma vez
que fosse, do déficit público no Brasil? Claro que não; acham que déficit “é
vida”.
O
ministro Haddad deu um argumento matador em defesa do déficit zero em 2024: nos
últimos dez anos, o Brasil acumulou 1,7 trilhão de reais (isso mesmo, trilhão)
em déficit, e o país não cresceu, não gerou mais emprego, não construiu mais
obras e, acima de qualquer outra coisa, mantém o pobre tão pobre como sempre
foi. Segundo o próprio Lula, há “33 milhões de pessoas passando fome no
Brasil”. Mas o déficit público já não deveria ter acabado com esse horror? Pois
é – não acabou. Nem seria preciso falar em 10 anos. Basta ver o que aconteceu
neste ano em estamos vivendo.
Antes mesmo de começar seu governo, Lula
arrancou do Congresso e do STF uma permissão fraudulenta para gastar 170
bilhões a mais do que poderia em 2023. Fez o que com essa montanha de dinheiro?
Torrou em 15 viagens pelo mundo em onze meses, ficando em suítes de 500 metros
quadrados. Sua mulher comprou lençóis, roupões de banho e sofás. O resto está
na nuvem.
Fonte: Gazeta do Povo
(*) José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.
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