Foto divulgação
Depois
do afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência
da CBF, o
ex-secretário-geral da confederação Alcino Reis Rocha continua a falar em nome
da Confederação Brasileira de Futebol e a se comunicar com entidades
internacionais de futebol. Ele é ligado ao PC do B, que foi ao STF nesta 5ª feira (28.dez) questionar o
afastamento de Rodrigues.
Oficialmente,
quem ocupa o cargo é Caio Rocha, nomeado pelo interventor José Perdiz, que
assumiu o cargo em 12 de dezembro. O Poder360 teve acesso, no
entanto, a uma troca de e-mails de Alcino Reis Rocha com representantes
da Fifa (Federação
Internacional de Futebol) e da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol)
iniciada em 24 de dezembro.
Rocha disse aos representantes da Fifa e da Conmebol que a “séria crise que a CBF enfrenta” é resultado de uma “absurda e indevida intervenção externa, que contradiz a autonomia da entidade”. Como os e-mails obtidos pelo Poder360 provam que ele segue se apresentando num cargo que não ocupa mais, pode haver alguma implicação legal nessa atitude.
O
e-mail, enviado na 3ª feira (26.dez), foi uma resposta a uma carta enviada pelas entidades internacionais à CBF em 24 de
dezembro com um alerta para possíveis sanções ao futebol brasileiro. Eis
a íntegra (PDF – 133 kB).
A
Fifa proíbe que as confederações associadas tenham interferências “externas” como
decisões da Justiça comum, por exemplo –como foi no caso do afastamento de
Ednaldo Rodrigues.
“Fifa
e Conmebol gostariam de enfatizar fortemente que, até que essa missão ocorra,
nenhuma decisão que afete a CBF, incluindo eleições ou convocação de eleições,
será tomada. Caso isso não seja respeitado, a Fifa não terá outra opção senão
submeter o assunto ao seu órgão decisório relevante para consideração e
decisão, o que também pode incluir uma suspensão”, diz trecho da carta.
Uma
delegação da Federação Internacional de Futebol deve chegar ao Brasil na semana de 8 de janeiro de
2024 para entender exatamente o que está se passando. Na sequência, haverá
eleição do novo presidente da CBF ainda em janeiro.
No
e-mail, o ex-secretário Alcino Rocha afirmou, ainda, que aguarda a confirmação
da chegada da delegação das entidades e se colocou à disposição para “quaisquer
medidas necessárias”.
O
QUE DIZ ALCINO ROCHA
O Poder360 procurou
o ex-secretário-geral da CBF, Alcino Rocha. Ele confirmou que continua a se
comunicar com a Fifa e com a Conmebol porque as entidades “não reconhecem
a intervenção externa” na confederação.
“A
Fifa e a Conmebol que me tratam como secretário-geral, já que não reconhecem
nenhuma decisão do Interventor. Apenas respondi ao e-mail deles, dando ciência
que dei conhecimento da carta enviada a todas as partes interessadas”, disse
Alcino ao Poder360.
Rocha
afirmou, também, que não acompanha a ação do PC do B no Supremo, mas confirmou
que participou das tratativas iniciais “apresentando as partes para
estabelecerem uma interlocução”.
O
QUE DIZ A CBF
O Poder360 procurou
a Confederação Brasileira de Futebol para pedir um posicionamento. Via e-mail,
a CBF indicou o contato de Rodrigo Paiva, diretor de Comunicação e um dos
principais aliados de Ednaldo Rodrigues. Até o fechamento desta reportagem, ele
não havia respondido. O espaço segue aberto e será atualizado em caso de
eventual manifestação.
ENTENDA
O CASO
Ednaldo
sofria, havia meses, uma série de pressões internas na CBF que se
intensificaram com o mau desempenho da seleção brasileira nas eliminatórias
para a Copa do Mundo. Acusações de mau uso dos recursos da confederação vieram
a público, impulsionadas por opositores de Ednaldo e embasadas em documentos vazados aos quais o Poder360 teve
acesso.
Enquanto
o processo do MP do Rio tramitava, o então presidente da CBF, Rogério Caboclo,
foi afastado do cargo por acusações de assédio sexual e moral contra
funcionárias –os casos foram arquivados posteriormente, em outubro de 2022.
Ednaldo
Rodrigues, vice de Caboclo, assumiu interinamente e assinou, junto ao MP, um
TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). O TAC possibilitou sua eleição formal em
março de 2022 para um mandato de 4 anos. Esse acordo foi considerado ilegal pelo Tribunal de Justiça do Rio
em decisão proferida em 7 de dezembro.
Fonte: Poder 360
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