Senador Sergio Moro (União Brasil-PR)| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
(*)
JR Guzzo
Os
“pigmeus do Senado”, como são chamados pelo ministro Gilmar Mendes, aprovaram a
nomeação de Flávio Dino para reforçar a célula política em que se transformou o
Supremo Tribunal Federal. Há 129 anos o governo não perde numa votação dessas; confirmou
o apronto e ganhou mais uma vez. Muda alguma coisa? Muda para pior, claro,
levando-se em conta que o novo ministro é uma agressão ambulante à liberdade.
Como
ministro da Justiça de Lula, foi o marechal-de-campo da repressão política do
governo. É um inimigo declarado da livre expressão, que considera uma atividade
análoga à delinquência social. Sua cabeça gira em torno das ideias de proibir,
punir, prender, cassar, indiciar, tocar a Polícia Federal em cima. Mas nada
isso realmente altera o produto da operação. A grande maioria dos outros
ministros é igual a ele; uns até fingem que não são, mas na hora de decidir dá
na mesma.
Dino
vai tornar o STF mais extremista do que é na perseguição à “direita”, na
anulação das leis que o Congresso aprova e na sua guerra contra os direitos e
as liberdades.
O
Brasil não tem mais, há pelo menos cinco anos, um Tribunal Superior de Justiça,
como se exige em todas as democracias. O que há, no lugar disso, é um partido
político totalitário que se juntou com o presidente da República e o seu
sistema de forças para governar o Brasil em sistema de consórcio fechado. Dino
vai tornar o STF mais extremista do que é na perseguição à “direita”, na
anulação das leis que o Congresso aprova e a esquerda não admite, e na sua
guerra permanente contra os direitos individuais e as liberdades públicas.
Mas
o Supremo, no seu todo, continua tão morto como estava na sua condição de
provedor de justiça para o país e de protetor para a Constituição. É difícil
que fique mais morto com o novo ministro. Lula e seus sócios tinham 8 na 2 no
plenário. Agora têm 9 a 2. Vão continuar mandando num regime que não tem povo,
não tem ordem jurídica e não tem nada para lhe dar suporte fora do Exército – e
de uma manada de pigmeus políticos que estão à venda em tempo integral.
A
estatura real dessa aglomeração de apoio à Lula pode ser medida pelo senador
Sergio Moro. Não só votou a favor de Flávio Dino, quando teria a obrigação de
votar contra, mas quis esconder seu voto – e, pior que tudo, não conseguiu. Uma
imagem captada na tela do seu celular provou qual foi realmente a sua conduta:
com medo da indignação em massa das redes sociais (essas, justamente, que o
novo ministro quer censurar), Moro fugiu para o esconderijo do voto secreto.
O
senador do Paraná está querendo ver se salva o próprio couro – está na lista
dos dez mais procurados pela Gestapo eleitoral operada hoje no STF e seus inimigos
ali estão com “sangue nos olhos”, como diria o ministro Alexandre de Moraes.
Quem sabe concordem em comutar sua pena – de cassação do mandato para serviços
forçados em favor do governo? É essa a democracia que foi salva por Lula e pelo
STF.
Fonte: Gazeta
do Povo
(*) José Roberto Guzzo,
mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos
jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da
qual integra também o conselho editorial.
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