Um
milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil. As mulheres apresentam piores
desfechos em todas as etapas de cuidado. A estimativa é do Ministério da Saúde,
segundo dados do Relatório de Monitoramento Clínico do HIV. Enquanto 92% dos
homens estão diagnosticados, apenas 86% das mulheres possuem diagnóstico; 82%
dos homens recebem tratamento antirretroviral, mas 79% das mulheres estão em
tratamento; e 96% dos homens estão com a carga viral suprimida – quando o risco
de transmitir o vírus é igual a zero – mas o número fica em 94% entre as
mulheres.
O
diretor do Instituto Luiz Gama, Júlio César Silva Santos, acredita que o
fato de as mulheres estarem cada vez mais subjugadas no campo da
sexualidade, da proteção e das informações, acaba tornando-a o público
mais vulnerável.
“A
gente vem observando cada vez mais meninas com 12, 11, 10 anos engravidando.
Existe uma cultura que a maior preocupação é ter filhos — e não a possibilidade
de contrair uma doença venérea, no caso HIV também. Então é preciso superar a
barreira da ignorância para que tenhamos um menor grau de infecção entre as
pessoas negras — e consecutivamente também da mortalidade”, destaca.
População
negra é a mais atingida
O
levantamento mostra que, além das mulheres, as pessoas negras também fazem
parte do público mais afetado pela doença. Conforme o novo Boletim
Epidemiológico sobre HIV/aids apresentado pelo Ministério da Saúde, do total de
61,7% das mortes, a maior parcela é de pessoas negras (47% em pardos e 14,7% em
pretos), enquanto 35,6% são brancos. Cerca de 30 pessoas faleceram de aids por
dia no ano passado.
Para
o médico infectologista Hemerson Luz houve sim uma mudança significativa
da população afetada pela doença. “Um índice maior de infecções e mortes ocorre
entre negros e negras. Isso pode ser explicado pelo maior número de barreiras
para essa população alcançar os serviços de saúde e ter informações seguras
sobre a doença”, explica.
Além
disso, o especialista acredita que o acesso da população em geral aos métodos
diagnósticos, preventivos e ao tratamento, contribuem para esse resultado.
“Isso tem um impacto muito grande na mortalidade em geral, como observamos na
última década”, conta.
Na
opinião do diretor do Instituto Luiz Gama, Júlio César Silva Santos, por conta
das limitações sociais as pessoas negras têm menos acesso à informação. “Como
nós temos nas grandes periferias uma concentração maior de pessoas negras e com
pessoas que cada vez mais têm um acesso menor à informação, então a incidência
dessas pessoas ficarem sujeitas a contrair o HIV é maior e com o sistema
imunológico menos protegido, a tendência dos problemas eles são maiores ainda”,
esclarece.
Falta
de investimentos
O
médico infectologista Francisco Jo, diz que o Brasil parou de investir nos
programas voltados para certas doenças como a aids/HIV. Segundo o especialista,
o governo deixou de lado estratégias importantes como a Busca Ativa — visitas
de rotina nos diferentes setores que compõem os serviços de saúde, com o
objetivo de identificar e investigar doenças e agravos de notificação
compulsória.
“Ela
era mais frequente numa época em que nós tínhamos um maior contato do programa
com a atenção primária e a atenção primária fazia a Busca Ativa por ter uma
maior capilaridade. Com o empobrecimento da população e a desestruturação tanto
do programa quanto da atenção primária em diversos lugares do país, nós estamos
fazendo muito menos diagnósticos, principalmente entre os mais pobres, onde a
população negra é a grande maioria”, lamenta.
A
enfermeira e Mestre em Saúde Coletiva, Epidemiologista, especialista em
política, planejamento e Gestão em Saúde pública, Aline Almeida da Silva,
acrescenta um outro fator: “Às vezes tem questões também de estigma,
discriminação e racismo que precisam ser combatidos nos estabelecimentos de
saúde para que a gente consiga captar as pessoas pretas e pardas”, pontua.
Evolução
da doença
Para
o médico infectologista Hemerson Luz, as políticas públicas precisam
acompanhar a evolução da doença. “Isso reflete uma necessidade do Ministério da
Saúde adaptar campanhas e facilitar o acesso de forma democrática a essa
população mais vulnerável, levando métodos diagnósticos, preventivos,
profilaxia pré-exposição e tratamento para todos, derrubando barreiras que
podem ser sociais ou mesmo um racismo nessas situações”, aponta.
Ele
ainda acrescenta: “Ao dar prioridade para testagem entre as classes D e E, nós
teremos a possibilidade de fazer diagnóstico precoce, tratamento precoce e,
portanto, diminuir a transmissão”, esclarece.
Não
menos importante, a enfermeira e Mestre em Saude Coletiva, Epidemiologista,
especialista em política, planejamento e Gestão em Saúde pública, Aline Almeida
da Silva, lembra da importância prevenção através da educação.
“A
forma de diminuição dos casos perpassa pela educação, educação e saúde, que
deve ser trabalhada em vários níveis pensando também nessa integração com as
universidades, com as organizações civis, da organização civil, trabalhar com
os profissionais de saúde para que se amplie a capacidade para a execução de
ações de promoção, a integração com as escolas”, salienta.
A
Organização das Nações Unidas (ONU) definiu metas globais: ter 95% das pessoas
vivendo com HIV diagnosticadas; ter 95% dessas pessoas em tratamento
antirretroviral; e, dessas em tratamento, ter 95% com carga viral controlada. O
Brasil possui, respectivamente, 90%, 81% e 95% de alcance. O Ministério da
Saúde informa que todos os estados brasileiros contam com serviços de saúde
ofertando a PrEP — uma das formas de prevenção que consiste em tomar
comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado
para enfrentar um possível contato com o HIV.
Fonte: Brasil 61
Para ler a matéria na íntegra acesse nosso link na página principal do
Instagram. www: professsortaciano medrado.com e Ajude a
aumentar a nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso. Guarda Municipal de Juazeiro participa de palestra sobre a Lei Maria da Penha e combate à violência doméstica.
Postar um comentário