O
Brasil continua sendo o segundo país do mundo com maior número de novos casos
de hanseníase, de acordo com o boletim epidemiológico da doença de 2024,
divulgado pelo Ministério da Saúde nesta semana. Em 2022, foram registrados em
todo o mundo 174.087 casos novos da doença, e mais de 25 mil — quase 15% —
foram detectados no Brasil.
Já
no ano passado, de janeiro a novembro, a pasta informou que houve um aumento de
5% no número de casos, em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando
19.219.
A
hanseníase é uma doença infecciosa causada por uma bactéria que tem atração
pelo sistema neurológico e também pela pele, conforme explica o dermatologista
e presidente da Sociedade Brasileira de Hanseníase (SBH), Marco Frade.
“Mas
ela é uma doença sistêmica, então ela envolve muita resposta imunológica.
Inicialmente, na grande maioria dos casos, nós vamos discutir muito sobre os
sintomas neurológicos, que é a perda da sensibilidade, porque como ela tem uma
atração aos nervinhos da nossa pele, a gente acaba perdendo a sensibilidade ao
tato, a dor, ao frio e ao quente”, explica.
A
transmissão da doença acontece principalmente pelas vias aéreas — secreções
nasais, gotículas da fala, tosse e espirro. A chance de um paciente em
tratamento transmitir é muito pequena e a maioria das pessoas que entram em
contato com essa bactéria não desenvolve a doença.
Direitos
Thiago
Flores é advogado, pesquisador na área da hanseníase e atua como diretor
jurídico voluntário do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela
Hanseníase. Filho de pais com a doença, que foram internados compulsoriamente
na década de 1950, Thiago cresceu neste universo da doença e desde cedo
luta pela causa.
No
trabalho de doutorado, o pesquisador aprofundou na questão da separação
familiar, mostrando qual o impacto na vida das pessoas que passaram pela
situação.
“Eles
têm o conceito de família totalmente diferente do que a gente tem. As relações
de parentesco, as trocas e as relações sociais como um todo são diferentes da
família que foi criada com pai e mãe. Então, eu me aprofundei nesses estudos. O
que a separação familiar quando as pessoas ainda eram crianças trouxe de
consequência do passado e no que isso ainda influencia na qualidade de vida
hoje. E eles têm grandes sequelas na construção de novas famílias”,
analisa.
O
Morhan, que foi fundado em 1981, atua ajudando essas famílias que sofreram no
passado e também na busca de direitos de pessoas diagnosticadas com
hanseníase.
“Muitas
vezes a gente precisa judicializar algumas questões, temos problemas de falta
de medicação, problema de reabilitação é muito comum, falta órtese, prótese,
então temos essa atuação em conjunto, não só do movimento, mas com as
defensorias públicas e uma parceria grande com o ministério público”, explica
Thiago.
A
hanseníase tem cura e o tratamento, à base de antibióticos, pode levar até dois
anos. O tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: Brasil 61
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