Fotomontagem crédito Tacilla Medrado
As
Eleições 2024 nem iniciaram ainda, mas a polícia já investiga denúncias
de fake news eleitorais. No caso, foram utilizadas inteligências artificiais (IA) para criar áudios
falsos de políticos que tentarão ser eleitos em outubro.
De
acordo com reportagem d’O Globo, as situações aconteceram no Amazonas, Rio Grande
do Sul e Sergipe. Dois prefeitos e um deputado federal que participa de uma
pré-campanha da mulher que é chefe do executivo local foram as vítimas do deep
fake.
As investigações estão sendo conduzidas pela Polícia Federal (PF), que tem pensado os casos como modelo para futuros crimes do mesmo tipo.
As
três situações tiveram modus operandi similar. Após os suspeitos
manipularem as vozes das vítimas por meio de softwares com IA, os áudios eram
enviados via redes sociais e WhatsApp.
Os
registros falsificados mostravam os políticos dizendo coisas comprometedoras e
que poderiam fazer os eleitores repensarem os votos nas Eleições 2024. Confira,
a seguir, cada situação.
As
primeiras fake news eleitorais de 2024
Manaus
Uma
das fake news eleitorais ocorreu contra David Almeida (Avante), prefeito de
Manaus (AM). O áudio falso atribuído a ele dizia o seguinte: “O que mais tem é
professor vagabundo que quer o dinheirinho de mão beijada. Eu não paguei o
Fundeb, mas o povo esquece, tu vai ver”.
De
acordo com Almeida, ele próprio denunciou a história para a PF no final do ano
passado. O arquivo de áudio foi espalhado em meio a um contexto de
protesto de professores, que estão exigindo pagamento de abono. Segundo o
prefeito manauara, o áudio foi compartilhado visando causar indisposição entre
ele e os trabalhadores.
Os
agentes federais já ouviram dois suspeitos de realizarem a falsificação
digital. Os arquivos foram periciados e a constatação é que houve mesmo
manipulação.
Rio
Grande do Sul
A
outra ação investigada se deu contra o prefeito Crissiumal (RS), Marco Aurélio
Nedel (PL). No áudio, o político ofende funcionários e servidores públicos.
“Vou
falar do aumento ano que vem (2024) (...) Depois vamos levando na conversa,
entendeu? Pessoal com pouco estudo, analfabeto, já ganha demais”, diz trecho da
gravação que foi feita digitalmente, de acordo com Nedel.
Uma
investigação feita pela Polícia Civil chegou a constatar que áudio feito por IA
estava circulando entre vereadores.
Sergipe
O
terceiro inquérito investiga o caso do deputado federal Gustinho Ribeiro
(Republicanos), que está ajudando a esposa Hilda Ribeiro (SE), prefeita de
Lagarto (SE), em sua pré-campanha à reeleição. “Pode arrochar, bote pra f...,
eles lá não têm poder nenhum, quem está no poder somos nós”, diz uma voz
parecida com a de Ribeiro no áudio falso.
O
parlamentar realizou a denúncia para a PF e argumenta que sua voz foi
falsificada por IA. Segundo ele, a intenção dos suspeitos é causar
desgaste com adversários políticos.
Debates
sobre regulamentação da IA
Várias
instituições públicas brasileiras debatem iniciativas para regulamentar o uso
de inteligência artificial. Em alguns casos, o foco é o uso político das
ferramentas.
Neste
sentido, no começo do ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou uma minuta propondo
algumas regras para o uso de IA durante a campanha eleitoral das
Eleições 2024. Dentre as obrigações, quem utilizasse conteúdo produzido por IA
seria obrigado a sinalizar as alterações. As ideias propostas pelo TSE serão
debatidas ainda neste mês.
Senado
Federal, Câmara dos Deputados e o Governo Federal (por meio de pastas como o
Ministério da Justiça e Segurança Pública) debatem soluções para tentar frear o
uso criminoso da tecnologia.
Fonte:
O Globo
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