© Thomson Reuters
GAZA/LONDRES
(Reuters) - Uma enxurrada de palestinos feridos chegam ao Hospital al-Aqsa em
Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, enquanto médicos exaustos tentam
atender as vítimas dos ataques terrestres e bombardeios de Israel.
O
médico Khaled Abu Awaimer disse que o hospital estava ficando sem suprimentos
médicos. Segundo ele, muitos dos médicos restantes já haviam sido deslocados e
temiam ser atacados novamente e ter que fugir mais uma vez.
"Temos
casos sobre os quais não podemos fazer nada. Não temos nada a oferecer, por
isso nos sentimos completamente desamparados. Isso é muito triste e ruim, para
ser honesto", disse, em vídeo obtido pela Reuters.
O
objetivo declarado de Israel em Gaza é erradicar o Hamas, grupo militante que
invadiu a fronteira em 7 de outubro, matando mais de 1.200 pessoas, a maioria
civis, e fazendo mais de 240 reféns.
O
ataque a Gaza já matou mais de 23.400 pessoas no pequeno e populoso enclave
administrado pelo Hamas, segundo as autoridades de saúde, e expulsou a maioria
das pessoas de suas casas.
O
destino dos hospitais da faixa e a situação dos médicos que operam sob
bombardeios, com eletricidade e abastecimento de água intermitentes e
estoques médicos inadequados, suscitaram receios na ONU de um colapso no
sistema de saúde.
Enquanto
Abu Awaimer falava, dezenas de pessoas circulavam por uma movimentada área
hospitalar, algumas puxando macas enquanto médicos preparavam curativos. Ele
disse que os arredores do hospital foram recentemente atingidos e
ambulâncias, destruídas.
Na
quarta-feira, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino disse que o Exército
de Israel teve como alvo uma de suas ambulâncias em Deir al-Balah, matando
quatro profissionais de saúde e deixando dois feridos.
O
Exército de Israel não comentou o incidente. Anteriormente, acusou o Hamas
utilizar estruturas de hospitais e ambulâncias para operar, o que o grupo
militante nega.
Em
uma cama, um paciente estava deitado com uma máscara de oxigênio no rosto,
enquanto sangue se acumulava no chão. Em outro canto, um homem ferido sentava
no chão enquanto água rosada e sangrenta escorria de uma sala perto dele.
Muitos
dos médicos que trabalhavam em al-Aqsa já tinham fugido de outros hospitais
mais a norte, em Gaza, face ao ataque terrestre de Israel. Agora, temem novamente
o mesmo cenário, à medida que o bombardeio no centro do enclave empurra as
pessoas para o sul.
VÍTIMAS
EM MASSA
O
médico britânico James Smith, que trabalhou no hospital de al-Aqsa do final de
dezembro até ser forçado a se deslocar no fim de semana passado, disse que os
pacientes tiveram os ferimentos de conflito mais graves que ele ou colegas
médicos estrangeiros já viram.
"Víamos
incidentes com vítimas em massa todos os dias", disse.
Centenas
de pessoas chegavam todos os dias, a maioria delas fisicamente feridas, mas
muitas também em sofrimento agudo, algumas soluçando histericamente e
hiperventilando, afirmou Smith.
Médicos
e enfermeiras trabalhavam em turnos de 24 horas, tratando pacientes no chão por
falta de leitos, não havia espaço para organizar um sistema de triagem e os
médicos trabalhavam para salvar um paciente enquanto outro morria no mesmo
quarto, disse ele.
Ele
descreveu uma menina de 11 ou 12 anos, trazida um dia após uma explosão, com o
rosto inteiro e a maior parte da metade superior do corpo pretos de
queimaduras, que distorceram totalmente suas feições e contraíram os braços de
forma que as mãos apontavam para o teto. A menina não conseguiu sobreviver e
ficou sozinha, com exceção dos médicos que tentavam aliviar sua dor, relatou o
médico.
Para
além do risco de ferimentos provocados pelos bombardeios, a falta de alimentos,
de água potável e de eletricidade, além do deslocamento em massa dos moradores
de Gaza para cidades de tendas, também têm impactos na saúde.
Jamila
Abo Amsha, mulher que vive com os filhos numa tenda em Rafah após fugir do
bombardeio em torno de sua casa no norte de Gaza, disse que não conseguiu lavar
a roupa dos filhos nem tomar banho durante 10 dias.
"Toda
a população da Faixa de Gaza está morrendo e o mundo está observando",
disse ela.
(Reportagem
de Mohammed al-Masri, em Gaza, e Maggie Fick, em Londres; Reportagem adicional
de Fadi Shana em Gaza)
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso. Guarda Municipal de Juazeiro participa de palestra sobre a Lei Maria da Penha e combate à violência doméstica.
Postar um comentário