Produtores rurais tendem
a manter a cautela nos investimentos neste ano. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão© Fornecido
por Estadão
A
expectativa de uma menor safra de grãos neste ano somada à conjuntura de preços
não tão remuneradores das commodities e juros ainda elevados devem levar à
desaceleração nos investimentos do agronegócio.
Os
produtores rurais tendem a manter a cautela nos investimentos neste ano,
sobretudo em bens de capital, sem aportes expressivos, mas em níveis
semelhantes ao realizado no ano passado, relataram consultorias e associações
ao Broadcast Agro.
Do
lado das agroindústrias, o custo do capital será determinante para a definição
de novos investimentos, além da avaliação sobre as modificações nos incentivos
estaduais em virtude da reforma
tributária.
A
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) prevê
estabilidade na venda de máquinas e equipamentos agrícolas neste ano, mas o
nível de juros e os reflexos do El Niño sobre a safra de grãos influenciarão o apetite
do produtor, avalia o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos
Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, Pedro Estevão Bastos.
“Não
vemos gatilhos nem para alta nem para a queda, mas ainda depende dos impactos e
do comportamento do El Niño deste mês até março. Se voltar a chover bem, os
fundamentos para agricultura melhoram, a janela para investimentos também e
podemos ter estabilidade”, afirmou Bastos.
Além
dos efeitos climáticos sobre a safra, os juros também continuam no radar do
mercado de máquinas, com a expectativa de redução na taxa básica de juros
(Selic). Entretanto, juros mais baixos tendem a se refletir no mercado apenas
no 2º semestre, com o lançamento das linhas de crédito do Plano Safra 2024/25,
já que o atual Plano 2023/24, que se estende até 30 de junho, está com as taxas
determinadas.
“Imaginamos
taxas atuais neste 1º semestre (para investimento). Pedimos a revisão dos
juros ao governo porque a Selic está caindo, mas a tendência é que permaneçam
nesses patamares para a linha de crédito oficial até julho”, acrescentou
Bastos. “Hoje, mesmo com a queda, os juros seguem na casa de dois dígitos, o
que encarece os investimentos de longo prazo, como em bens de capitais”,
apontou.
Já
a consultoria MB Agro vê um maior nível de investimentos em armazenagem, a
depender também do resultado final da safra de grãos 2023/24.
“Com
a queda do custo de produção, o produtor tende a ter maior rentabilidade e
retomar aos poucos os investimentos. O receio da troca de governo que permeou o
ano passado também já passou. Agora, novos recursos para armazenagem e a tomada
de financiamentos vão depender do desenvolvimento da safra, se haverá
recuperação ou o tamanho das perdas”, avaliou o sócio-diretor da MB Agro, José
Carlos Hausknecht.
“Mesmo
menor, a safra ainda será robusta e a capacidade de armazenagem continua baixa”,
acrescentou. Ele não acredita na retração do nível de investimento feito pelo
agronegócio neste ano, mas também não vê incentivos para aceleração.
Com informações do Estadão
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