Desde
que assumiu o Planalto, em 1º de janeiro de 2023, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) acumula declarações controversas. De
acordo com levantamento do Poder360, o petista falou ao menos 53 destas
desde o início de seu 3º mandato.
Das
53 falas controversas levantadas pelo jornal digital, 37,7% podem ser
consideradas ofensas a pessoas, minorias sociais ou outros grupos. Já 32,1% são
relacionadas à política internacional, como comentários sobre a atuação de
outros países e guerras.
ISRAEL
E HAMAS “TERRORISTAS”
Em
novembro, Lula foi ao aeroporto de Brasília receber brasileiros repatriados da
Faixa de Gaza. Declarou que Israel também estava cometendo atos de “terrorismo” ao falar sobre a
morte de crianças palestinas. Disse que a ação dos israelenses era tão grave quanto o “terrorismo” do
grupo extremista Hamas.
Houve
reação. A Federação
Israelita do Estado de São Paulo se manifestou nas
redes sociais. Publicou um post com as fotos de Bruna Valeanu, Ranani Glazer e Karla Stelzer, mortos durante uma festa rave próxima à
Faixa de Gaza atacada pelo Hamas. Afirmou que os 3 brasileiros foram deixados
para trás.
COMUNISTA
NO SUPREMO
Outra boutade do
petista foi quando comemorou o fato de ter conseguido colocar um “comunista” no
STF, em referência à indicação (e posterior aprovação pelo Senado) de Flávio Dino para a Corte.
Antes de sua ida ao PSB, Dino havia deixado o PC do B (Partido Comunista do Brasil)
depois de 15 anos.
“Vocês
não sabem como eu estou feliz hoje. Pela 1ª vez na história desse país,
conseguimos colocar na Suprema Corte um ministro comunista, um companheiro da
qualidade de Dino”, disse em cerimônia de abertura da 4ª Conferência Nacional
de Juventude, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
Após
a fala de Lula, a expressão “o que é comunismo” virou uma das principais tendências de busca do
Google. Mais de 20.000 pesquisas foram feitas sobre o assunto, segundo
o Google Trends. O crescimento foi de mais de 3.400% em 24
horas. Tornou-se o principal assunto buscado em política, atrás só de procuras
sobre futebol.
Lula
voltou a citar o tema em reunião ministerial alguns dias depois. Disse esperar
que o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, seja um “comunista
do bem” quando integrar o STF.
“Segundo
a extrema-direita, [Dino] foi o 1º comunista a assumir a Suprema
Corte e eu espero que seja um comunista do bem, que tenha amor, carinho e,
sobretudo, que seja justo, porque ali não pode prevalecer apenas a visão
ideológica ali. Meu caro Flávio Dino, com a sua competência só tem uma coisa
que você não pode trair: é o teu compromisso com o povo brasileiro e com a
verdade”, disse Lula.
ERROS
FACTUAIS DE LULA
Além
de declarações consideradas controversas, Lula também foi impreciso em algumas
falas. Em junho, ele declarou durante participação na Farm Show, evento do
setor agropecuário na Bahia, que era possível comprar maquinários de grande porte com juros de 2% ao
ano nas administrações passadas do PT. A imprecisão se revelou um erro
factual.
Na
realidade, a taxa de juros mínima do petista esteve acima de 5% ao ano em 7 dos
seus 8 anos nos 2 primeiros mandatos. Apenas em 2009 chegou a ser 3%. Sob Jair
Bolsonaro (PL), com quem o atual presidente sempre compara sua gestão,
houve taxa mínima de 2,8% (em 2020-21) e o percentual cobrado ficou sempre em,
no máximo, 3%.
Lula
repetiu a declaração errada em outras duas oportunidades: em live presidencial de 13 de junho de 2023 e
durante uma entrevista para rádios de Goiás em 15 de junho de
2023.
HISTÓRICO
Dentre
as frases do petista que pegaram mal internacionalmente, a declaração de Lula
que mais repercutiu foi feita em entrevista a jornalistas em Cabo Verde. Depois
de se reunir com o presidente do país africano, José Maria Neves, o
petista agradeceu a África pelo o que foi produzido durante a
escravidão no Brasil.
Em
14 de março, Lula disse algo semelhante. Em discurso na 52ª Assembleia Geral
dos Povos Indígenas, o presidente disse que, apesar de toda “desgraça” da
escravidão, a vinda forçada de africanos para Brasil “causou uma coisa
boa: que foi a mistura, a miscigenação”.
Lula
também já foi criticado por comentários considerados capacitistas (ofensivo a pessoas com deficiência)
e gordofóbicos. Além disso, usou mais de uma vez termos
considerados pejorativos ou ultrapassados.
Em
março, 1 dia depois de a Polícia Federal deflagrar uma operação contra um plano
do PCC para matar o senador Sergio Moro, Lula disse que o episódio era
uma “visível armação” do ex-juiz. O petista levantou a
suspeita logo depois de dizer que só ficaria bem depois de “foder” o ex-juiz.
Mais
tarde, o relatório que reunia provas e evidências do plano foi tornado público
pela juíza responsável pelo caso, desbancando a “suspeita” do
presidente.
Na
2ª categoria mais recorrente de frases controversas do presidente está o comentário feito em abril de que a Ucrânia é tão
culpada pela guerra quanto a Rússia. No mesmo dia, o petista disse que os
Estados Unidos e a União Europeia contribuem para a continuidade da guerra. Foi
duramente criticado no Brasil e internacionalmente.
As
outras declarações que mais repercutiram nesse tema dizem respeito à Venezuela.
Em maio, Lula disse que o autoritarismo na Venezuela é uma narrativa. Um mês depois,
voltou a falar do país vizinho e afirmou que o conceito de democracia é relativo.
Em
3º lugar estão os erros de informação cometidos por Lula, representando 17,5%
das declarações. O presidente errou dados sobre a covid-19 duas vezes: disse
que o Brasil era o 1º em mortes proporcionais por covid (era o 7º) e que morreram 700 milhões de brasileiros por causa da
doença (o dado mais atualizado é de 706 mil mortos).
Lula
também errou sucessivamente o valor do juros para que
empresários do agronegócio pudessem comprar maquinário em seu 1º mandato. O
petista disse 3 vezes que a taxa era de 2%, quando, na verdade, a mínima esteve
acima de 5% ao ano em quase toda sua gestão. Apenas em 2009 chegou a ser 3%.
Em
junho, Lula fez outra declaração controversa. Se referiu ao golpe militar de
1964 como “revolução de 1964” em entrevista à Rádio Gaúcha.
Seu antecessor, Jair
Bolsonaro (PL), criticado diversas vezes durante seu mandato por fazer
declarações favoráveis ao golpe militar, também já se referiu ao fato
como “revolução”.
Onde
o petista mais derrapa nas falas é quando faz um discurso oficial, 43% das
frases controversas foram ditas nesses casos. Em julho, a assessora de imprensa
da primeira-dama Janja da Silva, Cristina Charão, deixou o posto para reforçar a equipe que escreve os
discursos de Lula. No entanto, o efeito prático dessa medida foi limitado, já
que recorrentemente Lula solta suas controvérsias em momentos de improviso.
Fonte: Poder 360
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