O
mercado financeiro estima deficit no Orçamento em 2024 superior ao que projeta
o governo. Há uma perspectiva de que o deficit primário atinja até 1,1% do PIB
(Produto Interno Bruto) em 2024. Instituições e órgãos encaminharam ao Poder360 estimativas
de deficit fiscal que variam de 0,7% a 1,1% em 2024.
O
governo estabeleceu meta fiscal zero, isto é, quando o saldo entre as receitas
e despesas, sem considerar gastos com juros da dívida, é zero. O governo
precisa arrecadar R$ 168,5 bilhões a mais para alcançar a meta de 2024.
De
acordo com as regras do arcabouço, o resultado primário das contas públicas
terá um intervalo de tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou
para menos.
Análise
A Warren Investimentos avalia que o governo só deve
arrecadar ⅓ dos R$ 168,5 bilhões necessários, disse Felipe Salto,
economista-chefe da corretora. Apesar da baixa perspectiva de arrecadação,
Salto avalia negativamente uma eventual mudança da meta zero.
“Mais
importante do que a meta zero é o cumprimento do arcabouço, que introjetou uma
espécie de plano B. Pode romper a meta desde que mostre que fez todos os cortes
possíveis no chamado contigenciamento e que o compromisso com a meta fiscal foi
mantido. Se joga pela janela a meta fiscal, perde o sentido de ter o plano B”,
disse ao Poder360.
Já
a LCA Consultores tem
uma projeção de deficit de 0,7% do PIB. Segundo o economista Bráulio Borges, o
governo federal deve arrecadar só R$ 80 bilhões dos R$ 168,5 bilhões
necessários.
“Fica
em aberto se o governo vai propor uma mudança da meta ou não para fugir dessa
punição do não cumprimento da meta para o ano que vem que limita o cumprimento
da despesa em 2025 e 2026”, afirmou ao Poder360.
Para
o economista-chefe da Ryo Asset, Gabriel Leal de Barros, a piora na arrecadação
federal em 2023 afeta o ponto de partida e por carrego estatístico prejudica a
arrecadação de 2024 também.
“A
redução da inflação, algo que deve ser comemorado em razão tanto do bom
trabalho do Banco Central quanto pela acomodação do preço das commodities,
reduz o imposto inflacionário e é um desafio para a arrecadação”, disse
ao Poder360.
Segundo
Jeferson Bittencourt, economista da ASA Investments, a percepção é de que os avanços que o
governo está conseguindo no Congresso em aprovar a pauta tributária para fechar
o Orçamento, mesmo desidratada, são mais importantes politicamente do que
fiscalmente.
“Obviamente,
a perspectiva de obter R$ 40 bilhões ou R$ 50 bilhões com essas medidas
tributárias é importante. Mas há um volume muito maior de recursos no
orçamento, cerca de R$ 130 bilhões, que precisa de muito mais segurança para
que nos aproximemos de um resultado mais próximo de zero, que são as receitas
de concessão e de renegociações no âmbito do Carf [Conselho Administrativo
de Recursos Fiscais], Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e Receita Federal”,
disse.
Fonte: Poder 360
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