Olá
carissimo (a)s leitore(a)s
A
partir de hoje, dia 23 de janeiro o blog
Prof.TM em parceria com “O Boletim’ publicará os editoriais do eminente
jornalista JOSÉ ROBERTO GUZZO – (JR GUZZO)
que figurará como mais um colunista.
Esperamos que vocês possam aproveitar a leitura dos seus Editoriais.
Um
abraço
Redato-chefe
(*)
JR GUZZO
Como
no “Dia da Marmota”, fábula que o mundo inteiro conheceu através do filme O
Feitiço do Tempo, o tempo não passa nunca no Brasil de hoje. O relógio anda e o
calendário avança, mas o que acontece hoje é a cópia exata do que aconteceu
ontem, e do que vai acontecer amanhã. No Brasil de 2024 todo o dia é “Dia da
Marmota”, quando se leva em conta as relações existentes entre o dinheiro do
pagador de impostos e o alto, ou altíssimo, funcionalismo público. O sujeito
pega o jornal de hoje e vê lá exatamente a mesma notícia que viu ontem, ou
anteontem, ou durante a Guerra do Paraguai.
Não
muda nunca: procuradores, juízes, desembargadores e mais cardumes inteiros de
auditores, ouvidores, assessores e todos os gatos gordos que a burocracia
inventa sem parar, estão ganhando fortunas alucinadas. Anuncia-se que o juiz
fulano de tal, em tal estado, recebeu no seu último contracheque 200 mil, 300
mil ou 400 mil reais de salário mensal; pode ser também um desembargador, um
procurador ou um etc.
Isso
não é ganhar bem – é concentração de renda em seus níveis mais agressivos e
subdesenvolvidos.
Recentemente
foi noticiado que uma juíza do Pará enfiou no bolso 600 mil reais de salário
mensal; amanhã a imprensa vai noticiar um caso igual, ou pior. É sempre a mesma
coisa. A importância paga de fato foi um absurdo, mas o pagamento foi
perfeitamente legal. O juiz, ou desembargador, ou procurador ou etc. “tinha
direito” ao que levou: além do salário, teve de receber férias atrasadas,
licenças-prêmio, auxílio isso, auxílio aquilo, adicional por trabalhar nos dias
de chuva e por aí afora. O céu é o limite – e às vezes nem o céu. Como poderia
ser diferente? É o próprio Judiciário, na prática, quem define quanto os
magistrados devem ganhar. E é esse mesmíssimo Judiciário, quando aparece alguma
objeção, que julga as ações movidas pelos sindicatos da “categoria”. Quem você
acha que ganha sempre?
Os
beneficiados dizem, vagamente, que se trata de “exceções”. Mas não se trata de
exceção. O último “Dia da Marmota” no Brasil teve como estrelas os procuradores
estaduais. Uma reportagem do jornalista Tácio Lorran, publicada dias atrás em O
Estado de S. Paulo, mostra que metade deles ganha acima do teto constitucional
do funcionalismo público. Esse teto não é nenhuma mixaria: está em R$ 41,6 mil
por mês. E se metade dos procuradores está ganhando acima disso, não é mais exceção
– é praticamente a regra.
Na
verdade, quem se contenta com R$ 50 mil mensais, por exemplo, até que está
sendo camarada com o pagador de impostos. Tem procurador levando 200 mil por
mês, e isso é sem contar as “bonificações natalinas”. Para ficar por aqui: em
Santa Catarina, o pior de todos os estados brasileiros nesse campeonato, o
salário médio dos procuradores estaduais chegou aos R$ 106 mil em outubro
último. Santa Catarina tem 509 procuradores; neste mês, 499 ganharam acima do
teto. Exceção?
Ninguém
jamais contestou a ideia de que os servidores da Justiça devam ganhar o máximo
que a sociedade possa pagar. Mas isso não é ganhar bem – é concentração de
renda em seus níveis mais agressivos e subdesenvolvidos. O pior é que está
dando errado. O Brasil tem o Poder Judiciário mais caro do mundo. Tem também um
dos piores.
Fonte: Gazeta
do Povo
(*) José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.
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