Sem
reajuste proposto para 2024, servidores do Executivo federal seguem
pressionando o governo por uma mudança de posição. Além de paralisações já
iniciadas por algumas categorias, greves — incluindo um movimento grevista
geral — estão no radar. A insatisfação também envolve a entrega de
cargos de chefia e coordenação e até mesmo um pedido de revisão do Concurso
Nacional Unificado (CNU).
Greves
já acontecem em carreiras como agentes de órgãos ambientais, funcionários
do Banco Central (BC),
auditores-fiscais da Receita
Federal e agentes de fiscalização sanitária. As universidades também
avaliam um movimento grevista no primeiro semestre letivo de 2024.
No
caso dos servidores de órgãos ambientais, o Ministério da Gestão e da Inovação em
Serviços Públicos (MGI) agendou para o dia 1º de fevereiro reunião da
mesa de negociação com a categoria.
“Não
há nenhum aceno, até agora, sobre qual vai ser a proposta que o governo vai
apresentar em relação às reivindicações”, disse Cleberson Zavaski, presidente
da Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio
Ambiente (Ascema Nacional). Na centralidade da discussão, está a reestruturação
da carreira, a fim de conter a evasão. Segundo a Ascema, mais de 600 servidores
pediram demissão nos últimos anos por falta de atratividade da carreira.
Já
na última sexta-feira (19/1), os coordenadores de Aprendizagem do Ministério do
Trabalho e Emprego de 23 estados entregaram cargos de chefia e coordenação.
Caso
não haja devolutivas por parte do governo aos pleitos dos auditores-fiscais do
Trabalho, o movimento de entrega de cargos tende a evoluir para um paralisação
completa das atividades, comprometendo fiscalizações em curso. As coordenações são
responsáveis por articular toda a política pública de qualificação profissional
e atenção aos grupos prioritários no Brasil.
No
caso dos auditores-fiscais da Receita, em greve desde novembro, há promessa de
uma paralisação em portos e aeroportos de São Paulo e da Bahia na próxima
semana. Os fiscais anunciaram que não realizarão o desembaraço de cargas entre
os dias 22 e 26 de janeiro, no Aeroporto de Viracopos, no Porto de Santos, na
Alfândega de Salvador (a partir do dia 23) e no Aeroporto de Guarulhos. Durante
o período, haverá nos locais somente as liberações de cargas perecíveis, vivas,
perigosas, medicamentos e alimentos.
“Toda
greve, infelizmente, produz externalidades negativas e procuramos reduzi-las
priorizando os serviços essenciais. Produtos perecíveis, medicamentos e
alimentos não serão prejudicados. Por outro lado, é importante lembrarmos que
há uma lei pendente de implementação há sete anos, e os auditores-fiscais não
poderiam continuar esperando sua aplicação indefinidamente”, afirmou Isac
Falcão, presidente do Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal
(Sindifisco Nacional).
Revisão
do CNU
Em
outra frente, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários
(Anffa Sindical) pediu revisão do edital do Concurso Nacional que trata dos 200
cargos para recompor o quadro dos servidores ligados ao Ministério da
Agricultura e Pecuária (Mapa).
A
entidade exige mudanças nos pesos dos conteúdos programáticos, alegando que as
exigências descritas para as provas de conhecimentos específicos não
correspondem às atribuições inerentes à carreira.
Outro
pedido refere-se à exclusão da possibilidade de contratação temporária de
pessoal. O documento foi enviado ao Mapa, ao Ministério da Gestão e à
Cesgranrio, banca organizadora do certame.
Segundo
o sindicato, o governo contraria termos da Lei nº 8.745/93. Um dos pontos
citados pelo Anffa Sindical é que o trabalho de defesa agropecuária só pode ser
feito por meio de contratação temporária em situações de emergências ligadas ao
comércio internacional de produtos de origem animal ou vegetal ou de iminente
risco à saúde animal, vegetal ou humana. A mesma lei estabelece que a
contratação de pessoal deve ocorrer mediante a realização de processo
simplificado de seleção.
Proposta
e contraproposta
No
fim de 2023, foi apresentada uma proposta que, na prática, congela os salários
dos servidores federais neste ano e promete alterações apenas em 2025 e 2026.
Para 2024, o
governo se limitou a oferecer reajustes em auxílios.
Segundo
essa proposta, o auxílio-alimentação será elevado de R$ 658 para R$ 1.000,00; o
per capita referente ao auxílio-saúde passará do valor médio de R$ 144,00 para
R$ 215,00; e o auxílio-creche irá de R$ 321,00 para R$ 484,90. Isso representa
51,06% de aumento nos auxílios.
Houve
insatisfação dos servidores com a proposta oficial, que chegaram a
classificá-la de “etarista”, visto que aposentados e pensionistas não recebem
auxílio-alimentação nem auxílio-creche.
Em
resposta, no dia 10 de janeiro, o Fórum Nacional das Carreiras Típicas de
Estado (Fonacate) enviou ofício ao
Ministério da Gestão propondo a recomposição salarial em três parcelas (a
primeira a ser paga já neste ano): a primeira de 9%, a segunda de 7,5% e a
terceira também de 7,5%, a serem implementadas, respectivamente, nos meses de
maio de 2024, 2025 e 2026.
Segundo
apurado pela reportagem, ainda não houve resposta do governo à contraproposta.
As reivindicações dos servidores são analisadas em reuniões periódicas da Mesa
Nacional de Negociação Permanente, retomada no ano passado. O governo ainda
não definiu a data de realização da primeira reunião da Mesa deste ano, mas a
expectativa é que ela ocorra apenas após o feriado do Carnaval, isto é, na
segunda quinzena de fevereiro.
“2024
se inicia com o maior dos desafios para servidores públicos. Um embate direto
com o governo para que alcancemos a recomposição inflacionária pela qual
lutamos há tanto tempo. A proposta do governo até o momento não demonstra
respeito a todas as perdas já tão sentidas, além de não oferecer nenhuma
parcela neste ano”, disse Ivana Vilela, presidente do Sindicato Nacional dos
Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) e
representante na Mesa de Negociação da Nova Central Sindical dos Trabalhadores.
Fonte: Metrópoles
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso. Guarda Municipal de Juazeiro participa de palestra sobre a Lei Maria da Penha e combate à violência doméstica.
Postar um comentário