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Um
terremoto de magnitude de 7,6 atingiu o centro-norte do Japão às 16h10 (4h10 no
horário de Brasília) desta segunda-feira (1º), causando a morte de ao menos
quatro pessoas e incêndios e destruição na costa oeste do país. A polícia
investiga ainda relatos de que duas pessoas morreram na cidade de Nanao (290 km
de Tóquio)
Após
o tremor, uma mensagem amarela com a frase "Tsunami! Evacuar!" piscou
nas telas de televisão das províncias de Ishikawa epicentro do terremoto,
Niigata e Toyama, alertando para a possibilidade de ondas de cinco metros de
metros de altura e ordenando que os habitantes da região deixassem suas casas.
O
aviso foi depois atenuado, com o anúncio de expectativa de ondas de no máximo
três metros após algumas delas chegarem a um metro e meio no porto de Wajima,
em Ishiwaka.
Segundo
o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o terremoto foi o mais forte na região
em mais de 40 anos, mas horas após o sismo, dados sobre o número de atingidos
ainda eram escassos. O porta-voz do governo japonês, Hayashi Yoshimasa, disse
em um encontro de emergência com jornalistas que as autoridades ainda estavam
verificando a extensão dos danos.
Ao
todo, mais de 50 sismos de magnitude 3,2 ou mais atingiram a península de Noto
em quatro horas.
Segundo
a Agência Meteorológica do Japão, tremores secundários podem continuar
acontecendo por até uma semana. Por isso, o primeiro-ministro Fumio Kishida
rogou à população que seguisse o alerta. "Peço às pessoas em áreas onde
são esperados tsunamis que desocupem suas casas o mais rápido possível",
disse o premiê.
Kishida
também disse aos repórteres ter instruído as equipes de busca e resgate a
fazerem o possível para salvar vidas, mesmo que o acesso às áreas atingidas
fosse difícil devido às estradas bloqueadas.
O
governo afirmou que, até a noite desta segunda, havia ordenado que mais de 97
mil pessoas em nove províncias da costa oeste da principal ilha do Japão,
Honshu, saíssem de suas casas.
Enquanto
isso, países próximos também se mobilizaram para possíveis tsunamis. A agência
de notícias estatal russa Tass informou que o Ministério de Emergências do país
retirou moradores de partes da costa oeste da ilha de Sacalina, no oceano
Pacífico, que poderiam ser atingidas. Alertas também foram emitidos nas cidades
de Vladivostok e de Nakhodka, no extremo leste do país.
Já
a Coreia do Sul orientou moradores de sua costa leste a buscarem abrigo em
regiões mais altas, enquanto a Coreia do Norte emitiu alertas de tsunami para
algumas áreas.
Imagens
divulgadas pela mídia local mostraram um prédio desabando em uma nuvem de
poeira na cidade costeira de Suzu, onde muitas casas desmoronaram, segundo
relato o tremor danificou principalmente casas antiga, que costumam ser de
madeira.
A
imagem de uma grande rachadura em uma estrada em Wajima, município de 30 mil
habitantes, também foi divulgada. Na cidade, houve relatos de pelo menos 30
prédios desabados, e incêndios consumiram vários prédios. O terremoto também
abalou prédios na capital, Tóquio, na costa oposta à do epicentro.
Mais
de 36 mil residências ficaram sem energia na região após o tremor, e quando
chegou a noite, quase 32 mil residências ainda estavam sem energia em Ishikawa,
de acordo com a empresa responsável. A previsão era que as temperaturas caíssem
para quase zero em algumas áreas durante a madrugada.
À
imprensa, autoridades afirmaram que seis pessoas ficaram presas sob os
escombros de prédios colapsados em Ishikawa, acrescentando que as Forças de
Autodefesa do Japão seriam enviadas à região para ajudar no resgate.
Por
causa do terremoto, os serviços ferroviários de alta velocidade para Ishikawa
foram suspensos e as operadoras de telecomunicações Softbank e KDDI relataram
interrupções nos serviços de telefone e internet na região.
O
sismo também afetou o setor aéreo. A companhia ANA ordenou o retorno de aviões
que se dirigiam aos aeroportos de Toyama e Ishikawa, enquanto a Japan Airlines
cancelou a maioria de seus serviços para as regiões de Niigata e Ishikawa. Um
dos aeroportos de Ishikawa foi fechado.
A
Autoridade de Regulação Nuclear do Japão disse que a princípio não houve
maiores problemas nas usinas nucleares localizadas próximas ao mar do Japão,
incluindo cinco reatores ativos nas plantas de Ohi e Takahama, na província de
Fukui.
Ainda
de acordo com o órgão, a usina de Shika, em Ishikawa, localizada perto do
epicentro do terremoto, tinha interrompido seus dois reatores para inspeção
regular. Um incêndio causado pelos tremores chegou a atingir um transformador
no local, mas foi extinto sem causar danos.
Outros
focos de fogo foram identificados em Kanazawa, capital da província de
Ishikawa, e em um complexo industrial na cidade de Joetsu, ao norte, mas também
foram controlados.
Situado
no chamado "cinturão de fogo" do Pacífico, o Japão é um dos países do
mundo onde os terremotos são mais frequentes. As normas de construção são
rígidas, os edifícios costumam resistir a fortes tremores e a população está
habituada a situações do tipo.
A
última vez que um tsunami grave alcançou a costa do Japão foi em 11 de março de
2011. Na ocasião, a nação insular registrou um tremor de magnitude 9,0 seguido
de uma enorme onda que matou quase 20 mil pessoas, devastou cidades no nordeste
do país e desencadeou fissões nucleares em Fukushima o pior acidente nuclear
registrado no mundo desde o ocorrido na usina de Tchernóbil, na então União
Soviética, em 1986.
Antes
disso, o maior tremor registrado no Japão tinha sido o chamado Grande Terremoto
de Hanshin, que atingiu o oeste do país em 1995 e matou mais de 6.000 pessoas,
principalmente na cidade de Kobe.
O
terremoto desta segunda ocorreu durante o feriado de 1º de janeiro, quando
milhões de japoneses tradicionalmente visitam templos para marcar o ano novo.
Em Kanazawa, um destino turístico popular em Ishikawa, imagens mostraram os
restos de um torii, tradicional portão japonês, espalhados na entrada de um
santuário enquanto fiéis observavam.
Ayako
Daikai, moradora de Kanazawa, disse que fugiu para uma escola primária próxima
com seu marido e dois filhos logo após o terremoto. Salas de aula, escadas,
corredores e o ginásio estavam todos lotados de pessoas, disse ela.
"Também
vivi o Grande Terremoto de Hanshin, então achei que seria mais seguro
fugir", disse ela à agência de notícias Reuters quando contatada por
telefone. "Ainda não decidimos quando voltar para casa."
Fonte: Folha de São Paulo
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