O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) está coordenando um Estudo Soroepidemiológico para identificação de circulação viral de febre aftosa, doença infecciosa que atinge alguns animais. Após a conclusão, será levado para a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o pleito de reconhecimento internacional dos estados que compõem o bloco como zona livre de febre aftosa sem vacinação.
O
estudo será realizado em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito
Federal, Tocantins, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Bahia, Sergipe, Maranhão, Pará, Amapá e Roraima. Caso sejam reconhecidos como
zona livre de febre aftosa sem vacinação, esses estados ficam aptos a exportar
para países que exigem a certificação para comercialização de produtos de origem
animal.
Até
o momento, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rondônia, Acre e parte do
Amazonas e Mato Grosso são considerados zonas livres de febre aftosa sem
vacinação, com reconhecimento internacional.
Breno
Welter, médico-veterinário e gerente do Programa Estadual de Erradicação da
Febre Aftosa, informa que no Brasil não há registro da doença nos últimos
anos, sendo que o último caso foi registrado em 1996.
Ele
explica que a febre aftosa é causada por um vírus de rápida multiplicação e é
altamente contagiosa. Ele alerta que a febre aftosa pode acometer criações
inteiras. Entre os animais que podem ter a doença estão os bovinos, bubalinos,
caprinos, ovinos, suínos, javalis
“[Sobre]
os sintomas, temos o início da doença com lesões, vesículas na região da
cavidade oral, na teta das vacas, no espaço interdigital dos cascos. E com
essas lesões, essas vesículas se rompem formando aftas e úlceras. Os animais
têm uma dificuldade em se alimentar, ingerir água e com isso eles começam a ter
seborreia, salivação excessiva, dificuldade de locomoção. Os animais ficam
isolados dentro da população, porque eles têm uma febre alta, eles têm toda
essa sintomatologia”, informa.
O
especialista destaca que, caso o produtor tenha suspeita da doença na
propriedade, deve comunicar rapidamente à Defesa Agropecuária — que irá
mandar médicos-veterinários capacitados até a propriedade para fazer o
diagnóstico.
Vacinação
Vacinação
contra febre aftosa será suspensa no Amapá, Bahia, Maranhão, Pará, Rio de
Janeiro, Roraima e Sergipe a partir de abril deste ano.
Além
disso, o Mapa proibiu o armazenamento, a comercialização e o uso de vacinas
contra a febre aftosa no Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
De
acordo com a pasta, estes estados realizaram a última vacinação em novembro de
2022 e estão atualmente em processo de preparação para modificar seu status
para áreas livres de febre aftosa sem a necessidade de vacinação.
Para
o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi, Orlando Procópio,
dentro do Programa Nacional de Vigilância para Febre Aftosa, a vacinação é um
dos pontos mais importantes.
“A
vacinação contra a febre aftosa é na realidade o dever de casa do pecuarista,
do criador. Então tudo começa com uma boa cobertura vacinal e na sequência uma
correta declaração do rebanho vacinado. Então este programa Nacional de
Vigilância, tem um caráter nacional, mas como o Brasil é um país de um tamanho
continental, esse programa acaba tendo status diferentes de acordo com os
estados,”, afirma.
Ele
ressalta que os estados precisam da ajuda do Governo Federal, porque é por meio
dos Institutos de Defesa de cada estado, do poder de organização, da capacidade
de ter funcionários treinados e veículos para fazer a vigilância, que o estado
vai poder obter o status de livre de aftosa sem vacinação.
Economia
Segundo
os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) em 2023, o rebanho bovino brasileiro atingiu um novo recorde de
234,4 milhões de animais em 2022, registrando um aumento de 4,3% em comparação
com o ano anterior.
Breno
Welter pontua que a febre aftosa também é responsável por grandes perdas
econômicas. “Principalmente em relação ao comércio, porque ela restringe a
movimentação de animais, de produtos de origem animal, tanto por mercado
interno como para o mercado externo exportação”, completa.
Fonte: Brasil 61
Postar um comentário