Milhares de agricultores bloquearam com tratores estradas em diferentes regiões da Espanha nesta terça-feira (6), em protesto contra a política agrícola europeia e a precariedade do setor.
Convocados
pela 'União de Uniões', uma federação de sindicatos agrícolas, e grupos
organizados no WhatsApp, os manifestantes reuniram-se desde o amanhecer nas
estradas, principalmente na entrada de algumas grandes cidades.
Com
bandeiras espanholas, faixas que diziam "Nosso fim será a sua morte"
e alguns usando coletes amarelos, os agricultores exigiram medidas concretas
para lidar com as dificuldades que enfrentam para realizar suas atividades no
campo.
Segundo
a Direção Geral de Tráfego, os bloqueios ou congestionamentos ocorreram em
várias estradas, principalmente nas províncias de Toledo (centro), Sevilha
(sul), Múrcia (sudeste) e Girona (nordeste).
O
porto de Málaga, no sul, informou pelas redes sociais que seus acessos também
foram bloqueados.
"Há
um acúmulo de circunstâncias que nos obrigam a ir às ruas", afirmou um produtor
de cereais à AFPTV, citando, entre os motivos, "a burocracia excessiva que
nos consome muitos recursos" e "os preços baixos" pelos quais
precisam vender seus produtos.
"O
campo tem que sair" para protestar, acrescentou esse agricultor, que não
quis dar seu nome.
A
mensagem é semelhante ao que foi anunciado pelos três principais sindicatos
agrícolas da Espanha, Asaja, Coag e UPA, que não participaram da mobilização
nesta terça-feira, mas convocaram outras manifestações para os próximos dias.
Representantes
dos três sindicatos, que criticam uma política europeia complexa, leis
excessivamente restritivas e uma concorrência considerada desleal devido à
entrada de produtos estrangeiros, se reuniram na sexta-feira (2) com o ministro
da Agricultura, Luis Planas.
O
ministro se comprometeu a "trabalhar" para resolver a crise no setor.
O
encontro, entretanto, não acalmou os ânimos, e os sindicatos mantiveram a
convocação para os protestos - similares aos realizados pelos agricultores de
outros países europeus.
-
Seca histórica -
"Este
governo entende as preocupações do setor, assumimos responsabilidades e, desde
o primeiro minuto, trabalhamos de mãos dadas com eles", disse a porta-voz
do governo de esquerda, Pilar Alegría, em uma coletiva de imprensa na
terça-feira.
Segundo
Alegría, 140.000 agricultores se beneficiarão de uma ajuda de 270 milhões de
euros (R$ 1,4 bilhão) concedida pelo governo.
Momentos
antes, a ministra da Transição Ecológica, Teresa Ribera, afirmou à rádio
pública RNE que o governo é "enormemente empático" aos agricultores,
que enfrentam "fardos burocráticos" e uma seca histórica.
"É
necessário modular os objetivos de sustentabilidade europeus, a chamada Europa
Verde, ao ritmo que o setor primário na Europa pede", avaliou a ministra
socialista, que, no entanto, criticou "a manipulação" política de
preocupação com o setor.
O
partido de extrema direita Vox, o terceiro mais forte no Parlamento, é muito
crítico ao Pacto Verde europeu, que inclui medidas de transição ecológica no
setor agrícola, e o acusa de querer "destruir" a agricultura na
península ibérica.
A Espanha, frequentemente descrita como a "horta da Europa", é o principal exportador europeu de frutas e hortaliças. No entanto, o setor agrícola espanhol enfrenta dificuldades, principalmente devido à seca que assola o país nos últimos três anos
Fonte: AFP
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