vários projetos de pesquisa foram avariados, entre eles, os de setores como Horticultura e Zootecnia Foto: Wagner Pinheiro Pozzebon© Fornecido por Estadão
O campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), localizado na zona leste de Porto Alegre, sofreu um apagão no início desta semana e ao menos 20 unidades de pesquisa da instituição ficaram sem energia elétrica por quase 30h. A ocorrência levou a um prejuízo de milhões de reais em perdas de pesquisas científicas, na estimativa de servidores, já que experimentos com centenas de plantas e animais foram prejudicados.
O
fornecimento foi interrompido por volta das 14h da segunda-feira, 12, e o
retorno da luz só ocorreu às 19h da terça-feira, 13.
De
acordo com a empresa que executava obra no local, a CPFL Serviços, cabos do
sistema elétrico foram rompidos devido a escavação de uma obra de ampliação da
subestação da companhia, que ocorria no local.
‘’A
CPFL informa que, durante escavações para a obra de expansão da subestação
Porto Alegre 6, houve a ruptura acidental de cabos, o que ocasionou a
interrupção no fornecimento de energia para uma das linhas de transmissão da
rede da distribuidora CEEE Equatorial’'.
Em
entrevista ao Estadão, o vice-diretor da Faculdade de Agronomia da UFRGS,
Paulo Vitor Dutra de Souza, afirmou que as unidades atingidas pela falta de
energia possuem geradores, mas não o suficiente para atender a demanda.
“Essas
unidades têm gerador, mas nem todas tem 100% atendido com geradores. Por
exemplo, na faculdade de Agronomia, nós temos geradores em torno de 60% a 70%
em nossos prédios, mas as casas de vegetação da Agronomia e alguns laboratórios
não têm esse equipamento. Então, nós infelizmente, fomos pegos de surpresa”,
lamentou.
Segundo
um levantamento preliminar do vice-diretor, vários projetos de pesquisa foram
avariados, entre eles, os de setores como Horticultura e Zootecnia.
‘’Eu
trabalho com estudos de fungos benéficos, que se associam às raízes de plantas
frutíferas, e eles aceleram o desenvolvimento dessas plantas. Perdi todo o
trabalho pela falta de energia elétrica. Os experimentos que eu tinha iniciado,
são com diferentes tipos de vegetação, em um ambiente protegido, onde tinha
inoculado vários tipos de plantas e fungos. Então, sem irrigação, todas as
plantas morreram’', afirmou Dutra de Souza.
No setor de zootecnia cerca de 100 aves, além de peixes, que vinham sendo objetos de estudos científicos, morreram devido ao calor excessivo, já que a falta de energia impediu o funcionamento do ar-condicionado e tubulações de oxigênio para os aquários.
Os
valores ainda estão sendo levantados, mas chegam à casa de milhões de reais,
conforme avaliação dos professores envolvidos nas pesquisas. “Todas as 20
unidades estão fazendo o levantamento dos prejuízos e avaliando as avarias em
cada equipamento de pesquisa. Para se ter uma ideia, temos equipamentos que
custam em média 700 mil dólares e que foram estragados por causa desta pane.
Com certeza, serão milhões de reais de prejuízos em todas as 20 unidades”,
comentou o pesquisador.
Procurado
pela reportagem, o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
não se manifestou sobre o tema até o fechamento desta edição.
Revoltado
com a situação que ocorreu no campus, o deputado estadual Miguel Rossetto
(PT-RS) optou pelas redes sociais para denunciar o rompimento de cabos causado
por uma retroescavadeira.
O
deputado gaúcho sugeriu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para investigar a prestação de serviços por parte da companhia de energia
elétrica.
A
companhia disse ter se esforçado para concretizar o restabelecimento da
energia. ‘’Em relação à falta de energia no campus da UFRGS em função da obra
executada pela empresa CPFL, a CEEE Equatorial informa que, consciente da
urgência da situação, não mediu esforços para o restabelecimento da energia,
desde a madrugada de ontem (terça-feira, 13), trabalhando em conjunto com a
universidade.”
“O
restabelecimento total da energia ocorreu às 19h, com a energização do
alimentador que atenderá o campus Agronomia da UFRGS na integralidade da carga,
até a recomposição da linha de transmissão subterrânea, que será realizada pela
CPFL’', em nota.
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