A
manifestação em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), convocada por ele
próprio para o próximo dia 25 na avenida Paulista (em São Paulo), deverá reunir
parlamentares aliados do ex-chefe do Executivo. Entre eles, o líder da bancada
ruralista, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), e ex-ministros como Ricardo
Salles (PL-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI).
Na
segunda (12), Bolsonaro gravou um vídeo chamando apoiadores para o ato, em meio
às investigações da Polícia Federal que apontam a atuação do ex-mandatário no
planejamento de um golpe de Estado para se manter no poder.
Há
uma expectativa entre membros da oposição ao governo Lula (PT) no Congresso
Nacional de que o ato terá grande participação de parlamentares.
Uma
lista que circulou em grupos bolsonaristas em aplicativos de mensagem nesta
sexta-feira (16) mostrava cerca de 60 deputados federais confirmados de
partidos como PL, PP, União Brasil, Republicanos e Podemos --sendo todos eles
nomes da oposição.
PP,
União Brasil e Republicanos integram a base do governo e têm representantes na
Esplanada dos Ministérios de Lula. Apesar disso, possuem parlamentares que são
da oposição ao petista.
Um
dos deputados que está a par da organização do evento, Zucco (PL-RS) afirma que
"tranquilamente" mais de 50 parlamentares, entre eles deputados
federais e estaduais, além de senadores, deverão comparecer ao ato.
Também
estão previstos para participar prefeitos, como Ricardo Nunes (MDB), e
governadores, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
À
reportagem Lupion diz que está em sua agenda participar da manifestação, mas
que não está ainda "100% confirmado". "Está na minha agenda, mas
é um domingo, preciso organizar com a família. A princípio, sim [irá
participar]", diz.
"É
um ato que para ele [Bolsonaro] é importante. Sou aliado político dele, fui
vice-líder do governo [dele], acho que é o mínimo que eu tenho que fazer. Não
vejo por que não ir", completa.
Lupion
preside a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), que reúne cerca de 300
deputados e 50 senadores e é uma das maiores forças no Congresso. A FPA teve
grandes embates com o governo petista ao longo de 2023, impondo reveses em
derrubadas de vetos presidenciais, como, por exemplo, o do marco temporal para
demarcação de terras indígenas.
Além
dele, deverão comparecer os ex-ministros da gestão Bolsonaro Ricardo Salles
(Meio Ambiente), hoje deputado federal pelo PL de São Paulo, Ciro Nogueira
(Casa Civil) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
À
reportagem Nogueira disse que levará toda a família para, segundo ele, mostrar
apoio ao ex-presidente "junto de milhares de brasileiros".
O
ex-ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), atual senador e líder
do PL no Senado, escreveu nas redes: "Temos um encontro marcado com o
nosso presidente". "Em defesa da liberdade, da democracia e do estado
de direito em nosso país", disse.
O
líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, também está previsto para comparecer,
segundo sua assessoria de imprensa. Côrtes enviou uma carta a deputados
federais e estaduais da bancada convidando para o ato.
"Enfatizo
a importância da participação de todos os membros do partido nesse evento de extrema
relevância para a nossa nação. É fundamental que estejamos unidos em um
movimento pacífico, assegurando a manutenção da ordem e propagando nossas
ideias e valores de forma respeitosa", diz a carta.
Apesar
disso, no entanto, outros ex-ministros e aliados de peso do ex-presidente não
deverão participar, como as hoje senadoras Damares Alves (Republicanos-DF) e
Tereza Cristina (PP-MS), além do ex-vice de Bolsonaro, senador Hamilton Mourão
(Republicanos-RS).
Um
aliado do ex-presidente afirma, sob reserva, que a operação recente da PF que
mira Bolsonaro e seus aliados gera impacto negativo à imagem do ex-mandatário
entre o eleitorado de centro, mas sem afetar a militância bolsonarista mais
ligada ao ex-chefe do Executivo --que, por sua vez, fica mais mobilizada em sua
defesa.
Ele
diz que o ato servirá para medir a temperatura de apoio de Bolsonaro entre
aliados e a população como um todo.
Esse
mesmo interlocutor de Bolsonaro afirma também que a presença de parlamentares
deverá ser grande, uma vez que há uma pressão popular pelo ato. Ele diz que
quem não comparecer e não tiver uma "justificativa aceitável" será
"massacrado nas redes sociais" por apoiadores de Bolsonaro.
Diversos
parlamentares publicaram em seus perfis nas redes o vídeo em que o
ex-presidente convoca apoiadores para o ato. Na gravação, Bolsonaro pede aos
apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de
apoio ao que chama de Estado democrático de Direito.
"Nesse
evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à
minha pessoa nos últimos meses", afirmou Bolsonaro.
Deputados
bolsonaristas ouvidos pela reportagem justificaram sua participação na
manifestação afirmando que há uma perseguição contra o ex-presidente e que é
preciso demonstrar apoio a ele neste momento.
"Importante
mostrar que a direita tem apoio, que o povo está cansado das perseguições
contra a oposição do país", diz a deputada Carla Zambelli (PL-SP).
"Se
o [ministro do STF Alexandre de] Moraes continuar essa saga persecutória, só
deixará a direita mais unida, mais forte e mais destemida. E não estou falando
dos representantes do povo, mas o povo em si. Daremos a prova disso nas ruas
dia 25", completa.
O
deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), segundo vice-presidente da Câmara, avalia
que esse será o evento com apoiadores de Bolsonaro com o maior número de
parlamentares que já ocorreu, uma vez que todos estarão num único lugar, e não
em cidades diferentes.
"Todos
devem ir, até pelo momento delicado que o presidente passa, por essa
perseguição. É a forma de mostrar solidariedade. Quem gosta, quem tem simpatia
[por Bolsonaro], não tem a opção de não ir", diz Cavalcante.
O
deputado Evair de Melo (PP-ES), que também foi vice-líder na gestão Bolsonaro,
diz que participou de muitas reuniões e viagens e que "jamais"
testemunhou "uma única ação que se alinha com essas narrativas feitas
contra" o ex-presidente.
O
deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) diz que o ato irá mostrar que
Bolsonaro tem apoio e não está enfraquecido. "A mobilização que está
acontecendo é significativa e vai mostrar ao Brasil e ao mundo o apoio que o
presidente tem. Nossa expectativa é que seja um ato gigantesco", diz.
"No
grupo [do WhatsApp] da oposição, muitos deputados afirmaram que vão participar.
A mobilização é algo orgânico, entendemos que o Brasil vive um momento de muita
tensão e que a Justiça vem usando a sua força para atacar os conversadores e os
que pensam diferente do governo atual", diz o deputado Mauricio Marcon
(Podemos-RS).
Fonte: Estadão
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