DOHA/TEL
AVIV (Reuters) - As forças israelenses bombardearam áreas na cidade de Rafah,
na fronteira sul, onde mais da metade da população de Gaza está abrigada, nesta
quinta-feira, um dia depois que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeitou
uma proposta para acabar com a guerra no enclave palestino. As informações são
de Nidal al-Mughrabi e Humeyra Pamuk/Reuters.
Netanyahu
disse na quarta-feira que os termos propostos pelo Hamas para um cessar-fogo
que também envolveria a libertação de reféns mantidos pelo grupo militante
palestino eram "ilusórios" e prometeu continuar lutando, afirmando
que a vitória estava ao alcance e a apenas alguns meses de distância.
A
rejeição ocorreu após intensa diplomacia para pôr fim ao conflito de quatro
meses antes da ameaça de ataque israelense a Rafah, que agora abriga mais de um
milhão de pessoas, muitas delas em barracas improvisadas e com falta de
alimentos e medicamentos.
As
agências de ajuda humanitária alertaram para uma catástrofe humanitária se
Israel levar adiante sua ameaça de entrar em uma das últimas áreas
remanescentes da Faixa de Gaza, para a qual suas tropas não se deslocaram
durante a ofensiva terrestre.
O
secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na quarta-feira que entrar em
Rafah, na fronteira com o Egito, "aumentaria o que já é um pesadelo
humanitário com consequências regionais incalculáveis".
Israel
diz que toma medidas para evitar vítimas civis e acusa os militantes do Hamas
de se esconderem entre os civis, inclusive em abrigos de escolas e hospitais, o
que leva a mais mortes de civis. O Hamas nega.
Aviões
israelenses bombardearam áreas em Rafah na manhã de quinta-feira, segundo
moradores, matando pelo menos 11 pessoas em ataques a duas casas. Tanques
também bombardearam algumas áreas no leste de Rafah, intensificando os temores
dos moradores de um ataque terrestre iminente.
"Estamos
de costas para a cerca (da fronteira) e de frente para o Mediterrâneo. Para
onde devemos ir?", disse Emad, de 55 anos, um deslocado que é pai de seis
filhos.
"Não
há lugar para onde ir. Mais de um milhão estão fazendo essa pergunta hoje; para
onde devemos ir?", declarou Emad à Reuters por meio de um aplicativo de
bate-papo.
PRESSÃO
DIPLOMÁTICA
Apesar
da rejeição de Israel à proposta do Hamas, mais conversações estão planejadas e
o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em sua quinta viagem à região
desde o início da guerra, disse que vê espaço para mais negociações.
Em
uma coletiva de imprensa realizada tarde da noite em um hotel de Tel Aviv na
quarta-feira, Blinken afirmou que os elementos da proposta apresentada pelo Hamas
continham "pontos não obrigatórios" claros, sem dizer quais eram.
"Mas
também vemos espaço no que foi apresentado para prosseguir com as negociações,
para ver se podemos chegar a um acordo. É isso que pretendemos fazer",
disse ele.
Uma delegação do Hamas, liderada pelo oficial sênior Khalil Al-Hayya, chegou ao Cairo na quinta-feira para conversações sobre o cessar-fogo com o Egito e o Catar, os mediadores na mais recente investida diplomática.
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