Cerca
de 24,3% da população brasileira ainda permanecia com condições precárias de
esgotamento sanitário, em 2022. A porcentagem corresponde a 49 milhões de
pessoas sem qualquer tipo de acesso a saneamento básico de qualidade, conforme
Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Os números mostram que as restrições de acesso a saneamento
básico eram maiores entre jovens, pretos, pardos e indígenas. Já entre os
serviços, a coleta de esgoto foi considerada a mais difícil por necessitar de
uma estrutura mais cara do que as demais.
Na
opinião do técnico de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e
Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea Gesmar Rosa dos
Santos, é muito mais difícil construir sistemas maiores de abastecimento de
água em áreas com codições precárias de moradia e para muitas pessoas ao mesmo
tempo.
“Para
levar água, em geral, tem poços cisternas, soluções individuais. Ou então
próximos de rios, próximos de açudes. Os ribeirinhos também captam de água de
chuva. As pessoas dão a sua própria solução individualizada. Tem os vilarejos
rurais, os centros comunitários, onde tem mais moradias próximas e aí são
possíveis soluções chamadas coletivas”, relata.
O
acesso à coleta de lixo é mais limitado nos municípios com menor contingente
populacional, segundo dados do Censo. Somente 78,9% da população residia em
domicílios com coleta de lixo, nas regiões com menos de 5.000 habitantes. No
entanto, os municípios com 500.001 ou mais habitantes, a coleta de lixo chegava
a 98,9% das pessoas. Foram 3.505 municípios brasileiros com menos da metade da
população morando em domicílios com coleta de esgoto, enquanto 2.386 municípios
residiam em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica.
Percy
Soares Neto, diretor executivo da ABCON SINDCON (associação das operadoras
privadas de saneamento), entende que o marco legal do saneamento é a
oportunidade para que essas regiões — que carecem de serviços melhores
— consigam ter condições adequadas de moradia.
“O
emprego dessas soluções alternativas é recebido pelo marco do saneamento, então
o marco do saneamento reconhece nessas situações que as soluções alternativas
devem ser implementadas e devem ser consideradas aí como soluções”, avalia.
De
acordo com o levantamento, apesar da proporção de domicílios com acesso à rede
de coleta de esgoto no Brasil alcançar 62,5% em 2022, registrando aumento em
relação a 2000 (44,4%) e 2010 (52,8%), 49,0 milhões de pessoas (24,3%) ainda
usavam recursos precários de esgotamento sanitário.
Com
a aprovação da lei nº 14.026/2020, o governo federal ficou responsável pela
regulamentação do setor de saneamento. Em 2022, o Congresso Nacional aprovou o
Novo Marco Legal do Saneamento na tentativa de aperfeiçoar os serviços no
Brasil — e ainda garantir que 99% da população tenha água potável disponível e
90%, coleta e tratamento de esgotos até 2033.
Fonte: Brasil 61
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