A ministra da Saúde, Nísia Trindade, decidiu exonerar nesta quarta-feira, 21, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes. Nésio era pressionado por líderes partidários e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que estavam insatisfeitos com a distribuição de verbas da pasta. Segundo três fontes das Pasta ouvidas pelo Estadão, a decisão será publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 22.
Médico
sanitarista, Nésio Fernandes estava no cargo desde o início do governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No Ministério da Saúde, ele foi o encarregado de gerenciar
políticas relacionadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao programa Mais
Médicos.
Nesta
terça, Nésio se reuniu com subordinados, de acordo com relato de servidores que
participaram do encontro. Ele comunicou sua saída e explicou que a decisão foi
da ministra. O secretário visitou três diferentes prédios da Pasta para avisar
que estava deixando o cargo. O Estadão procurou a ministra Nísia
Trindade, mas ela não quis se manifestar. Nésio não atendeu às ligações.
Nésio
sofreu pressão de Lira antes de ser exonerado
A
Secretaria de Atenção Básica, chefiada por Nésio, era alvo de descontentamento
de líderes partidários na Câmara dos Deputados. No começo deste mês, o
presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), formulou um requerimento de
informações (RIC) destinado à ministra da Saúde questionando a pasta sobre os critérios
para a distribuição de verbas para serviços de média e alta complexidade (MAC)
e de pagamento de emendas parlamentares. O pedido de informações foi assinado
por líderes de outros seis partidos: PDT, Republicanos, União Brasil, PSDB,
Podemos e PL. É inusual que o presidente da Casa faça este tipo de
questionamento.
Apesar
do descontentamento dos parlamentares, o Ministério empenhou (isto é, reservou
para pagamentos) o equivalente a 98% do valor total das emendas apresentadas:
R$ 12,5 bilhões. A pasta também empenhou 91% do total das verbas remanescentes
do Orçamento Secreto. No Ministério da Saúde, essas verbas somavam R$ 2,67
bilhões em 2023. A partir do requerimento de Lira, especialistas em Orçamento
da Câmara e do Ministério da Saúde passaram a se reunir para rastrear o envio
de verbas por parte da pasta.
Antes
de chegar na pasta, Nésio foi o secretário de saúde do Espírito Santo, durante o primeiro mandato do governador
capixada Renato Casagrande (PSB). Em março de 2022, ele foi
eleito presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Filiado
ao PCdoB, Nésio tentou se eleger deputado estadual
por Tocantins, mas teve apenas 3.619 votos (0,48% dos votos
válidos) e não foi eleito.
Secretaria
de Nésio aprovou encontro com dança erótica no Ministério da Saúde
Em
novembro do ano passado, o Ministério da Saúde foi criticado após a repercussão de uma dança erótica em
um evento do Ministério da Saúde que custou quase R$ 1 milhão aos cofres
públicos.
Após
a veiculação da gravação, Nísia demitiu o diretor de Prevenção e Promoção da Saúde, Andrey Roosewelt
Chagas Lemos que, segundo a ministra, assumiu que esteve na produção
do evento. Porém, todas as etapas do processo contaram com a aprovação de Nésio,
que era o seu superior hierárquico.
O
evento se chamava “Em Prosa - 1º Encontro de Mobilização da Promoção da Saúde
no Brasil”, e ocorreu em Brasília nos dias 04 a 06 de outubro de 2023. Na
agenda, uma dançarina fazendo uma performance de dança erótica no centro do
palco ao som do hit Batcu, da drag queen Aretuza Lovi.[
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário