(*) JR Guzzo
O
conglomerado composto pelo STF, pela Polícia Federal e pelo esquadrão radical
do PT que governa o Brasil de hoje decidiu, definitivamente, que o maior
problema do país, e talvez o único que realmente lhes interessa, é o
ex-presidente Jair Bolsonaro. Faz mais de um ano que Bolsonaro não está mais na
Presidência da República.
O
Supremo, através da sua milícia eleitoral, decretou que ele não pode mais ser
candidato a nenhum cargo público. Não há uma única questão de governo, por mais
remota que seja, em que o ex-presidente tenha qualquer tipo de influência. Em
suma: ele é um ex, e como todo ex, não pode decidir absolutamente nada, e nem
exercer influência alguma. Mas continua sendo a obsessão de Lula, da vara penal
operada pelo ministro Alexandre de Moraes e do STF como um todo.
Parecem
jogar tudo, neste momento, na transformação de uma mentira grosseira em
política de Estado – estão oficializando o “8 de janeiro” como um “golpe para
derrubar o governo Lula”
Decidiram,
agora, apreender o seu passaporte – depois de terem feito batidas policiais às
6 horas da manhã na casa de um dos filhos, de montarem uma encenação sobre
“joias ilícitas” que não resultou em nada e anunciarem a sua prisão iminente
(“Vai dormir hoje na cadeia”, disse o departamento de propaganda do governo num
de seus programas de televisão.) A última, já no terreno da palhaçada
explícita, é a inquisição em que a PF e o Ministério Público querem acertar o
ex-presidente com a prodigiosa suspeita de que ele incomodou uma baleia no
litoral de São Paulo. É isso: num dos países mais destruídos pelo crime em todo
o planeta, a suprema polícia do governo está mobilizada pelo “caso da baleia”.
Essa
ideia fixa é mais uma prova material do fracasso cada vez mais visível do
governo – resultado direto da incompetência sem limites de Lula e de tudo o que
vem junto com ele, da ausência de qualquer projeto sério de ação pública e do
colapso moral do sistema. Depois de um ano inteiro sem produzir nada de útil
para o Brasil, e de falência geral da capacidade de governar, o regime Lula-STF
acha que a sua única opção real é fabricar um inimigo.
Parecem
jogar tudo, neste momento, na transformação de uma mentira grosseira em
política de Estado – estão oficializando o “8 de janeiro” como um “golpe para
derrubar o governo Lula” e acabar a democracia no país. Um ano inteiro de
inquéritos policiais, supressão de direitos e violação maciça da lei não
resultou, até agora, no mais miserável indício de “golpe” – o máximo que
conseguiram descobrir foi que as armas dos “golpistas” se resumiam a
estilingues e bolas de gude. O “chefe” de tudo, dizem Lula e o STF, foi
Bolsonaro.
A
tentativa desesperada de inventar um golpe de Estado que nunca aconteceu vem
numa hora conveniente para o governo: o Brasil acaba de ser exposto
internacionalmente como um dos países mais corruptos do mundo, obtendo em 2023
sua pior colocação em quase 30 anos. O ministro Dias Toffoli, particularmente,
foi posto no centro das atenções, por conta das suas inexplicáveis decisões em
favor de duas grandes empresas que trocaram por multas as penas de prisão que
os seus diretores teriam de cumprir pela prática de corrupção ativa. O STF não
tem nada a dizer. Lula não tem nada a dizer. O PT não tem nada a dizer. A única
saída que enxergam é montar o linchamento de Bolsonaro.
(*)
José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro,
colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste,
publicação da qual integra também o conselho editorial.
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