A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal)
Cármen Lúcia questionou nesta 4ª feira (13.mar.2024) as dificuldades impostas
por plataformas de redes sociais ao combate de fake news no país. Em
entrevista à GloboNews, a magistrada afirmou que as big techs já desempenham a
mesma função em países da Europa e, portanto, não teriam motivos para se opor
no Brasil.
“Se [as big techs] disserem que não poderão
cumprir as exigências do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por questões técnicas,
nada acontecerá. Mas elas têm sido capazes de cumprir na Europa, então por que
não fariam aqui? Nada foi colocado nas resoluções que não seja capaz de ser
tecnicamente cumprido. Nada foi colado que não tenha sido devidamente amadurecido”,
declarou a ministra.
Em 27 de fevereiro, o TSE aprovou a resolução
que versa sobre as responsabilidades das big techs em monitorar e retirar de
circulação informações falsas em redes sociais e aplicativos de mensagens.
Segundo o texto, a medida valerá para “fatos notoriamente inverídicos ou
gravemente descontextualizados que atinjam a integridade do processo
eleitoral”.
Como medida corretiva, as empresas deverão
divulgar conteúdo informativo que esclareça o conteúdo inverídico ou gravemente
descontextualizado. As peças também deverão ser removidas imediatamente das
redes sociais. A determinação inclui, além de desinformação, conteúdo
antidemocrático, racista, fascista ou que apresente comportamento ou discurso
de ódio.
Além de ser a relatora da resolução, Cármen
Lúcia será a sucessora do ministro Alexandre de Moraes no posto de presidente
da Corte Eleitoral. Será a responsável, portanto, por aplicar a medida durante
as eleições municipais deste ano.
Nesse contexto, também precisará lidar com as
resistências das empresas em tomar parte da responsabilidade sobre o tema,
posicionamento que ecoa desde a tramitação do PL das Fake News no Congresso
Nacional.
Dentre os argumentos citados pelas grandes
empresas está a dificuldade em rastrear conteúdos falsos compartilhados dentro
dos aplicativos de mensagens.
“Como as próprias plataformas dizem, eles já
conseguem retirar conteúdos de crimes devidamente identificados, como a
pedofilia. Por que uma mensagem notoriamente falsa eles não iriam conseguir
retirar?”, declarou Cármen. Para a ministra, o código de defesa do consumidor,
aprovado na década de 1990, deixa claro que o fornecedor deve ser responsável
pelos bens e serviços disponibilizados em seu espaço de venda.
“Quer dizer que o dono do botequim na esquina
tem responsabilidade se ele colocar uma bebida indevida, e a plataforma não
[responderá pelos conteúdos]? Gostaria que as plataformas viessem falar comigo,
porque vieram antes, foram a audiências públicas, e ninguém falou nisso [de dificuldade
técnica]”, afirmou.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário