PARIS/JERUSALÉM
(Reuters) - França e Alemanha se juntaram aos apelos, nesta sexta-feira, por um
inquérito independente sobre a morte de dezenas de palestinos que aguardavam
ajuda em Gaza, um incidente que, segundo a mídia israelense, pode enfraquecer a
posição internacional de Israel depois que as tropas dispararam contra a
multidão. A (Reportagem de John Irish, James MacKenzie, Rachel
More, Gabrielle Tetrault-Farber e Angus McDowall).
Autoridades
de saúde de Gaza disseram que as forças israelenses mataram mais de 100
palestinos que tentavam chegar a um comboio de ajuda humanitária perto da
Cidade de Gaza na quinta-feira.
Israel
atribuiu a maior parte das mortes às pessoas que se aglomeraram em torno dos
caminhões de ajuda, dizendo que as vítimas foram pisoteadas ou atropeladas. Uma
autoridade israelense também afirmou que as tropas haviam "em uma resposta
limitada" disparado posteriormente contra pessoas que consideravam uma
ameaça.
O
incidente ressaltou a profundidade da crise humanitária e o colapso das
entregas ordenadas de ajuda em áreas do norte de Gaza ocupadas pelas forças
israelenses como parte de sua resposta ao ataque mortal a Israel pelo grupo
militante palestino Hamas em 7 de outubro.
O
presidente francês, Emmanuel Macron, expressou "profunda indignação"
e a "mais forte condenação desses ataques a tiros". Seu ministro das
Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, disse que Paris apoiaria uma
investigação independente solicitada pelo secretário-geral da ONU, António
Guterres.
A
ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que
"o Exército israelense precisa explicar completamente como o pânico em
massa e o tiroteio podem ter acontecido".
O
aliado mais próximo de Israel, Estados Unidos, também pediu uma investigação
completa, dizendo que o incidente mostra a necessidade de "expandir a
ajuda humanitária em Gaza".
O
Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou nesta sexta-feira que a
morte de pessoas que buscavam ajuda humanitária em Gaza foi um
"massacre" e que a comunidade internacional precisa "dar um
basta" já que, segundo a pasta, o governo do primeiro-ministro de Israel,
Benjamin Netanyahu, mostrou que "não tem qualquer limite ético ou
legal".
Em
Israel, um artigo de opinião no site de notícias online N12 disse que o
incidente ressaltou a falta de qualquer administração civil ou estado de
direito em Gaza, e que isso "pode colocar Israel em uma posição difícil em
termos de legitimidade para continuar a luta".
Um
colunista do maior jornal diário Yedioth Ahronoth declarou que,
independentemente do que aconteceu na entrega da ajuda, a imagem que o mundo
reteria seria a de centenas de pessoas "famintas e desesperadas",
incluindo mulheres e crianças, atacando a comida e sendo alvejadas por soldados
israelenses.
"Alguns
acham que esse incidente criará um ponto de virada na guerra... exercerá uma
pressão internacional que Israel não conseguirá suportar, inclusive por parte
da Casa Branca", disse.
A
guerra começou em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas invadiram Israel a
partir de Gaza, matando 1.200 pessoas e fazendo 253 reféns, de acordo com os
registros israelenses.
Desde
então, a campanha militar israelense já matou mais de 30.000 palestinos em
Gaza, segundo as autoridades de saúde do enclave governado pelo Hamas.
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