(*) Percival Puggina
Vivas!
Pararatimbum bum-bum! Parará bum! Parará bum! Aplausos, foguetes! Dia
inesquecível, brasileiros. Dia 15 de março, a nação conheceu o primeiro
inocente do dia 8 de janeiro. Momentos de comoção nacional.
O
futuro está em suas mãos, Geraldo Filipe. Num país de tantos culpados e milhões
de suspeitos, você é um brasileiro inocente! O PT deveria convidá-lo para
integrar seu Diretório. Pessoas com tais méritos são sempre necessárias nesses
colegiados. Nas presentes circunstâncias da Justiça em nosso país, você é um
ícone. Perdeu meses de vida, mas não se aborreça, pois isso é nada frente ao
valor desse documento fornecido por 11 ministros do Supremo, sonho de consumo
para tantos brasileiros.
Saibam
os leitores destas alegres linhas. Ele se chama Geraldo Filipe da Silva e era
morador de rua até ser transferido para a Papuda. Ali, foi indiciado por coisas
gravíssimas como “abolição violenta do Estado Democrático de Direito” e
desfrutou da imensa honra de ser julgado pelo topo do Poder Judiciário
brasileiro. Geraldo teve mais sorte que o Clezão. Teve mais sorte que centenas
de outros.
Por
muito tempo, Geraldo Filipe será um símbolo em matéria de inocência. Virado do
avesso não pinga um vintém. Recentemente, o Brasil produziu, é verdade, uma
extensa lista de “inocentes” que nada devem à Justiça, como diria a Globo, mas
eram todos endinheirados. Não eram moradores de rua. Receberam seu alvará no
coletivo, quase anônimos no interior de imenso pacote envolto por laço de fita
bordado onde se lia “Morte à Lava Jato!”.
Geraldo,
não. Ele é inocente na pessoa física. Conseguiu, mesmo assim, na simplicidade
de morador de rua, ultrapassar a fila e subir para as manchetes. Foi necessário
um ano e pouco de sua vida para sair da repulsiva e gravíssima condição de
morador de rua golpista para o brilhante placar de 11 a zero no STF. Há
luminares do Grupo Prerrô que dariam, se não um braço, ao menos a manga de seu
Armani por algo assim.
(*)
Arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do
Rio Grande do Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e
em outros websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara,
Diário do Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma
centena de jornais.
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