Direita vence as eleições em Portugal, diz boca de urna; ultradireita mostra força

 


Com a menor abstenção em mais de uma década, os portugueses foram às urnas neste domingo (10) em eleições antecipadas para escolher seu novo Parlamento. Pesquisas de boca de urna divulgadas logo após o encerramento da votação, às 17h de Brasília, indicam vitória da AD (Aliança Democrática), coligação dos partidos da direita tradicional lusa.


Pela sondagem do ICS/ISCTE para a emissora SIC, a AD teve entre 27,6% e 31,8% dos votos, com projeção de eleger de 77 a 89 deputados na Assembleia, que tem 230 cadeiras.


No poder desde 2015, o PS (Partido Socialista) vem em segundo lugar, com entre 24,2% e 28,4% da previsão de votos, o que resultaria em uma bancada entre 68 e 80 deputados.


A legenda de ultradireita Chega confirma a terceira colocação apontada nas pesquisas e mostra força, com entre 16,6% e 20,8% dos votos. O desempenho indica um aumento expressivo da bancada, dos atuais 12 deputados para entre 44 e 54 parlamentares.


Com 49% das urnas apuradas, os resultados parciais indicam a AD na liderança (33%), seguida pelo PS (28,75%) e pelo Chega (19,23%).


A vitória da Aliança Democrática, contudo, não significa automaticamente que seu líder, Luís Montenegro, presidente do PSD (Partido Social Democrata), será o novo primeiro-ministro.


No sistema eleitoral luso, vota-se no partido, e não diretamente no candidato. Após a definição dos assentos parlamentares, as bancadas podem fazer acordos e coligações que sustentem outros arranjos governativos. Por isso, a composição total do Parlamento importa para a formação do Executivo.


Tradicionalmente, o partido mais votado indica o premiê, mas isso não é obrigatório. Em 2015, o Partido Socialista chegou ao poder mesmo tendo ficado na segunda colocação, graças a uma inédita união pós-eleitoral dos partidos de esquerda, apelidada pejorativamente de geringonça devido à aparente fragilidade do entendimento.


As primeiras projeções indicam que a soma dos partidos de direita é superior à dos de esquerda, puxada sobretudo pelo crescimento do Chega.


Luís Montenegro, líder da AD, contudo, repetiu durante a campanha que não pretendia governar com o apoio da ultradireita. A depender dos resultados finais, porém, um arranjo sem a legenda será um desafio.


Previsto para acontecer apenas em 2026, o pleito foi convocado de forma antecipada após a queda do premiê António Costa, que renunciou em novembro, quando uma investigação de corrupção em negócios do setor de transição energética atingiu o núcleo de seu governo.


A inesperada crise política pegou os próprios partidos de surpresa, uma vez que a confortável maioria absoluta dos socialistas, com 120 dos 230 assentos parlamentares, poderia premir a conclusão da legislatura sem sobressaltos.


Folha de São Paulo


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