Nomes de fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró já aparece na lista da Interpol — Foto: Reprodução
Investigação da Polícia Federal aponta que as circunstâncias da fuga dos dois detentos na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, "sugerem fortemente" a possibilidade de ocorrência dos crimes de facilitação de fuga, além de dano qualificado.
Segundo
documento ao qual a reportagem teve acesso, a polícia relata ao menos quatro
indícios da tese. O primeiro se refere às barras de metal usadas para retirar a
luminária da parede da cela. Foi a partir daí que os dois chegaram ao local da
manutenção do presídio, onde estão máquinas, tubulações e toda a fiação,
conhecido como shaft.
Nas
celas dos presos e na laje do telhado em cima das celas foram encontrados os
objetos de metal provavelmente usados como ferramentas para retirar as
luminárias existentes nas celas. Pelo menos um desses metais seria compatível
com vergalhões utilizados na reforma em andamento, sugerindo que o instrumento
tenha sido, na verdade, introduzido na cela. A polícia aguarda laudo da polícia
sobre isso.
Através
desse duto de manutenção, os fugitivos subiram uma escada e alcançaram o
telhado da penitenciária, removeram a telha e desceram pela parte externa do
prédio até chegar ao tapume referente a uma obra em andamento, que fica próximo
à cerca.
Um
segundo indício é que foi justamente nesse tapume que os dois presos
conseguiram encontrar ferramentas de corte usadas para romper a cerca do
perímetro interno. Em seguida, também romperam a cerca do perímetro externo e
fugiram.
Outro
indício, na visão da investigação, é o fato de os fugitivos terem conseguido se
dirigir a um tapume na escuridão. Um poste que deveria iluminar toda aquela
área estava desligado pelo disjuntor.
Nesse
ponto, há um quarto indício. Mesmo no breu, os fugitivos foram capazes de
encontrar ao menos um alicate. A polícia considera provável que a ferramenta
tenha sido deixada no local justamente para romper as cercas.
A
investigação aponta que as imagens da ação dos fugitivos para retirar a
luminária também sugerem que tenha sido um trabalho demorado e sincronizado,
supostamente perceptível mediante simples revista na cela.
Como
a Folha de S.Paulo mostrou, a suspeita é que não estavam sendo feitas revistas
diárias nas celas ou nos detentos.
De
acordo com a polícia, até o momento não existem registros ou informações que
indiquem apoio imediatamente após a fuga.
Entretanto,
a investigação da Polícia Federal aponta que a facção Comando Vermelho está
bancando uma rede de apoio destinada a ajudar os dois detentos que escaparam da
penitenciária federal.
Essa
rede auxilia os fugitivos a se manterem em áreas rurais com apoio de
alimentação, bebidas, transporte e possivelmente armas de fogo. Ela teria
começado após o contato dos detentos por meio de dois celulares no dia 16 de
fevereiro.
Desde
o início das buscas, ao menos seis pessoas já foram presas. Um homem foi preso
nesta quinta-feira (29) no Ceará sob suspeita de ajudar os dois presos.
Investigadores
disseram que o homem seria um "parceiro forte" dos fugitivos, mas não
quiseram especificar qual ajuda exatamente estaria prestando.
A
polícia suspeita que os dois fugitivos continuam recebendo ajuda do lado de
fora do presídio. Um indício seria o fato de não ter sido registrada nova
movimentação deles na região.
Policiais
dizem acreditar que eles ainda estejam no Rio Grande do Norte, e as buscas se
intensificaram na divisa do estado com o Ceará. A procura pelos dois detentos
completa 17 dias nesta sexta (1º).
Cerca
de 600 policiais estão envolvidos nas operações, incluindo cem integrantes da
Força Nacional. Helicópteros e drones são usados nas buscas.
A
área de ação envolve cavernas e matas, locais com grande incidência de animais
peçonhentos e chuvas frequentes, o que tem desafiado as equipes. A região de
Mossoró conta com mais de 300 cavernas e grutas mapeadas, que podem acomodar
apenas uma pessoa e até serem aptas a ampla exploração.
Fonte: Folha de São Paulo
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