O
presidente Lula pode entrar na história conjunta da ciência política e
psiquiátrica como um personagem que soube, melhor que qualquer outro, construir
uma carreira sustentada só pela mentira. O princípio ativo, aí, é basicamente o
seguinte: sempre que aparecer uma verdade, seja lá qual for, diga o contrário.
Lula faz isso há 40 anos, sem falhar nunca, e está pela terceira vez na
Presidência da República.
É
verdade que, antes de chegar lá, ele perdeu três eleições para presidente já no
primeiro turno, ficou quase dois anos na cadeia por corrupção passiva e deu ao
Brasil uma Dilma Rousseff completa. As rosas, como se sabe, sempre vêm com
espinhos – mas, feitas todas as contas, Lula está no lucro, e isso veio direto
de sua capacidade sobrenatural de se dar bem dizendo automaticamente a mentira
para todos, o tempo todo, e a respeito de todos os assuntos.
Lula
levou o seu sofá e o PT incluiu mais um crime no currículo de Bolsonaro, junto
com o “golpe de Estado” e a importunação de baleias.
Sua
última grande realização, nessa história de superação permanente, é a lenda dos
“móveis do palácio”. Lula e Janja, como consta no registro dos fatos, acusaram o
ex-presidente Jair Bolsonaro de furtar a mobília do Alvorada; além de genocida,
fascista e monstro-geral da República, também era ladrão de móveis. “Levaram
tudo”, acusou ele – logo ele, que alugou um armazém inteiro em São Paulo para
guardar os containers que carregou consigo ao terminar o seu segundo mandato.
Foi
feita até uma conta pretensamente exata: 261 objetos teriam sumido do Palácio
do Planalto. Que horror, não? Janja levou uma de suas propagandistas na
imprensa para “constatar” e mostrar na televisão mais esse crime. Por conta da
“falta de condições” mínimas de moradia, o primeiro casal, então, passou as
primeiras semanas de governo torrando milhões num hotel de luxo de Brasília – e
200 mil reais nos inesquecíveis sofás, camas “king size” etc. que logo
compraram para o palácio.
Como
sempre, era tudo mentira em estado bruto. Em setembro de 2023, após dez meses
de buscas, o governo foi obrigado a reconhecer que os seus investigadores
tinham encontrado, lá mesmo no Alvorada, todos os 261 itens falsamente furtados
– não estava faltando nem um coador de café. A invenção veio a público agora,
mas e daí? A mentira já está contada, Lula levou o seu sofá e o PT incluiu mais
um crime no currículo de Bolsonaro, junto com o “golpe de Estado” e a
importunação de baleias no litoral de São Paulo.
E
a acusação pública que ele fez: “Levaram tudo?” É melhor não falar nisso. O
inquérito perpétuo do ministro Alexandre de Moraes e da Polícia Federal para a
repressão de “atos antidemocráticos” pode achar que é “desinformação”; aí o
sujeito vai acabar com uma batida policial às 6 horas da manhã em sua casa, a
apreensão do celular e um processo que o seu advogado não poderá ver.
Fonte: Gazeta
do Povo
(*) José Roberto Guzzo,
mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos
jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da
qual integra também o conselho editorial.
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