Em três décadas, número de pessoas abaixo do peso caiu, enquanto aquelas com sobrepeso e obesidade aumentaram
O
mundo atingiu a marca de 1 bilhão de pessoas vivendo com obesidade em 2022,
segundo um estudo publicado no periódico científico The Lancet, considerado o
principal do meio médico.
Em
1990, as estimativas de saúde apontavam para 195 milhões de adultos com
obesidade, número que saltou para 879 milhões em 2022. Já em relação às
crianças e aos adolescentes, em 1990 era estimado um total de 31 milhões de
jovens de até 17 anos com obesidade, passando para 125 milhões em 2022 (um
aumento de mais de 300%).
Há,
também, diferenças significativas quanto ao gênero, sendo que a obesidade afeta
hoje mais mulheres adultas do que homens, enquanto nas faixas etárias mais
jovens (até 17 anos), os meninos apresentam mais obesidade.
Na
pesquisa, a proporção de mulheres vivendo com obesidade em 1990 era de 8,8%,
passando para 18,5% em 2022, enquanto os homens adultos tinham uma prevalência
de 4,8%, passando para 14% no mesmo período. Já em relação às crianças, a
prevalência de obesidade quadruplicou nas meninas (de 1,7% para 6,9%) e meninos
(2,1% para 9,3%).
O
estudo foi conduzido pela Colaboração de Fator de Risco de Doenças Não
Transmissíveis (NCD, na sigla em inglês) em conjunto com a OMS (Organização
Mundial da Saúde). Os cientistas analisaram a relação entre peso e altura (para
o cálculo do chamado IMC, ou índice de massa corpórea) de mais de 220 milhões
de pessoas com cinco anos ou mais de 190 países em três décadas. Mais de 1.500
especialistas colaboraram com a pesquisa.
Apesar
de não ser um índice recomendado por médicos para avaliar se uma pessoa é
obesa, o IMC é uma ferramenta utilizada em estudos epidemiológicos para avaliar
o fator de risco de determinada população para as demais doenças associadas à
obesidade.
O
IMC é dado pelo peso dividido pela altura ao quadrado. Para serem incluídos
como obesos, a pesquisa considerou adultos com IMC maior ou igual a 30. No caso
das crianças e adolescentes, como esse índice varia significativamente com a
idade e o sexo, os pesquisadores não definiram um único valor como limite para
ser considerado com sobrepeso ou não.
Em
33 anos, a população global de mulheres obesas saltou de 128 milhões para 504
milhões. Já em relação aos homens, o número passou de 67 milhões para 374
milhões.
A
pesquisa também analisou a proporção de pessoas abaixo do peso e viu, ao
contrário do que se esperava, um aumento de pessoas desnutridas, passando de 45
milhões, em 1990, para 183 milhões em 2022, em relação às mulheres, e de 48
milhões para 164 milhões de homens.
No
mesmo período, houve uma redução mundial de crianças abaixo do peso nas
crianças e adolescentes, o que pode ser considerado um sucesso de programas de
combate à desnutrição infantil. A proporção de meninas consideradas abaixo do
peso caiu de 10,3%, em 1990, para 8,2% em 2022, e de 16,7% para 10,8%, no caso
dos meninos.
De
acordo com o pesquisador sênior do estudo, Majid Ezzati, do Imperial College de
Londres, é sintomático que o mundo esteja vivendo uma “epidemia de obesidade”.
“É muito preocupante que o aumento da obesidade evidenciado entre 1990 até 2022
agora esteja se espelhando também nas crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo,
centenas de milhões de adultos ainda são afetados pela desnutrição,
especialmente nos países mais pobres”, afirmou.
Segundo
ele, são necessárias políticas públicas para lidar com os dois extremos de
saúde, uma vez que são duas formas de má nutrição. “É fundamental aumentar
significativamente a disponibilidade e a acessibilidade de alimentos nutritivos
e saudáveis”, disse.
No
texto, os autores afirmam que países de baixa e média renda tiveram o maior
crescimento nas últimas décadas, superando a prevalência de obesidade de países
de alta renda industrializados. Isso demonstra como, nestes locais, o aumento
do consumo de produtos considerados ultraprocessados e a redução na promoção de
saúde, como medidas que visam implementar a atividade física e práticas
saudáveis, afetam a saúde populacional.
De
acordo com Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, o novo estudo revela a
importância de prevenir e o manejo do sobrepeso nos primeiros anos de vida. “É
um compromisso da OMS trabalhar com os governos e comunidades para apoiar ações
de redução da obesidade. Mais importante, tais medidas precisam de ações
conjuntas do setor privado, especialmente a indústria alimentícia, que deve ser
responsabilizado pelo impacto na saúde de seus produtos.”
Fonte: Folhapress
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário