Considerado
o tipo sanguíneo mais raro do mundo, estima-se que o RH nulo ou, como é
conhecido, sangue dourado, acomete menos de 50 pessoas em todo o mundo. No
Brasil, há conhecimento de pelo menos dois casos, segundo dados do Ministério
da Saúde.
Para
entender melhor as características e implicações aos portadores desse grupo, a
Dra. Maria Cristina Pessoa dos Santos, hemoterapeuta chefe da agência
transfusional do Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, gerido pelo CEJAM em
parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro tira dúvidas
sobre a classificação dos tipos sanguíneos de maneira geral.
Ela
explica que os diferentes tipos sanguíneos são definidos pelos antígenos que
eles carregam, que são as proteínas presentes nos glóbulos vermelhos
(hemácias). Atualmente, existem 44 sistemas de grupos sanguíneos reconhecidos,
contendo 354 antígenos de hemácias.
“Essas
classificações são muito importantes, pois determinam, de acordo com sua
presença ou ausência no sangue, de quem um indivíduo pode receber ou para quem
pode doar sangue”, destaca.
Segundo
a especialista, o sangue do tipo A é considerado o mais comum no Brasil, seguido
pelo tipo O. Entre os menos incidentes estão os tipos B e AB. “Estudos indicam
que apenas 8% da população brasileira possui sangue tipo B, incidência ainda
menor para o tipo AB.”
Já
o sangue dourado ocorre quando as hemácias não contam com nenhum tipo de
antígeno RhD, o que o torna, ao mesmo tempo, muito especial e perigoso para
quem o possui.
“Sem
o fator RH, o indivíduo seria, teoricamente, o verdadeiro doador universal, uma
vez que seu sangue não terá conflito com os antígenos existentes nos outros tipos
sanguíneos, desde que seja respeitado o sistema ABO. No entanto, suas hemácias
têm vida média mais curta e apresentam um certo grau de anemia. Eles só devem
doar para outras pessoas com o mesmo fenótipo, pois estes só podem receber
sangue desse mesmo grupo, o que, devido à sua raridade, pode se tornar um
grande risco à sua vida”, detalha.
A
médica destaca que esse tipo de sangue ocorre quando pai e mãe possuem a mesma
mutação genética. É o caso das duas brasileiras que fazem parte do grupo e –
ambas são irmãs, sendo uma moradora do Rio de Janeiro (RJ) e outra de Juiz de
Fora (MG), e monitoradas pela equipe do Cadastro Nacional de Sangue Raro
(CNSR), do Ministério da Saúde, que centraliza as informações de doadores raros
registrados nos hemocentros públicos do país.
Dra.
Maria Cristina ressalta que pessoas com sangue dourado devem ter sua saúde
acompanhada de perto, uma vez que há riscos de desenvolverem anemia devido à
fragilidade da estrutura dos glóbulos vermelhos.
O
ideal, segundo ela, é realizar o congelamento das hemácias de tipos raros de
sangue, a fim de assegurar uma reserva para possíveis casos de transfusão.
“Hemácias
não congeladas duram apenas 42 dias, o que inviabiliza uma doação emergencial
quando se precisa buscar um doador em outro país. No caso das duas brasileiras,
caso uma delas necessite de sangue e a outra esteja impossibilitada de doar, o
ideal é que possamos recorrer a um estoque reserva”, frisa.
Fonte: Comunicação,
Marketing e Relacionamento (CEJAM)
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