(crédito: Divulgção/CBMDF)
A
morte de uma adolescente de 17 anos, durante um racha, coloca luz a uma
discussão propagada pela sociedade. A frase: "álcool e direção não
combinam", não serviu para o entendimento de Rafael Alves de Oliveira, 33.
Embriagado, o vendedor conduzia o carro em que a menor Letícia Maria Barroso
Camargo estava. A uma velocidade de quase 140km/h, ele colidiu o veículo
contra um caminhão de lixo, deixou uma garota morta e outras seis feridas. Para
além das ações de conscientização, evitar fatalidades e crimes como esses
dependem de medidas severas, como a intensificação nos pontos de bloqueio e a
punição perante a lei, avaliam os especialistas.
Em
média, 71 motoristas foram autuados, por dia, dirigindo bêbados no
Distrito Federal, é o que revela o balanço do Departamento de Trânsito (Detran)
de 2023, quando foram aplicadas 25.778 multas. Em 2024, de janeiro a março,
em média, 56 motoristas são multados, diariamente, dirigindo sob efeito de
álcool, contabilizando um total de 5.106 autuações desse porte.
Os
dados mostram queda, se comparados ao mesmos períodos de 2023 e 2022
(5.469 e 8.319 autuações, respectivamente) (veja Infrações).
Clever
de Farias, diretor de Policiamento e Fiscalização de Trânsito do Detran-DF,
avalia que os dados são reflexo das ações de enfrentamento por parte das forças
de segurança e, também, por mudança cultural na sociedade, que, embora lenta,
segue em ritmo positivo. "Nós (do Detran) não comemoramos a redução dos números,
mas os vemos com entusiasmo, porque isso reflete uma mudança de comportamento
do condutor. A pessoa faz uma opção por beber e dirigir. A nossa intenção não é
multar, mas conscientizar e mostrar que estamos presente", explica.
É
a mão na consciência que faz o motorista deixar o carro na garagem e optar por
outros meios de transporte para ir a um local onde vá ingerir bebida alcoólica,
sejam eles o ônibus, os carros por aplicativos, metrôs ou sejam táxis. A
intensificação das blitzes tende a diminuir os flagrantes de motoristas
bêbados, argumenta Clever. "Isso ocorre justamente por fazermos um
trabalho educativo. A intenção é que a pessoa tenha essa mudança e entenda que
o risco é muito grande. É um perigo para o motorista e para o próximo. É
comprovado que a pessoa embriagada perde o reflexo, fica eufórica e pode
aumentar a velocidade do veículo, vindo a causar graves acidentes."
Clever
acredita que, em um período de médio a longo prazo, os números de flagrantes
por alcoolemia ao volante sejam zero e que essa mudança de hábito seja
comparada a como andar de motocicleta equipado com capacete, parar na faixa de
pedestres ou, até mesmo, usar o cinto de segurança.
Bafômetros
Nenhuma
das operações de blitzes do Detran-DF são direcionadas especificamente a
motoristas bêbados. Em qualquer ponto de bloqueio montado durante o dia ou à
noite, os condutores passam pelo teste de bafômetro. O problema está longe de
ser a multa de quase R$ 3 mil, mas sim colocar em risco da vida de pessoas
inocentes, como foi o caso de Letícia Maria, morta em 2023.
Na
madrugada de 21 de dezembro do ano passado, Rafael, o condutor do Jetta em que
Letícia e outras seis garotas estavam, colidiu na traseira de um caminhão de
lixo. Antes do grave acidente, o grupo ficou por cerca de quatro horas em um
bar de Taguatinga. Vídeos colhidos pela investigação mostraram Rafael com
fortes indícios de embriaguez.
Na
volta, Rafael conduzia o veículo a cerca de 140km/h, segundo relataram
testemunhas à polícia. Seis garotas estavam no banco de trás, enquanto Letícia
e uma outra menina ficaram no banco do passageiro. Antes da colisão, uma das
filmagens mostrou o vendedor em disputa de racha com um outro carro. Ele se
negou a fazer o teste do bafômetro no local do acidente, não prestou depoimento
à polícia e tentou fugir.
Em
5 de abril, o motorista Allan das Chagas Araújo, 32, foi preso após dirigir
bêbado e atropelar cinco ciclistas, no Trecho 14, do Setor de Indústria e
Abastecimento (SIA). Segundo as investigações, ele conduzia o carro em alta
velocidade. Em 2012, ele foi condenado a dois anos de prisão em regime aberto
por atropelar e matar um pedestre. Na época, Allan atingiu um homem que ajudava
um amigo a consertar um caminhão no acostamento da estrada.
Apesar
de ter admitido ter ingerido bebida alcoólica, Allan não passou pelo teste de
bafômetro no local do acidente que vitimou os cinco ciclistas. A recusa ao
teste do bafômetro resulta, mesmo assim, na multa de R$ 2.934,70, além
de sete pontos descontados da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e a suspensão
por 12 meses para dirigir. A determinação segue o artigo 165-A do Código de
Trânsito Brasileiro (CTB).
Efeito
Engana-se
quem acha que uma pequena quantidade de álcool não será capaz de atrapalhar a
capacidade cerebral de uma pessoa. Mesmo que o consumo seja na menor
porcentagem possível, não há um limite seguro. É ingerir e ter a funções
visuais e a coordenação motora comprometidas, seja no trânsito ou em qualquer
outra atividade.
Malthus
Galvão, médico e ex-diretor do Instituto de Medicina Legal (IML), explica sobre
como o álcool afeta o funcionamento do corpo, mesmo quando ingerido em pouca
quantidade. O especialista, que também é professor da Universidade de Brasília
(UnB), cita como exemplo um experimento feito por ele há alguns anos. Três cobaias
participaram do teste e foram submetidas às mesmas provas: embriaguez,
bafômetro e direção. Lúcidos, o trio foi aprovado.
Depois,
os participantes foram desafiados a tomar uísque. "Meia hora depois, eles
foram reprovados em todos os testes. Na direção, atropelaram cones e saíram com
freio de mão puxado. O que mais me impressionou foi a forma em como eles
estavam confiantes em si mesmos. Para eles, tomar um pouco da bebida não
resultaria em nada", afirmou.
O médico explica que o álcool gera efeito paradoxal, diminui a capacidade motora, a atenção, a visão e pode gerar a sensação de que a pessoa está muito bem. "As pessoas alcoolizadas perdem a percepção de que estão bem. Se analisarmos a velocidade de respostas, de ver, olhar, ou, por exemplo, interpretar uma criança na pista, até que ela resolva parar o carro, freie, perdeu um segundo. O motorista sob efeito de álcool, o tempo de reação fica muito aumentado", analisa.
Na
avaliação do professor, os locais da blitz deveriam ser divulgados
publicamente, pois, segundo ele, o ideal não é que a pessoa seja flagrada
bêbada ao volante, mas que evite dirigir ao consumir álcool.
O
que diz a lei
Infração
gravíssima;
Multa de R$ 2.934,70 (dobrada para R$ 5.869,40 se reincidente em um período de 12 meses);
Sanção administrativa de suspensão do direito de dirigir por 12 meses (após
processo administrativo com direito à defesa).
Fonte: Correio Brasiliense
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