JERUSALÉM (Reuters) - As forças armadas de Israel estão prontas para retirar os civis palestinos de Rafah e atacar redutos do Hamas na cidade do sul da Faixa de Gaza, disse uma autoridade sênior da Defesa israelense nesta quarta-feira, apesar dos avisos internacionais sobre o risco de catástrofe humanitária. As informações são de Dan Williams; reportagens adicionais de Andrew MacAskill e Nidal al-Mughrabi)
Um
porta-voz do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel
estava "indo em frente" com uma operação terrestre, mas não informou
um cronograma.
A
autoridade disse que o Ministério da Defesa de Israel havia comprado 40.000
tendas, cada uma com capacidade para 10 a 12 pessoas, para abrigar palestinos
realocados de Rafah antes de um ataque.
Um
vídeo que circula na internet parece mostrar fileiras de tendas quadradas
brancas sendo erguidas em Khan Younis, cidade a cerca de 5 km de Rafah. A
Reuters não pôde verificar a veracidade do vídeo, mas analisou imagens da
empresa de satélites Maxar Technologies, que mostravam acampamentos de barracas
em terras de Khan Younis.
Uma
fonte do governo israelense disse que o gabinete de guerra de Netanyahu
planejava se reunir nas próximas duas semanas para autorizar a retirada de
civis, que deve levar cerca de um mês.
A
autoridade de Defesa, que pediu anonimato, disse à Reuters que os militares
poderiam entrar em ação imediatamente, mas estavam aguardando o sinal verde de
Netanyahu.
Rafah,
que faz fronteira com o Egito, abriga mais de um milhão de palestinos que
fugiram da ofensiva israelense no restante de Gaza e dizem que a perspectiva de
ter de fugir mais uma vez é aterrorizante.
"Tenho
que decidir se vou sair de Rafah porque minha mãe e eu temos medo de que uma
invasão aconteça de repente e não tenhamos tempo de fugir", disse Aya, 30
anos, que está morando temporariamente na cidade com sua família em uma escola.
Segundo
ela, algumas famílias mudaram-se recentemente para um campo de refugiados na
região costeira de Al-Mawasi, mas suas barracas pegaram fogo quando projéteis
de tanques caíram nas proximidades. "Para onde vamos?"
COM
FORÇA
Israel,
que lançou sua guerra para aniquilar o Hamas após os ataques do grupo islâmico
a cidades israelenses em 7 de outubro, diz que Rafah é lar de quatro batalhões
de combate do Hamas, reforçados por milhares de combatentes em retirada, e que
precisa derrotá-los para alcançar a vitória.
"O
Hamas foi duramente atingido no setor norte. Também foi duramente atingido no
centro da Faixa. E, em breve, também será duramente atingido em Rafah",
disse à TV pública Kan o brigadeiro-general Itzik Cohen, comandante da
162ª Divisão de Israel, que opera em Gaza.
O
aliado mais próximo de Israel, Washington, no entanto, pediu que o país
deixasse de lado os planos de ataque e afirmou que Israel pode lidar com os
combatentes do Hamas por outros meios.
"Não
poderíamos apoiar uma operação terrestre em Rafah sem um plano humanitário
apropriado, crível e executável, precisamente por causa das complicações para a
entrega de assistência", disse na terça-feira, a jornalistas, David
Satterfield, enviado especial dos EUA para questões humanitárias no Oriente
Médio.
"Continuamos
as discussões com Israel sobre o que acreditamos ser formas alternativas de
lidar com um desafio que reconhecemos, que é a presença militar do Hamas em
Rafah."
O
Egito avisa que não permitirá que os habitantes de Gaza sejam empurrados
através da fronteira para seu território. O Cairo advertiu Israel contra o
avanço sobre Rafah, o que "levaria a massacres humanos em massa, perdas
(e) destruição generalizada", disse seu Serviço de Informações do Estado.
Israel
retirou a maior parte de suas tropas terrestres do sul de Gaza neste mês, mas
manteve os ataques aéreos e realizou incursões em áreas que suas tropas
abandonaram. Os esforços dos Estados Unidos, do Egito e do Catar para
intermediar um cessar-fogo prolongado a tempo de impedir um ataque a Rafah
fracassaram até o momento.
Autoridades
médicas de Gaza afirmam que mais de 34.000 pessoas foram mortas na campanha
militar de Israel, e teme-se que outros milhares de corpos estejam sob os
escombros.
O
Hamas matou 1.200 pessoas e sequestrou 253 em 7 de outubro, de acordo com os
registros israelenses. Desses reféns, 129 permanecem em Gaza, segundo
autoridades israelenses. Mais de 260 soldados israelenses foram mortos em
combates terrestres desde 20 de outubro, segundo o Exército.
H.
A. Hellyer, membro associado sênior de estudos de segurança internacional do
Royal United Services Institute, disse que espera o ataque a Rafah "mais
cedo ou mais tarde" porque Netanyahu está sob pressão para atingir seus
objetivos declarados de resgatar os reféns e matar todos os líderes do Hamas.
"A
invasão de Rafah é inevitável, devido à forma como ele tem estruturado tudo
isso", disse, alertando que não será possível que todos deixem a cidade.
Portanto, "se ele enviar os militares para Rafah, haverá muitas
baixas".
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