Foto ilustrativa
O
sistema de administração financeira do governo federal, o Siafi, usado na
execução de pagamentos, foi alvo de uma invasão no mês de abril. Há suspeita de
que os autores do ataque conseguiram emitir ordens bancárias e desviar recursos
da União. As informações são da Folha de São Paulo.
A
Polícia Federal investiga o caso e atua no rastreio dos suspeitos com apoio da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
O
Tesouro Nacional, órgão gestor do Siafi, implementou medidas adicionais de
segurança para autenticar os usuários habilitados a operar o sistema e
autorizar pagamentos.
Segundo
interlocutores que auxiliam nas investigações, o sistema de autenticação de
usuários sofreu um ataque, e gestores habilitados para fazer movimentações
financeiras tiveram seus acessos utilizados por terceiros sem autorização.
As
apurações indicam que os invasores conseguiram acessar o Siafi utilizando o CPF
e a senha do gov.br usada pelos gestores e ordenadores de despesas para
utilizar a plataforma de pagamentos.
A
suspeita é que os invasores coletaram os dados sem autorização via sistema de
pesca de senhas (com uso de links maliciosos, por exemplo). Uma das hipóteses é
que essa coleta se estendeu por meses até os suspeitos reunirem um volume
considerável de senhas para levar a cabo o ataque.
Outros
artifícios também podem ter sido empregados pelos invasores. A plataforma tem
um mecanismo que permite desabilitar e recriar o acesso a partir do CPF do
usuário, o que pode ter viabilizado o uso indevido do sistema.
De
acordo com as apurações preliminares, uma das tentativas de invasão se deu no
início de abril por meio do uso não autorizado de acessos pertencentes a
gestores da Câmara dos Deputados.
A
fraude foi detectada porque o CPF do gestor utilizado para tentar emitir uma
ordem bancária por meio do Pix (OB Pix) era o mesmo de quem fez a liquidação da
despesa. Nas regras de administração financeira federal, a liquidação e o
pagamento precisam ser autorizados por gestores distintos.
Além
disso, apesar da possibilidade, a Câmara não adota como procedimento a execução
de pagamentos via Pix.
Na
ocasião, outro fator que dificultou a ação dos invasores foi o fato de que a OB
Pix já estava desabilitada. Segundo os relatos, outra unidade gestora já havia
sido alvo do mesmo tipo de ataque.
Após
os episódios, o Tesouro Nacional comunicou aos gestores e ordenadores de
despesa que o acesso ao Siafi passaria a ser feito apenas por meio do
certificado digital.
Mesmo
assim, o governo detectou novas tentativas de invasão com a utilização de
certificados digitais emitidos por empresas privadas. O gestor do Siafi passou
a exigir acesso com certificado digital emitido pelo Serpro, empresa pública
federal do ramo de tecnologia.
O
Siafi já havia sido alvo de uma tentativa de invasão em 2021. Na época, o então
Ministério da Economia informou que medidas de contenção foram imediatamente
aplicadas pela Polícia Federal e que não houve danos ao sistema.
A
invasão na ocasião foi do tipo "ransomware". Nessa modalidade de
ação, dados da instituição atacada são coletados e pode haver bloqueio do
sistema. Em seguida, os criminosos fazem cobrança de uma espécie de resgate,
com pedido de pagamento que pode ser em moedas digitais.
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