Tontura é
um termo popularmente usado para definir diferentes quadros ligados à sensação
de desequilíbrio. Para a literatura médica, contudo, a tontura consiste em um
sintoma relacionado a alterações no labirinto (região interna do ouvido que é
responsável por perceber as movimentações do corpo), mas que, diferente da
vertigem, não causa sensação de falso movimento.
Muitos
chamam de tontura ainda transtornos que não são causados por alterações no
labirinto, de acordo com o otorrinolaringologista Márcio Salmito, presidente da
Academia Brasileira de Otoneurologia e membro da Associação Brasileira de
Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
Dentre
estes, o especialista destaca a sensação de quase desmaio, normalmente
associada à queda de pressão, e o desequilíbrio ao andar, geralmente
ligado a alterações motoras que podem ser causadas por doenças
neurodegenerativas, como esclerose múltipla e Parkinson.
O
que causa tontura?
Para
os casos de tontura relacionadas a alterações no labirinto, há diversas
causas possíveis, com destaque para a vertigem posicional paroxística benigna,
conhecida como VPPB.
O
quadro é caracterizado por uma movimentação errada dos elementos do labirinto
responsáveis por indicar a posição do corpo. “Isso causa a sensação de
movimento sem que haja uma movimentação e pode ser causado por pancadas na cabeça, entre outros motivos ainda
desconhecidos”, diz.
Salmito
destaca ainda que, devido à quantidade de quadros que podem ter a tontura como
sintoma, o diagnóstico exato da causa tende a demorar. Ao ser identificada,
contudo, o tratamento dos quadros mais frequentes costuma ser simples e tem
grandes chances de sucesso, de acordo com o especialista.
O
segundo motivo mais frequente por trás dos quadros de tontura, de acordo com o
otorrinolaringologista, é a migrânea vestibular. Trata-se de uma alteração
relacionada às estruturas neurológicas ligadas ao labirinto, que ocorre junto
com quadros de enxaqueca.
Um
terceiro quadro frequente que pode causar alterações no labirinto, de acordo
com o especialista, é a cinetose, responsável pela tontura relacionada
ao enjoo no carro ou barco, por exemplo. De acordo com Salmito, essa alteração
acontece em pessoas que têm um labirinto mais sensível do que o normal, o que
pode causar um desencontro entre o movimento em si e a percepção deste.
Salmito
destaca também que o envelhecimento aumenta as chances de problemas
no labirinto. “Com o passar dos anos, o funcionamento do labirinto vai perdendo
a eficácia, o que pode facilitar o surgimento de quadros relacionados à
tontura”, explica.
Ainda
de acordo com o especialista, é possível que fatores externos como o
uso de medicamentos também causem essa sensação de vertigem.
E
a labirintite?
Quando
se fala em tontura e problemas de labirinto, a labirintite é a
primeira coisa que vem à mente. Apesar disso, segundo o especialista, o termo é
usado de forma incorreta para designar genericamente todas s alterações
labirínticas. “Na verdade, a labirintite é a inflamação do labirinto causada
por alguma infecção e é um quadro bastante raro”, descreve.
Quais
os riscos da tontura?
Os
principais perigos da tontura são as quedas, especialmente para os idosos.
Estima-se que esta seja a terceira maior causa de morte entre os idosos no País
e, de acordo com o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, quatro
em cada dez idosos residentes em áreas urbanas sofrem com quedas. Salmito
destaca, contudo, que mesmo entre os jovens esse quadro merece atenção.
Quando
é preciso se preocupar?
De
acordo com o especialista, muitas vezes a tontura não é levada a sério. Segundo
ele, é fundamental buscar um médico ao sentir que a cabeça está girando
(vertigem), porque ela pode ser um indício de que há algo errado que
merece investigação.
Mesmo
que na maioria das vezes as causas da tontura não sejam graves e tenham cura,
esse quadro pode prejudicar a qualidade de vida do paciente. “Há muitos casos
em que a pessoa deixa de trabalhar ou sair devido a quadros frequentes de
tontura”, justifica.
Em
alguns casos raros, a tontura pode sinalizar algo mais grave, como câncer
de labirinto, o que reforça ainda mais a necessidade de investigação.
Fonte: Lara Castelo/Estadão
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