Uma peça com potencial para substituir o couro animal está em desenvolvimento no Brasil. O couro de origem vegetal, ou biocouro, como tem sido chamado, pode ser produzido por meio da vagem do angico. A árvore de porte mediano está presente no Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
A
descoberta foi feita pela designer brasileira Marina Belintani. “A nossa ideia
é valorizar um resíduo florestal, arrancado do chão as vagens para a produção
de um material com alto valor agregado, que no caso é o biocouro angico”,
explica. Ela conta que começou a desenvolver a técnica para transformar o
material, até então sem valor comercial, em biocouro quando retornou ao Brasil,
em 2020, após terminar seu mestrado em Londres.
“Eu
sou do interior do estado de São Paulo, uma cidade que se chama Matão, que tem
uma grande concentração da árvore angico em praças municipais — e foi aí que eu
comecei a pensar: vou investigar a vargem da árvore angico para desenvolvimento
de novos materiais”, afirma.
Belintani
argumenta que as indústrias necessitam de novos materiais com baixo impacto
ambiental. Ela relata ainda que, atualmente, é complexo e difícil desenvolver
produtos sem utilizar insumos de petróleo, já que praticamente todos os
materiais disponíveis no mercado são constituídos, em algum grau, de insumos
derivados do combustível fóssil.
“Acabei
desenvolvendo uma técnica de produção de um material que parece couro, porém
ele é feito à base de plantas e uma das plantas que é utilizada na formulação é
a vargem da árvore angico, uma espécie nativa da América do Sul, encontrada em
praticamente todos os biomas brasileiros”, pontua.
Sem
ter conhecimentos na área de negócios, Marina apresentou as criações à
empresária e financista Rachel Maranhão. Em 2022, a dupla fundou a Mabe Bio – empresa
de biotecnologia que converte plantas em novos materiais biodegradáveis, livres
de plásticos e produtos tóxicos.
Atualmente,
o projeto recebe financiamentos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação
Industrial (Embrapii), do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Cetiqt) e do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
O
processo de produção vai ao encontro do conceito da bioeconomia e da economia
circular, que integram a missão “Descarbonização” proposta pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI) no Plano
de Retomada da Indústria.
Bioeconomia
De
acordo com a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), o setor de
biotecnologia industrial — um dos segmentos da bioeconomia
— pode agregar, nos próximos 20 anos, aproximadamente US$ 53 bilhões
anuais à economia brasileira e cerca de 217 mil novos postos de trabalhos
qualificados. Para isso, as empresas do setor precisariam investir
aproximadamente US$ 132 bilhões ao longo do período.
O
biocouro de angico também está alinhado com o movimento para reduzir o uso
de animais na indústria têxtil. No caso do couro, a criação de gado representa
um grande impacto ecológico. Além das emissões de gases dos próprios animais, a
pecuária bovina em larga escala, muitas vezes, está associada às queimadas e
desmatamentos, além da alta demanda de recursos hídricos.
Fonte: Brasil 61
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